11 de outubro, Dia Nacional de Prevenção da Obesidade: Especialistas explicam como tratar a doença entre as crianças

Roberta Manreza Publicado em 11/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h01

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11 de outubro de 2017


Por Carolina da Cruz Marques, nutricionista

Em 1999, o Governo Federal instituiu a data de 11 de outubro como o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Uma das grandes preocupações do país é a obesidade infantil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente uma em cada três crianças no Brasil está acima do peso ideal para a idade e altura. “Existem diversas causas que levam ao sobrepeso infantil, como maus hábitos alimentares, sedentarismo, influências de familiares e colegas de escola, além de alimentos industrializados que são de fácil preparo e os fast foods”, alerta a nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Carolina da Cruz Marques.

Conforme a profissional, a obesidade infantil é causada pela combinação de fatores genéticos, má alimentação e sedentarismo. Também doenças hormonais e uso de medicamentos com corticoide podem aumentar o peso da criança. “Para reverter essa condição, é importante o incentivo dos pais que também devem ter uma alimentação saudável. Os pais são os exemplos que as crianças geralmente seguem, por isso precisam deixar de lado os alimentos industrializados e consumir mais alimentos naturais, com menos sal, gordura e açúcares”, aconselha. Outros hábitos que podem ser influenciados pelos pais são as atividades físicas. O ideal é que se evite passar muitas horas na frente da TV e computador, optando por brincadeiras que gastem calorias, como pular corda, pega-pega, entre outras.

A nutricionista explica ainda que as crianças tem o paladar diferente dos adultos, tendo normalmente preferência por doces. No entanto, alguns estudos mostram que o paladar é formado de acordo com o hábito alimentar da família, da região em que vivem e condições financeiras. “Não é tarefa fácil introduzir novos alimentos na dieta habitual, porém com insistência e criatividade é possível. Não precisa proibir os doces, mas fazer com que a criança entenda que deve ser consumido moderadamente e numa dieta equilibrada”.

A obesidade tem cura, mas precisa ser tratada. “Alguns casos mais radicais, se não tratados na infância com dieta e exercício físico, poderá na fase adulta ser necessário procedimentos cirúrgicos em que se diminui o tamanho do estômago para perder peso”, adverte.

Obesidade Infantil x Bullying

A obesidade infantil pode estar associada a distúrbios psicológicos, como a ansiedade, depressão, estresse, situações de traumas significativos, entre outros. “Quando a criança apresenta obesidade, situações de discriminação podem ocorrer, fazendo com que se sintam cobradas por elas mesmas ou pelos pais, afetando sua maneira de se relacionar e sociabilizar. Esse possível isolamento pode ser uma via para que a criança projete suas angústias ainda mais na alimentação incorreta, gerando dificuldades com o peso e contribuindo para o surgimento de patologias no âmbito emocional”, explica a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Melo.

A especialista ressalta que os pais precisam ter sensibilidade para perceber alterações emocionais na criança acima do peso, que podem ser consequência de bullying. “Os principais sinais são tristeza, evitar frequentar locais em que passa por essa situação, auto cobrança, auto depreciação, entre outros sintomas. Ao identifica-los, os pais e a escola precisam trabalhar juntos no fortalecimento dessa criança para enfrentar o problema, bem como orientar os outros alunos sobre respeitar as diferenças”. Também a criança que provoca o bullying pode estar fragilizada de certa maneira e um acolhimento emocional pode ser necessário.

Portanto, para tratar a obesidade infantil, além de acompanhamento médico e nutricional, é necessário cuidar da mente. “Devemos tentar compreender se há algum transtorno emocional presente na vida dessa criança e contribuindo para a obesidade, o que pode ser feito por meio da psicoterapia, do autoconhecimento e das reflexões geradas”, finaliza a psicóloga.




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