Livro infantil de Dórian Perez fala para crianças sobre fertilização in vitro e ovodoação: "Meu Jardim Arco-Iris"
Mariana Kotscho* Publicado em 28/01/2022, às 06h00
Foram dezenas de exames, 3 anos tentando engravidar, sendo duas tentativas com óvulos próprios. Assim começou a história da analista de logista Dórian Perez e do advogado Fábio Dias no plano de realizar o sonho de aumentar a família.
O casal então partiu para mais uma alternativa, a ovodoação: foram duas doadoras diferentes e quatro transferências de embrião. Só no último procedimento, que eram os últimos embriões, que finalmente essa história deu certo. O resultado final? Vitória, que está com 6 meses e enche de alegria papai e mamãe.
Dessas tentativas todas veio um outro nascimento: o do livro infantil "Meu Jardim Arco-Iris", escrito por Dorian e com ilustrações de Jenifer Yoko Takaki.
A ideia do livro veio quando estava grávida pois pensava como contar a minha filha que ela é um óvulo doado e que eu tenho muito orgulho desse processo chamado ovodoação".
A autora acredita que é a ovorecepção/ovodoação ainda é um assunto muito novo e que as pessoas ainda têm dificuldade em aceitar: "Eu mesma nunca tinha ouvido falar até entrar nesse processo de FIVs (fertilizações in vitro). Porém é uma opção maravilhosa para as mulheres que têm baixa reserva ovariana, assim como eu".
O livro conta a história de um jardim de florzinhas que querem ter mais florzinhas, mas nem todas têm boas sementes então recorrem a sementes doadas e "fertilização in vaso".
Dórian explica que normalmente a doadora tem que ter menos de 30 anos e boa saúde e que quem recebe não fica conhecendo quem doa.
"Foram 3 anos de muito crescimento pessoal, pois tive que ir desconstruindo cenários criados pela sociedade para chegar onde cheguei, além de todo um processo de autoconhecimento para entender o porquê dessa dificuldade! Me tornei uma pessoa muito melhor e pronta para receber minha filha", finaliza a mamãe da Vitória.
A ovorecepção é uma das técnicas utilizadas na fertilização in vitro (quando a fertilização acontece fora do corpo da mulher), ou bebê de proveta. A médica Ligia Santos explica que quando um casal não consegue engravidar, que é considerado infértil quando está há mais de um ano tentando a gestação sem sucesso, é indicada alguma técnica de fertilização - que pode ser mais simples ou mais avançada, dependendo do caso.
Nem sempre é possível fazer a fertilização in vitro com o óvulo da própria mulher. Isso acontece em casos, por exemplo, quando a mulher tem algum problema na produção dos óvulos por ser mais velha, ou ter baixa reserva ovariana, ou uma reserva ovariana de má qualidade ou entrou na menopausa precocemente. Os embriões acabam não sendo saudáveis ou viáveis. Isso também pode acontecer em casos de doenças genéticas. E a ovorecepção pode ser uma opção ainda para casais homoafetivos - tanto de homens quanto de mulheres.
Para realizar a ovorecepção é possível ter acesso a um banco de óvulos nacional ou internacional. Nestes casos não há contato nenhum com a doadora. Mas a doação também pode ser feita por alguma parente de até quarto grau e deve ser sempre por doação. A venda de óvulos é proibida. A cobrança de valores é feita apenas pelo procedimento e só mulheres de até 37 anos é que podem doar.
Este tipo de tratamento de fertilização é realizado pelo SUS, mas só são recebidas mulheres de até 38 anos no serviço público.
Nas clínicas particulares o preço é bem salgado, alerta a Dra. Ligia: "Por volta de 15 a 20mil reais por tentativa". Ao escolher a doadora, é possível procurar por uma mulher parecida com a que vai engravida
"A ovodoação, ou ovorecepção, é uma forma muito bacana de gerar", diz a Dra. Ligia. Para ela, é uma boa opção às alternativas frustradas para as mulheres que descobrem problemas nos óvulos. Mas é fato que, no SUS, a fila é grande e demorada.
Homens também podem ter espermatozóides doados. A idade máxima do doador deve ser de 45 anos.
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