Diretora da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal fala da necessidade de retorno das atividades presenciais em creches e pré-escolas, desde que cumprindo protocolos sanitários
Mariana Kotscho e Roberta Manreza* Publicado em 15/01/2021, às 00h00
A reabertura das escolas tem causado muita polêmica. Entre pais, mães, educadores e profissionais de saúde. Por um lado a necessidade de as crianças retomarem as atividades presenciais, por outro a preocupação com a pandemia e o ainda elevado número de casos.
Pensando na situação específica da primeira infância, da educação infantil que inclui creches e pré-escolas, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal elaborou um protocolo de retomada das atividades presenciais, que pode ser adaptado de acordo com cada município. O estudo inclui também uma ferramenta, chamada de planilha inteligente, para que escolas, tanto públicas quanto particulares, façam um levantamento de custos para as adaptações sanitárias.
De acordo com Heloisa Oliveira, economista e diretora de assuntos institucionais da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, é preciso um planejamento com antecedência para um retorno com segurança: “Não sabemos quando vai ser, mas o planejamento precisa estar pronto”.
Heloisa também fala da importância da escola para as crianças pequenas e dos cuidados necessários em razão da pandemia de covid-19. A importância de os municípios valorizarem a primeira infância, de incluírem o tema nos planos de governo.
Em creches, principalmente, a relação dos educadores acaba sendo mais física, por isso é necessário um protocolo específico. Os profissionais precisam trocar fraldas, carregar no colo, o contato é inevitável. Heloisa destaca que não é “retornar a qualquer custo” e que o indicado, no início, seria retornar apenas as crianças com mais de um ano.
O Fundeb, que financia a educação, não tem previstos gastos com esses protocolos sanitários, então os investimentos, no caso de escolas públicas, precisa ser dos municípios.
As crianças pequenas não têm aulas, mas sim atividades, então fica impossível o ensino à distância. A saída foi orientar pais e mães para fazerem atividades em casa com a crianças e a Fundação Maria Cecília também desenvolveu um guia para ajudar as famílias neste sentido.
Famílias mais vulneráveis e com renda familiar mais baixa são as mais afetadas com o fechamento de creches, já que vivem em moradias menores e têm menor rede de apoio para os cuidados com as crianças. Além disso, famílias mais pobres têm menos oportunidades de trabalhar em casa (home office). “A escola é essencial para as famílias, para uma sociedade”, diz Heloisa Oliveira, “mas não quer dizer que, por isso, as escolas devem voltar de uma hora pra outra com todas as atividades presenciais normais. É preciso preparar escolas com protocolos”. E Heloisa completa: “Não ouvimos dizer que profissionais de educação precisam ser prioritários na vacinação. Isso é um ponto extremamente importante”.
O profissional da educação também precisa estar protegido. Em todo o Brasil, de acordo com levantamento da Fundação, poucos municípios de prepararam até agora para o retorno. E a Fundação disponibiliza material para os municípios também na plataforma primeira infância primeiro.
*Mariana Kotscho e Roberta Manreza são repórteres do Papo de Mãe
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