Dia internacional de luta pela saúde da mulher e Dia Mundial de combate a mortalidade materna

Roberta Manreza Publicado em 28/05/2017, às 00h00

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28 de maio de 2017


Por Dra. Marisa Patriarca*, médica ginecologista e obstetra
Uma triste estatística: cerca de 280 mil mulheres morrem, todos os anos, em decorrência de complicações no parto no mundo, segundo a Organização Mundial da saúde
Estes dados estão bem longe da meta estipulada pela ONU e fazem parte dos objetivos do desenvolvimento do milênio. No Brasil, em 2015, foram 62 casos por 100 mil nascidos vivos, dados que ainda estão longe do ideal. Ainda assim, o Brasil conseguiu avanços significativos e reduziu em 43% as mortes maternas entre 1990 e 2013. Mas ainda estamos longe. A meta brasileira para diminuir esse triste índice é chegar em 2030 a 20 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.
A mortalidade materna pode ocorrer entre o ciclo gravídico puerperal e até 8 semanas após o parto. As principais causas dos óbitos são a eclâmpsia (ocorrência grave decorrente de pressão alta durante a gestação), hemorragia pós-parto, infecções puerperais ,doenças do aparelho circulatório complicados pela gravidez e aborto clandestino. As condições sociais e econômicas da população estão intimamente relacionadas a estes desfechos trágicos.
Segundo a Dra. Marisa Patriarca, médica ginecologista e obstetra, com mais de 30 anos de carreira e professora de pós-graduação da UNIFESP, essa triste realidade decorre da atual realidade do sistema de saúde. Embora o acesso às consultas de pré-natal tenha melhorado– devem ser no mínimo seis – a qualidade do atendimento público piorou nos últimos anos.
O óbito materno é um importante indicador da deficiência da qualidade da assistência à saúde feminina e o Brasil ainda está muito aquém das metas propostas.
Medidas governamentais mais efetivas na formação de bons profissionais de saúde, bem como na promoção da saúde, principalmente para a população mais vulnerável, poderão melhorar a saúde integral da mulher e diminuir ainda mais a mortalidade materna. É imperioso a adoção de medidas preventivas com avaliação clínica e ginecológica anual, controle da obesidade, da hipertensão, do diabetes e facilitar práticas esportivas e boa alimentação.
Dra. Marisa chama a atenção de todos nesse Dia Nacional de Combate à Mortalidade Materna : “tenho certeza que esse assunto tão delicado e relevante é de responsabilidade de todos na sociedade e que devemos nos mobilizar para evitar tragédias que marcam famílias inteiras pelo resto da vida.
*Dra. Marisa Patriarca é ginecologista e obstetra. Professora de ginecologia do curso de pós-graduação da Unifesp. Tem mestrado e doutorado pela Unifesp. É médica assistente doutora e coordenadora do Setor Multidisciplinar de Pesquisa em Patologia da pele feminina do Departamento de Ginecologia da Unifesp. Chefe do Setor de Climatério do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo ( IAMSPE).



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