Roberta Manreza Publicado em 22/03/2015, às 00h00 - Atualizado às 18h28
Por Sociedade Brasileira de Pediatria
A sensação de conforto acalma a criança, que passa a relacionar a sucção com um estado de segurança e aconchego. O hábito pode durar certo tempo, e os problemas só aparecem quando este gesto se torna frequente e se estende para além do primeiro ano de idade.
Quando chupar o dedo se torna uma mania, um gesto automático, pode-se substituir o dedo por outra forma de conforto emocional, dependendo da dinâmica familiar e das preferências da criança. Já nos casos de um comportamento ansioso, antes de retirar o hábito de chupar o dedo, deve-se diagnosticar e solucionar a causa da ansiedade.
Chupar o dedo pode ser sintoma de dificuldade para enfrentar uma situação nova. É comum, por exemplo, que uma criança que não chupava mais o dedo, retome o gesto com o nascimento de um irmão. A criança maior, que ainda chupa o dedo, também pode ser excluída do grupo pelo comportamento infantilizado, já que o gesto de chupar o dedo pode ser caracterizado como uma “atitude de bebês”.
QUANDO PARAR
Não existe uma idade certa para a criança parar de chupar o dedo, mas o ideal é que persista apenas até o primeiro ano de vida. Quando vai muito além desta idade, pode provocar atrasos e alterações de fala, atraso do desenvolvimento e amadurecimento da mastigação e deglutição e de posição dos lábios, causando respiração oral ou mista, e até mesmo problemas na aceitação de determinados alimentos. Neste caso, é necessário o auxílio de psicólogo, fonoaudiólogo e dentista.
Para os dentistas, o período de sucção não nutritiva é tolerado até os 4 anos de idade, quando é possível constatar má oclusões (desvio do fechamento normal da boca). A má oclusão pode interferir nas funções de respiração, deglutição, mastigação e fala, casos em que a fonoaudióloga poderá intervir.
Os fonoaudiólogos dizem que a dedicação dos pais e cuidadores é fundamental para a criança parar de chupar o dedo. Normalmente, são recomendadas manobras para fazer em casa, como envolver o dedo com materiais como fita adesiva, fita crepe, ou esparadrapo/micropore; desenhar personagens na pontinha do dedo ou na unha da criança; nas meninas apelar para a vaidade, pintando as unhas. É possível também substituir o dedo por outro objeto, mas nunca utilizar métodos agressivos e inócuos como passar pimenta no dedo, ou outras substâncias de sabores odiosos.
QUEM PODE AJUDAR
Chupar o dedo pode ser um elemento de transição, da sucção para mastigação. O trabalho na terapia fonoaudiológica envolve a conscientização da criança e a mudança de posturas e formas de respirar, mastigar, deglutir e falar.
O tempo do tratamento depende de cada criança e do seu núcleo familiar, e também do diagnóstico que estabeleça o possível motivo do hábito. Em casos que envolvam o emocional, é importante contar também com um psicólogo que poderá trabalhar simultaneamente com os demais profissionais. Inclusive com um ortodontista, caso a criança já esteja com problemas no posicionamento das arcadas dentárias.
Caso seu filho tenha mais de um ano e dificuldades para deixar de chupar o dedo, é importante procurar seu pediatra para fazer uma análise de todo quadro emocional e familiar e receber as orientações e, se necessário, ele irá acionar uma equipe multidisciplinar.
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