23 de maio de 2011
Vaidade Infantil: um perigo à saúde dos pequenos ou um exercício saudável ao desenvolvimento das crianças?Por Larissa Fonseca*Quem nunca se deparou com uma pequena menina tentando se equilibrar nos saltos da mãe e com o rosto todo borrado de maquiagem sentindo-se a “princesa” mais bela de todos os tempos. Ou então um menino se olhando no espelho checando se seus músculos então iguais aos do pai e enchendo seu rosto com pasta de dente dizendo que está “fazendo a barba” para deixar o rosto lisinho?Esses são apenas exemplos de algumas das situações que mostram interesses naturais das crianças em imitar e “experimentar o universo adulto”. Apesar de muitas discussões a respeito da vaidade infantil, é fato que ela é útil e saudável. O perigo está no exagero!Maquiagem e acessórios são parte do universo das crianças, assim como a boneca (como sua bebê), os carrinhos, o relógio, e todos os itens lúdicos que representam o universo no qual as crianças vivem e permitem que ela explore situações da vida adulta, sem realmente estarem nessa fase da vida. Assim, para entender melhor e diferenciar as situações em que a vaidade da criança está aparecendo mais como um estímulo à sua sexualidade do que propriamente um exercício útil ao desenvolvimento, é importante atentar-se para algumas questões. Imitar adultos e procurar identificação com esse universo do qual ainda não fazem parte é uma brincadeira saudável e faz parte da infância. O problema aparece quando esse brincar construtivo dá lugar a um culto à beleza e aparência que, não só limitam as vivências das crianças como também impedem que ela realize atividades fundamentais para o seu desenvolvimento físico e motor saudáveis.Se a criança para de brincar porque está preocupada em sujar ou amassar a roupa, se ela deixa de sair e se divertir para ficar se arrumando e cultuando sua aparência, se no dia a dia, suas conversas e assuntos giram em torno de sua aparência ou aparência dos outros ao invés de interessar-se por assuntos diversos principalmente os do universo infantil, se ela para de se relacionar e trata com desprezo e desrespeito àquele que julga feito, gordo ou fora de seu padrão de aceitação, se sua alimentação passa a ser mais restrita, excluindo determinados alimentos comuns à outras crianças, demonstrando demasiada preocupação com sua alimentação e as conseqüências da mesma para a sua aparência (pele, cabelo, peso, celulite, etc), está na hora de prestar atenção e intervir!Muitos pais gostam de ver seus filhos imitando-os, acha graça das filhas quererem usar saltos, maquiagens, perfume como o do pai, enfim. Mas deve existir um limite entre usar os vestidos e saltos da mamãe em uma brincadeira e só sair de casa, até mesmo para brincar usando sapatinho de salto! São inúmeros os problemas que esse tipo de preocupação e comportamento podem causar nas crianças. É comprovado que o uso de salto alto em crianças é prejudicial para formação saudável da sua estrutura óssea, podendo gerar dores e problemas de equilíbrio, postura e coluna. Usar maquiagens, esmaltes, perfumes, xampu, cremes e demais produtos de beleza adultos também não é recomendado dado que a pele da criança é mais fina e possui outras características. Assim, esses produtos inadequados podem provocar desde reações simples como irritações e alergias leves até cegueira em alguns casos mais graves. E as consequências negativas para esse exagero não param por ai. As conseqüências negativas no campo emocional também aparecem. Uma criança que cresce agindo e pensando como adulto não se sente à vontade com sua própria idade e tem dificuldades em aproveitar sua infância, se identificar com seus grupos e a descobrir o mundo pois está sempre sentindo-se em desacordo com sua idade. E a criança sofre muito com isso. E a alimentação saudável das crianças também acaba dando lugar a outro tipo de situação prejudicial à saúde dos pequenos. Muitas crianças dizem que não vão comer porque estão insatisfeitas com seu corpo e têm medo de engordar. É fundamental que elas sejam instruídas e tenham a consciência de que não é o fato de se alimentar que vai fazê-la engordar ou emagrecer, e sim o que e quanto ela ingere. Ela deve estar interessada no fato do alimento fazer bem ou mal para sua saúde e não se ele engorda ou emagrece!
