7 alternativas para proteger seus filhos enquanto a regulação da publicidade não vem

Roberta Manreza Publicado em 29/11/2015, às 00h00 - Atualizado em 30/11/2015, às 07h59

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29 de novembro de 2015


O Projeto de Lei 5921/01 troca de gavetas desde 2001. Neste tempo todo, quem nasceu junto com a proposta, hoje já está no ensino médio e perdeu a oportunidade de ser protegidos dos assédios dos anunciantes. Novas crianças nasceram, suas mães, seus pais e seus professores buscam informações e alternativas para proteger seus filhos enquanto os anunciantes não se comportam e/ou enquanto a tal regulação não vem.

Sim, já tem lei, tem resolução, tem estatuto, tem norma, tem até constituição, mas enquanto os anunciantes fingem que todo este marco legal que proíbe a publicidade infantil no Brasil não existe, o que nós, mães, pais, educadores, cuidadores podemos fazer?

Vamos contar aqui o que fazemos para proteger nossos filhos das presas da publicidade infantil:

Além de tudo o que fazemos aqui na internet – reclamar, denunciar, mandar carta para deputado – e na vida cotidiana de ativista – palestrar em escolas, mediar rodas de pais, pedindo pressa e qualidade nesta tramitação, também temos que proteger nossos filhos daquilo que consideramos prejudicial: com o andar da carruagem parlamentar, talvez nossos netos sejam crianças tratadas com respeito por emissoras e anunciantes. Então temos que cuidar do aqui e do agora dos nossos filhos: nem pensar deixá-los diante de uma televisão qualquer.

Escolhemos mostrar a vocês sete alternativas:

1. Fugir para o meio do mato: são poucos os que podem, querem ou têm coragem para romper com o meio urbano e com a forma de vida com que foi acostumado. Sem dúvida, é uma radical que pode ser muito benéfica para as crianças. E mesmo que depois de um tempo, a família volte para cidade, os valores de uma maneira de viver alternativas permanece – conheça a história inspiradora desta família.

2. Não ter aparelho de TV – e outras telas – em casa: esta é também uma medida bem radical para quem acredita que conteúdos audiovisuais, além das publicidades, não trazem benefício para as crianças. Esta é uma medida que exige captação de informações para proporcionar atividades alternativas para as crianças, boa disciplina e planejamento para estar disponível para brincadeiras e papos, ou ter quem esteja. Esta medida tão válida e difícil de sustentar quanto menores são as crianças.

A seguir, dicas válidas para crianças a partir dos dois anos. Até esta idade – bebês – entendemos que a exposição a telas é prejudicial ao seu desenvolvimento. Vejam bem: mesmo as produções elaboradas para esta faixa etária não são 100% confiáveis – existem estudos que concluem que até os dois anos existem prejuízos para bebês expostos a telas.

No entanto entendemos que algumas famílias têm a necessidade de entreter os bebês por alguns minutos para viabilizar alguns cuidados domésticos. Quando é o caso, toda atenção com o tempo é pouca. Veja no final do texto uma série de textos com dicas para entreter bebês por faixa etária fugindo das telas.

3. TV Pública: sintonizar bem o canal da tv pública pode ser um desafio. Gratuita, muitos estados exibem em suas emissoras estatais os programas infantis da TV Brasil, que não exibem publicidade mercadológica nos intervalos e são adequados e atraentes para crianças pequenas que não ligam para a repetição.

4. Coleção de DVDs: na internet existem boas listas de filmes e seriados infantis adequados até para crianças menores. Existem até boas produções musicais com recursos audiovisuais para bebês que devem ser bem dosadas em tempo de exposição e qualidade como falamos acima. As produções audiovisuais podem ser além de divertidas, tema para conversas entre pais e filhos: felizmente tem muita coisa boa sendo produzida. Por favor, ponha sugestões fora do eixo galinha pintadinha – disney aqui nos comentários.

5. Canais na TV fechada que não exibam propaganda: se este canal não existe devia existir, afinal paga-se uma mensalidade cara e isso devia significar a sustentabilidade de algum canal que respeitasse a infância. A inexistência de um canal isento de chorume mercadólogico é motivo suficiente para boicotar os serviços de TV por assinatura – inclusive registrando reclamações junto ao seus SAC e explicitando este motivo quando do cancelamento do serviço.

6. Serviços de TV por Stream: não quero falar em marcas, mas acho que este é um serviço que está tendo cada vez maior adesão no Brasil e no mundo. E é a melhor alternativa para quem gosta de televisão, pelo preço, pela qualidade e variedade do conteúdo disponível, pela liberdade de assistir o que quer na hora que quer e pela ausência de publicidade. Basta entrar na web, escolher um prestador de serviço e pagar a assinatura mensal. O líder deste mercado dá um mês de amostra grátis.

7. Desenhos na internet: quem não quer pagar pelo serviço de stream, pode selecionar boas produções gratuitas na internet e oferecê-las aos filhos, aqui é preciso cuidado porque muitas vezes os vídeos são precedidos por publicidades que podem ser inadequadas à idade da criança.

Estas duas últimas dicas são extremamente fáceis de viabilizar quando já se tem um aparelho de televisão com acesso a internet. Para quem ainda não tem, vale fazer a conta e trocar a mensalidade da TV fechada (satélite ou cabo) pela prestação do novo aparelho. Existem também apretrechos que transformam permitem que alguns televisores sem internet, captem o wifi.

Se nada disso for viável, pode-se assistir em computadores, tablets e celulares. Mas cuidado: o tamanho da tela doméstica é inversamente proporcional à imersão do sujeito na experiência. Assim quanto menor e mais individual for a tela, maior a alienação ao ambiente ao redor e a fixação da criança no conteúdo. Já reparou que temos mais facilidade de abstrair o ambiente quando estamos no celular do que quando estamos diante de uma televisão de tamanho tradicional?

E você, o que anda fazendo enquanto a regulação não vem? Agora que você já sabe o que fazemos para proteger nossos filhos, conte o que você faz para proteger os seus. Queremos juntar dicas para driblar a falta de regulação.

Lembrando que proteger os próprios filhos é também uma forma de mandar uma mensagem para os anunciantes e emissoras, uma vez que cada “não” que a gente dá para quem não respeita a infância é uma graninha a menos nos balanços de certas empresas. E cada vez que a gente compartilha estas alternativas é uma inspiração para juntar mais gente nesta corrente.

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