Numa época tão difícil acaba saltando à vista aquilo que é essencial.
Roberta Manreza Publicado em 25/12/2020, às 00h00 - Atualizado às 15h34
Foco no que traz felicidade, o resto, o resto é enfeite.
Por Vinicius Campos*
Depois de um ano estranho, triste, cheio de medo, de incertezas, sem escola, sem amigos, sem passeios, nem cinema, nem teatro, chegou o Natal.
Vi um meme que dizia: “o que você perdeu nesse ano?” O “perdeu” estava rabiscado e no lugar a palavra “aprendeu”.
Que mania chata de ser positivo e tentar encontrar lição pra tudo.
Confesso que por um instante pensei isso.
Mas depois comecei a tentar entender os últimos meses e acho que eles foram perfeitos pra gente fazer uma pergunta: é preciso?
Numa época tão difícil acaba saltando à vista aquilo que é essencial.
Pandemia.
Precisamos de ceia de Natal?
De presente?
De grandes festas?
Precisamos de amor e companhia?
Precisamos de restaurantes?
Precisamos de natureza?
O que realmente precisamos?
O que somente queremos porque todos têm ou mostram ter?
Acho que fazer essa pergunta nos ajuda muito a encontrar aquilo que realmente nos faz feliz, e não perder tempo lutando por coisas que não precisamos de verdade.
Numa época de aparências, onde conta a melhor foto no insta, onde as pessoas exibem suas férias mágicas, os famosos se gabam pela piscina monstruosa que compraram com o “esforço de seu trabalho”, numa época onde filtros nos deixam lindos e uma boa luz transforma tudo, saber o que precisamos pode nos salvar da depressão e da sensação de vazio.
Nunca gostei de Natal. Acho que ano após ano a festa perde mais seu sentido e investimos em ceias incríveis, roupas caras, e presentes ostentosos. E nos esquecemos do que precisamos para ser felizes.
Talvez o que aprendi nesse ano é me focar no que realmente importa, naquilo que de verdade me traz felicidade, e entender que o resto, o resto é enfeite. Quando acaba a festa, a gente guarda na caixa, e fica lá, juntando pó até dezembro do ano seguinte.
Espero que teu Natal tenha sido justo com aquilo e aqueles que você precisa, e que no ano que vem, nem você, nem eu, nem ninguém sejamos escravos dos enfeites.