E quando a vaidade infantil representa um comportamento positivo?Ser vaidoso é algo positivo quando está relacionado ao cuidado e bem estar. A vaidade da criança deve ser direcionada para o auto cuidado e isso significa mostrar a ela que o importante é manter sua higiene e cuidados com sua saúde física, mental e bem estar e não as roupas que vai usar.Afinal, de nada adianta usar roupas de marcas famosas, maquiagens e cremes caríssimos ou comprar os sapatos da moda, se não se toma banho, não cuida da higiene bucal, assiduidade das unhas, limpeza dos cabelos, cuidados com os órgãos vitais e saúde do corpo, enfim. É importante passar para as crianças valores como: não adianta ser bonita se levar uma vida fútil, de nada adianta ter um corpo esguio se a saúde está deteriorada e a cabeça está vazia e, principalmente, ser admirada pelos outros estando infeliz consigo mesma só trará insatisfação e tristeza. A criança deve ter prazer em se cuidar e não ser escrava de sua aparência para sentir-se aceita, amada e respeitada. A vaidade é algo positivo quando trata-se de uma brincadeira na qual as crianças estão apenas buscando referências de figuras femininas e masculinas de modo lúdico e inofensivo e têm limites construtivos impostos pelos pais. Com isso, ao invés de simplesmente proibir determinados comportamentos das crianças, os pais devem oferecer opções adequadas para a criança. Se a criança quiser usar uma roupa inadequada, explique o por que de sua reprovação e mostre a ela outras duas opções de roupas lindas e apropriadas para que ela ainda sinta-se com liberdade para escolher, porém diante de uma adequação que os pais julgam correta, elogiando muito a criança para que ela sinta-se bem e valorizada.
E qual o papel dos pais nesse processo?Os pais são os responsáveis pela integridade da criança e devem ter firmeza com amor e respeito para instruí-la, guiá-la e educá-la. Fique atento para não exagerar reprimindo as manifestações de feminilidade ou masculinidade, fazendo com que a criança sinta-se culpada por cultivar qualquer hábito ligado à vaidade. Lembre-se de que cultivar a saúde é positivo e deve ser incentivado nas crianças! Como primeiras referências de uma criança, os pais devem dar o exemplo e ficar atentos com exageros em relação à sua própria vaidade.Procure diferenciar uma brincadeira de faz de conta como vestir-se como os pais em casa e querer sair de casa para ir aos lugares todos os dias sempre impecavelmente arrumado. A criança deve brincar de ser adulto e não viver como um! Observe atentamente e diariamente o comportamento de seus filhos, sempre dialogando, intervindo quando julgar relevante e mostrando quais são as coisas mais importantes que devem valorizar, como a saúde ao invés da beleza física e a aceitação de como são.A vaidade excessiva na infância contribui para que as crianças deixem de viver etapas fundamentais de seu desenvolvimento e crescimento comprometendo aspectos sociais, emocionais, físicos e escolares. Os maiores prejuízos são causados pela limitação ou ausência das vivências infantis, das brincadeiras e atividades que explorem seu desenvolvimento psicomotor, como correr, pular, subir em árvores, andar de bicicleta, mexer com tinta, se sujar, enfim.Assim, valorizar e criar tempos e espaços para as crianças serem crianças é proporcionar uma educação saudável e construtiva para formar um adulto seguro, feliz, crítico e saudável.
*Larissa Fonseca é pedagoga, pós-graduada em Educação Infantil e Psicopedagogia, especialista no Universo do Brincar pelo Centro de Estudos Filosóficos Palas Athena e em Psicanálise e Educação pelo Instituto de Psicologia da USP. Participou como especialista convidada do programa Papo de Mãe sobre VAIDADE INFANTIL exibido em 22.05.2011. Contato e informações: http://www.larissafonseca.com.br/.***DICA DE HOJEReuniões do Grupo MadreSerA gravidez, embora seja um fenômeno natural e comum em nossa sociedade, ainda é vivenciada com muitas dúvidas. Mesmo que programada e desejada, quando confirmada, gera insegurança, medo e ansiedade.
Pensando em auxiliar a mulher a vivenciar da maneira mais positiva esse período, foi criado em Sumaré o Grupo MadreSer!
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