Crianças com dificuldades alimentares são tema de encontro internacional

pmadmin Publicado em 10/05/2012, às 00h00 - Atualizado em 19/09/2014, às 19h33

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10 de maio de 2012


* Por Débora Emílio


Não raro, ouvimos as mães reclamarem sobre a alimentação de seus filhos. Hoje, é muito comum se escutar das mães “meu filho não come. Não sei o que fazer.” Mariana Kotscho, uma das apresentadoras do Papo de Mãe, é uma dessas mães. Seu filho André, de 4 anos, não come, por exemplo, frutas nem nada que as tiver; inclusive sucos naturais ele não gosta de beber.

Com essa recusa dos filhos por algum tipo de alimento, vêm junto as preocupações de mãe. Essas crianças que se sentem desconfortáveis ao experimentar alimentos de determinadas consistências, cores e sabores, que preferem comer sempre os mesmos alimentos ou chegam a cuspir e chorar diante de um alimento novo e diferente, são consideradas crianças seletivas, também conhecidas como picky eater.

No dia 29 de abril, no Rio de Janeiro (e pela primeira vez no Brasil), aconteceu o 4˚ Encontro Internacional sobre Dificuldades Alimentares, realizado pela Abbott Nutrition. O evento reúne médicos e profissionais especializados em nutrição infantil para discutirem este tema. A criança picky eater foi um dos tópicos discutidos no encontro – que contou com a participação do nutrólogo e pediatra brasileiro Mauro Fisberg. Segundo ele, a criança seletiva tem o consumo de alimentos limitado, uma dieta baseada em carboidratos e leite, aceita determinado alimento pelo seu modo de preparo, sua marca, sua apresentação e aspecto e demora mais nas refeições se comparada aos grupos sem dificuldades alimentares.

Mesmo parecendo um problema de comportamento comum e passageiro, a preocupação dos pais referente ao filho não querer comer é sempre a mesma, independentemente de diferenças sociais, culturais e econômicas de cada um. No entanto, segundo Benny Kerzner, pediatra que participou do encontro, especializado em gastroenterologia pediátrica e Presidente emérito do Departamento de Gastroenterlogia e Nutrição de Washington, “mesmo que 50% das mães estejam preocupadas com a alimentação dos filhos, somente entre 1 e 2% têm ou terão distúrbios alimentares mais graves”.


As principais causas da falta de apetite na criança são: problemas clínicos, nutricionais, comportamentais, psicológicos e ambientais.Uma afta, uma infecção de garganta ou uma estomatite são problemas clínicos, por exemplo, mas de solução mais rápida. E há os problemas orgânicos que, normalmente, levam mais tempo para serem tratados (e, às vezes, demoram para serem descobertos) o que acaba, em muitos casos, não sendo possível nos atendimento pediátricos normais, visto que as consultas tendem a ser mais rápidas.

Uma das dicas que surgiram no encontro, para tentar melhorar a dificuldade alimentar da criança, é permitir que ela tenha o controle sobre a comida, e não o contrário, permitindo que ela se lambuze com sua própria colher (os pais podem usar uma e dar outra para a criança).

Outras opções são: mudar a forma como vai oferecer o alimento que causa a chamada fobia alimentar; nunca forçando-a a nada. Tentar aproximar a criança de determinado alimento chamando-a para ajudar no preparo. Colocar a quantidade ideal no prato para a criança, não enchendo-o de comida; melhor colocar menos quantidade e esperar que a criança peça para comer mais caso não se satisfaça, pois pratos cheios tendem a assustar crianças com dificuldades de alimentação.

Para Irene Chatoor, psiquiatra especializada em distúrbios alimentares, diretora do Programa de Saúde Mental Infantil, Children’s National Medical Center, ‘pais que tentam entupir a criança de comida podem provocar ansiedade, depressão e até mesmo delinquência nos filhos’.

Além disso, os especialistas sugerem mais seis passos para ajudar a criança comer bem: os pais devem gerenciar os horários das refeições; aprender a entender os sinais de fome do filho; optar por alimentos saudáveis; identificar seu estilo de alimentação para repassá-lo ao filho; sempre oferecer novos alimentos e criar a hábito de reunir toda a família à mesa na hora das refeições.

‘Hoje, as famílias fazem suas refeições em frente à televisão e, dessa forma, as crianças não têm em quem se espelhar. As crianças precisam se sentar à mesa com os outros membros da família para observar seus pais e outros adultos comendo e espelharem isso’, ressalta Kim Milano, consultora nutricional especializada em dificuldade alimentares de lactentes e crianças pequenas, que também participou do evento promovido pela Abbott.



Alguns dos médicos que participaram do 4˚Encontro Internacional sobre Dificuldades Alimentares durante coletiva de imprensa

* Débora Emílio é jornalista e  produtora do Programa Papo de Mãe. Foi enviada ao  4˚ Encontro Internacional sobre Dificuldades Alimentares, realizado pela Abbott Nutrition, no Rio de Janeiro – RJ.


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