A princesa Charlotte, segunda filha do príncipe William e da duquesa de Cambridge Kate Middleton, teve seu primeiro dia de aula. Aos 2 anos, ela frequentará o berçário Willcocks Nursery School, em Londres. Quais atitudes dos pais podem ajudar ou atrapalhar no desempenho das crianças na escola?
Roberta Manreza Publicado em 10/01/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h17
Por Gislene Maria Magnossão Naxara*, coordenadora pedagógica,
A princesa Charlotte, segunda filha do príncipe William e da duquesa de Cambridge Kate Middleton, teve seu primeiro dia de aula. Aos 2 anos, ela frequentará o berçário Willcocks Nursery School, em Londres.
Quais atitudes dos pais podem ajudar ou atrapalhar no desempenho das crianças na escola?
Em mais de 30 anos de atuação na área de educação percebi que os pais precisam ser parceiros da escola, para que a criança perceba que eles e os colégios têm as mesmas atitudes em relação à aprendizagem. Quando falamos em educação, cada família tem a sua estrutura, já a escola trabalha com o coletivo. Ou seja, cada criança vem de uma família diferente, com crenças diferentes, mas o colégio tem uma rotina específica, que traz não só as questões pedagógicas e de aprendizagem, mas também as questões de limite, e acima de tudo, de respeito. Para a fase infantil, ter uma rotina é muito importante e a escola contribui com isso. Quando a família escolhe a instituição de ensino para o filho, é necessário que ela acredite nos valores e na proposta pedagógica que ela possui, para poder validá-los. A criança tem que saber que a atitude de ambas é a mesma.
A família também precisa caminhar junto à escola, pois se ela traz algo diferente do que a escola oferece para a criança, que passa grande parte do dia dentro do colégio, acaba atrapalhando o desenvolvimento infantil. Os familiares ajudam a escola quando acredita no trabalho da escola. A criança precisa ter a certeza de que a linguagem é a mesma, em casa e na escola, assim ela sai ganhando com isso. Como coordenadora pedagógica da Educação Infantil no Colégio Salesiano Santa Teresinha, na Zona Norte de São Paulo, percebi outras atitudes importantes de pais e responsáveis que ajudam a proporcionar momentos de estudo com qualidade aos educandos que gostaria de compartilhar.
Não há necessidade de obrigar a criança a estudar após o colégio. Para ela, a aprendizagem é muito espontânea e significativa. Portanto, uma atividade muito formal numa fase inicial não se faz necessária. Vale muito mais um tempo de leitura junto à família do que horas de estudo. Porém, você rever o que seu filho aprendeu na sala de aula, sentar com ele para que ele conte o que fez na escola, isso sim ajuda, além disso, ver e acompanhar a tarefa de casa é muito importante, pois nessa fase, a tarefa que vai para casa tem o intuito de formar a rotina de estudo. É fundamental que a criança tenha um período para essas tarefas que a escola envia, pois é a escola que dosa esse tempo necessário mediante as tarefas solicitadas. Não precisa de horas e horas de atividades e estudo na infância, mesmo porque num primeiro momento ela vai se dedicar, depois não mais, será algo mecânico.
Ela deve ter uma rotina, por conta disso são enviadas tarefas de acordo com a faixa etária que trará essa rotina. Dedicar um tempo curto para que a criança possa repensar o que ela aprendeu ou o tempo da demanda da tarefa que a escola encaminhou ajuda bastante. A família auxilia essa rotina. Se todo dia a criança tem tarefa, então todo dia ela sentará para fazê-la naquele momento, longe de brinquedo, televisão e outros aparelhos ou objetos que possam distraí-la. Outro ponto que pode ajudar é reforçar a postura de estudante e, por exemplo, evitar levar a criança para passear sem antes ter o tempo da tarefa, o que acaba mostrando que a escola está em segundo plano e que outras atividades são as prioridades.
Sendo assim, o tempo de tarefa que a escola solicita deve ser respeitado, pois a criança passa a entender qual é sua responsabilidade e vai inserindo uma rotina adequada de estudo. A quantidade de horas que uma criança precisa ter de estudo fora da sala de aula deve aumentar gradativamente. Para uma criança pequena, de 4 a 5 anos, uma tarefa de 30 minutos dá conta de uma dedicação efetiva nesse momento. Conforme ela vai crescendo, o tempo vai aumentando, pois, a necessidade é outra.
Na infância, ela passa pelo processo de construção do próprio conhecimento, mas com o passar do tempo o contato será com temas mais conceituais, que necessitam de mais estudo e pesquisa, ou seja, de um período maior. E quando, mesmo pequeno, mostramos que esse tempo de estudo é importante e mostramos que não é opcional, trabalhamos a postura de estudante e isso vai aumentando gradativamente, para que essa postura seja fortalecida e para que a criança dê conta da demanda que crescerá durante a vida escolar.
*Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e 1° ano do Colégio Salesiano Santa Teresinha, Gislene Maria Magnossão Naxara atua na área de educação há 32 anos. Formada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia pela Universidade Presbiterana Mackenzie, ela também cursou especializações em didática de 1ª a 4ª série, semiótica e aprendizagem cooperativa com novas tecnologias no estilo Salesiano.