Prematuridade deve ser tratada como um grave problema de saúde pública no mundo.
Roberta Manreza Publicado em 24/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h06
Mortalidade e os impactos na qualidade de vida do recém-nascido prematuro
Dia 30 de novembro tem Webconferência Novembro Roxo, às 9h.
Novembro é considerado o mês de conscientização sobre a prematuridade. O Brasil ocupa a décima posição dos países com o maior número de prematuridade, ainda segundo a OMS são 279 mil partos pré-termos por ano no país. (OMS, 2014). Dados da pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento” mostram que a atual taxa revisada de prematuridade no Brasil é de 11,7%. A Pramaturiade se apresenta como uma questão de Sáude Pública, com impactos relevantes para a sociedade. Pensando nisso, a Área Técnica da Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo realizará Webconferência Novembro Roxo – Prematuridade: uma questão para a sociedade. O evento será no dia 30 de novembro, segunda-feira, das 9h às 12h, em formato on-line, com transmissão ao vivo pelo YouTube.
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Prematuridade: uma questão para a sociedade
No mês de novembro em que diversos canais de comunicação fazem alusão ao Novembro Azul, também é merecido o destaque para mais uma cor: a Roxa. O mês de Novembro também é referência para a campanha de conscientização sobre a Prematuridade, sendo reconhecido como Novembro Roxo. E o dia 17 de novembro é o Dia Mundial da Prematuridade.
A data é celebrada anualmente e foi criada pela European Foundation for the Care of Newborn Infants -EFCNI e associações parceiras europeias em 2008. A cor roxa foi escolhida porque simboliza a sensibilidade e a excepcionalidade, características que podem ser destacadas nos recém-nascidos prematuros.
Mas o que é a Prematuridade? A prematuridade pode ser definida como o nascimento de um feto antes da mulher completar as 37 semanas de gestação. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) um bebê em cada dez nascidos vivos nasce prematuramente e a cada ano cerca de 15 milhões de bebês prematuros chegam ao mundo, uma média de 10% do total de nascimentos, sendo a prematuridade uma potencial causa de mortes em crianças menores de 5 anos, cerca de 1 milhão de mortes contabilizadas anualmente. No Brasil, no ano de 2018, segundo dados do Ministério da Saúde/DATASUS, mais de 323 mil crianças nasceram prematuras.
A prematuridade não é uma questão preocupante somente pelos índices de mortalidade associado, mas também pelo impacto ocasionado na qualidade de vida dos recém-nascidos que a esta condição sobrevivem. O nascimento precoce ocasiona, em muitas das vezes, a internação da criança, sendo inevitável permanências prolongadas dos recém-nascidos em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). O período de internação pode variar conforme as semanas de nascimento, peso do neonato e suas condições ao nascer, mas em média calcula-se 50 dias de internação para um bebê prematuro. Os avanços na saúde, com recursos humanos e tecnologias de ponta possibilitam a sobrevida de bebês que nascem com extremo baixo peso, inferior a 1.000 g., contudo, os efeitos do nascimento prematuro podem trazer graves sequelas e grande sofrimento, tanto para o bebê quanto para a sua família. Problemas como atrasos no desenvolvimento cognitivo e neurológico, distúrbios respiratórios prolongados e alterações de visão e audição, representam algumas das dificuldades que podem acompanhar a criança que nasceu prematura ao longo de sua vida. Tal condição também provoca impactos negativos na família, gerando sentimentos de perda do filho perfeito e de angústia pelo futuro incerto, além de uma rotina estressante, de muitas idas e vindas à atendimentos médicos e outros acompanhamentos especializados.
Ainda pensando nos impactos da internação de um bebê prematuro, se considerarmos a fragilidade dos recém-nascidos prematuros e a complexidade dos tratamentos que estes pequenos pacientes vão requerer durante a internação, como equipamentos, medicamentos caros, exames e procedimentos de alta especificidade, o custo diário de um bebê prematuro internado torna-se elevado, gerando um impacto financeiro considerável tanto para o sistema de saúde pública quanto para os serviços da rede privada. Tal impacto relaciona-se intimamente com os custos aplicados para a sociedade como um todo.
Assim, pela possibilidade de repercussões a longo prazo para a criança e sua família, consequente alto custo da assistência dispensada a estas crianças, refletindo na sociedade, devemos pensar no Dia Mundial da Prematuridade como uma estratégia de fortalecimento das ações para o enfrentamento da prematuridade, devendo a questão ser tratada como um grave problema de saúde pública a nível global.
Por Daniela Dia Chead,
Enfermeira Intensivista neonatal e pediátrica
Especialista em Saúde da Criança