A colunista Stella Azulay fala sobre o momento em que os filhos começam a crescer e é necessário conciliar a carreira e as demandas como mãe
Maria Cunha* Publicado em 24/09/2021, às 16h19
Stella Azulay, diretora da escola de pais e adolescentes XD, fala do período em que os filhos começam a crescer e, de repente, percebemos que isso acontece bem rápido. É nesse momento que demandas externas começam a surgir, como escola e atividades extracurriculares. Assim, é preciso saber como conciliar e participar de tudo isso, sendo que as mães têm que trabalhar.
De acordo com Stella Azulay, não importa se você está concentrada e fazendo o seu trabalho com toda atenção e dedicação do mundo: se, ao tocar, de repente, o seu telefone e você vir que é o número da escola do seu filho, você certamente entra em pânico.
Outro dia eu estava fazendo uma apresentação para uma empresa, falando exatamente sobre essa questão e começou a tocar o telefone da escola do meu filho, uma ligação, duas, três, quatro, cinco e eu só olhando. Eu já tinha perdido toda a apresentação, estava falando no automático e falei: gente, me desculpa! Não é pegadinha, realmente estão ligando da escola do meu filho e eu preciso atender”, conta Stella.
Por isso, a diretora da escola de pais e adolescentes XD explica que é necessário ter uma estrutura emocional bem firme, forte e segura, e entender que as mães têm que administrar tudo isso com muita responsabilidade, sentindo que priorizam o que precisa ser prioridade. Isso se aplica tanto ao ambiente de trabalho e à carreira, quanto à educação dos filhos, porque muitas vezes a balança vai pesando mais de um lado do que do outro.
Stella Azulay reflete que existe uma cobrança dos pais quererem oferecer tudo de melhor aos filhos, então, na infância, vão querer colocá-los numa atividade extracurricular ou fazer com que passem mais tempo na escola.
Se por um lado isso é positivo, também dificulta com que a mãe tenha domínio e conhecimento do que seu filho está vivendo, já que é um momento em que ele está descobrindo amizades, aprendendo e também descobrindo coisas que ele vai querer tirar dúvidas com a mãe.
"Nesse momento é muito importante se organizar, eu costumo sempre fazer uma lista dos meus afazeres, tanto do trabalho, quanto em relação à casa, família, meus filhos, naquela semana, dia a dia".
Outro ponto é a necessidade de se organizar mentalmente e emocionalmente, reconhecer as prioridades dentro do trabalho, as tarefas e responsabilidades. Mas, como a colunista reforça, existem demandas que são urgentes, dentro da educação dos filhos, por exemplo, existem situações inadiáveis.
"O filho se machucou na escola, tocou o telefone, você vai largar tudo e você vai sair correndo, porque você não vai conseguir produzir, a sua produtividade vai cair e você vai ficar em um conflito muito grande, a culpa surge e é destruidora, ela causa uma devastação em nós mães, a gente não sabe pra onde correr. Mas, existe um momento em que seu filho vem te pedir uma ajuda pra lição de casa: 'Sim, filho, eu vou te ajudar nessa lição, mas daqui a pouquinho, porque estou terminando algo pro trabalho'."
Com isso, Stella reforça a importância de ter um autocontrole muito grande e, de novo, lembra que a fase do zero aos oito anos, chamada de período crítico, é uma fase em que os neurônios estão borbulhando na mente das crianças e em que boa parte da formação de caráter delas acontece.
A colunista do Papo de Mãe ainda dá detalhes sobre a necessidade da mãe ter conhecimento da fase em que os filhos estão, o que inclui saber como ajudar e potencializar os filhos em suas vidas escolares, ajudá-los a desenvolver empatia, habilidades socioemocionais, espírito colaborativo e, principalmente, as mães devem compreender como se comunicar com as próprias crianças, que precisam entender que elas(as mães) têm que trabalhar.
Assim, Stella Azulay explica que é essencial que as mães tenham uma conversa madura com os filhos, falando para eles, por exemplo, que precisam trabalhar, que até gostariam de passar mais tempo eles, mas que precisam do trabalho e gostam de trabalhar. Além disso, é importante contar aos filhos que, um dia, eles também irão trabalhar, ganhar dinheiro e escolher uma profissão.
“Mostrar para aquele filho que isso é a vida, que isso faz parte da vida, e vai ter dia que você vai chegar mais cansada e vai falar: Filhinho, hoje a mamãe está muito cansada, hoje a mamãe passou um dia muito tenso no trabalho. E, assim, conseguir criar esse ambiente de troca: Como foi seu dia na escola? Quem é a sua melhor amiga? Quem é seu melhor amiguinho? Qual professor você gosta mais? Qual matéria você está sentindo mais dificuldade?”
Outra questão que Stella pontua é a relevância de ter um tempo de qualidade. No momento em que você está disponível pro seu filho, esteja por inteiro e não pela metade. Da mesma forma, no momento em que você estiver trabalhando e seu filho tiver em alguma outra atividade, esteja por inteiro no seu trabalho. É isso que vai conseguir trazer essa sensação de estar no controle, porque muitas coisas fogem do nosso domínio, também dependemos do universo e das outras pessoas.
É tendo uma visão um pouco mais organizada de tudo e entendendo também que as mães precisam de um tempinho para si mesmas, incluindo nisso o lazer, o relacionamento conjugal e social, que a culpa é reduzida.
A diretora da escola de pais e adolescentes XD finaliza ao dizer que nós temos que conseguir equilibrar vários pratos para que a gente se sinta bem, pois o nosso bem-estar é o bem-estar dos nossos filhos e das pessoas que trabalham conosco, e esse autocuidado é essencial.
“Então, não se sinta perdendo a melhor fase do seus filhos, se sinta um exemplo pra eles de que a vida é assim, de que a vida é um equilíbrio de pratos e que amanhã eles vão ter a capacidade que você teve de conseguir construir uma história de vida”, conclui a colunista Stella Azulay.
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe
Instagram: @papodemaeoficial l Twitter: @papodemae l Facebook
Animais de estimação e crianças: uma relação de afeto e aprendizado
Licença-maternidade e a volta ao trabalho
A descoberta da gravidez
O preconceito com filhos de pais separados
E quando pais separados falam mal um do outro para os filhos?