O poder terapêutico na vida das pessoas com deficiências traz para mim um conforto e um novo olhar para o mundo da inclusão que sempre nos surpreende
Por Thaissa Alvarenga* Publicado em 26/05/2021, às 08h00
Gostei muito de uma matéria na CNN sobre a Dona Hermínia, uma das mães mais conhecidas na dramaturgia brasileira, personagem dos filmes “Minha mãe é uma peça, protagonizado pelo ator Paulo Gustavo.
A reportagem, que falava sobre o efeito terapêutico da personagem no tratamento de crianças e adolescentes diagnosticados com a síndrome do espectro autista, me fez refletir sobre a força do legado do Paulo Gustavo e lembrar de outras experiências.
Todos nós em algum momento da vida nos identificamos ou tivemos empatia com alguém que vimos na TV, no cinema ou em uma história em quadrinhos e isso nos marcou de alguma maneira. O uso de personagens para ajudar na comunicação em terapias também é algo comum entre as famílias e profissionais que convivem com pessoas com o transtorno do espectro autista ou outras deficiências.
A diferença é que determinados personagens no mundo de crianças com deficiências trazem um suporte para conquistas diárias que se tornam as 7 maravilhas do mundo: seja um pequeno passo para alguém com alguma paralisia física, ou uma simples palavra para alguém que se comunica de forma não verbal.
Para mim, com o nascimento do Chico que tem a Trissomia do 21(síndrome de Down), um mundo novo se abriu com muito aprendizado cheio de aventuras diárias. Na convivência descobrimos os significados dos gestos, dos choros, das sílabas e das palavras. Esse aprendizado me motivou a tornar isso uma “causa” e através dela poder ajudar outras pessoas com suas inquietações.
Os personagens de desenhos animados e animações muitas vezes nos auxiliaram no entendimento de um sentimento ou uma reação.
Ana Maria Elias Braga, mãe de meninos gêmeos autistas com 26 anos, contou sobre o falecimento do ator: “Para nós foi um choque, eles sempre tiveram muita dificuldade para entender piadas, ironias, humor de um modo geral, e “Minha mãe é uma peça” foi um divisor de águas. Primeiro se identificaram comigo (a mãe) e esse humor do Paulo Gustavo, eles entendiam perfeitamente.”
Não é só o carisma como o da Dona Hermínia, que ajuda na comunicação, mas também o crescimento de personagens com PCD nas HQs, séries e filmes são o resultado de um mundo mais inclusivo onde o diferente faz parte e o diferente é bom.
A interação com o meio e com o outro de modo mais empático pode ser fruto da atitude de um super-herói ou de um apresentador de TV. Este olhar é o que nos leva à transformação do ambiente, não da deficiência. Por isso, celebramos a oportunidade de lançar as aventuras do Menino Maluquinho, de Ziraldo, com o Chico e Suas Marias. Já estamos na segunda aventura. Aproveite para garantir a sua no site da ONG Nosso Olhar.
*Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar e o portal de conteúdo Chico e suas Marias
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