Roberta Manreza Publicado em 07/12/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h36
Por Prof. Dr. Mario Louzã, psiquiatra e psicanalista
Todo mundo tem seu lado criativo. Mas há pessoas que sabem usar sua criatividade de maneira mais produtiva, resultando em maior destaque no campo pessoal e profissional.
A criatividade é determinada por processos cerebrais complexos que envolvem a interação entre os dois hemisférios cerebrais (não se pensa mais em termos de “hemisfério esquerdo” lógico, realista e “hemisfério direito” criativo, intuitivo).
Praticamente, todas as áreas cerebrais estão envolvidas no processo criativo. Mais que as áreas cerebrais envolvidas, são importantes os diversos circuitos cerebrais que ligam as diversas áreas e como eles interagem para produzir tudo o que constitui a nossa mente.
Em geral, se imagina que o ato criativo surge do “nada”, como algo que “cai do céu” na mente da pessoa. Sabe-se hoje que não é bem assim: o ato criativo é o resultado final de um processo que se desenvolve desde a elaboração (consciente e inconsciente) até a realização do “estalo” criativo.
Uma pessoa altamente criativa é aquela capaz de trazer algo novo ou inusitado, que foge aos padrões habituais já conhecidos. A criatividade depende, em parte, da inteligência, das habilidades e da bagagem cultural da pessoa. No entanto, para aprofundar sua criatividade, é preciso mais do que isso. A pessoa precisa ter um objetivo em mente, um desafio, algo que faça alavancar ideias diferenciadas.
A estimulação da criatividade começa já na infância, quando se oferece a chance de desenvolver habilidades de modo amplo, diversificado, dando a liberdade de buscar novos interesses e experimentar novas atividades (desde que não haja risco significativo, claro!).
Essa “abertura” a diversas possibilidades permite que a criança tenha um desenvolvimento criativo mais amplo do que aquela que passou a infância restrita a atividades comuns, limitadas ou repetitivas. Para o adulto, desenvolver criatividade depende da ruptura de possíveis padrões rígidos de pensamento já bem estabelecidos, do desenvolvimento do interesse por outros modos de pensar e experimentar, fugindo daquilo que a pessoa já está “acostumada”. Tal desenvolvimento, muitas vezes, depende de um acompanhamento psicoterápico, uma vez que, frequentemente, a pessoa não consegue, por si mesma, fazer essa ruptura, esse movimento de liberdade.
*Prof. Dr. Mario Louzã é médico psiquiatra e psicanalista, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. (CRMSP 34330).
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