Roberta Manreza Publicado em 17/07/2016, às 00h00
Por Roberta Manreza*
Pelo menos na minha família é assim. Domingo é dia de almoço na casa da minha mãe. Para o meu marido, o Sandro, domingo é dia de almoço na casa da sogra, no bom sentido. Entrou para a família, não tem escapatória, é tradição. E todo mundo gosta!
É lógico que a obrigação tem lá suas exceções: viagens, aniversários e outros compromissos. Mas de um modo geral, chova ou faça sol, lá estamos nós, aos domingos, a família reunida: avó, pai, mãe, tio, tia, filho, filha, neto, neta, todos para a alegria da criançada. Os primos adoram! É um dia que eles têm a certeza que vão se encontrar para brincar na casa da avó Maysa. E como brincam. Os adultos colocam o papo em dia.
A função já foi da minha avó, mãe da minha mãe, a Dona Áurea, e eu amava! O domingo era o dia sagrado de encontrar os meus primos, brincar o dia inteiro e no cardápio não podia faltar batata frita. Arroz, feijão, bife e batata frita. A sobremesa então, era incrível! Tinha uma gaveta na casa da minha avó com divisões com o nome de cada neto. Cada neto recebia o chocolate predileto. Ela não errava nunca. Uma maravilha! Melhor ainda, a gente sabia o lugar em que a vovó escondia o estoque de chocolate; caixas e mais caixas. Com o consentimento dela, é lógico, a gente acabava pegando mais um ou outro.
Hoje, o cardápio na casa da minha mãe é totalmente diferente. Coitada! Dá até pena! São tantas exigências que ela tem de “quebrar a cabeça” para montar o almoço de cada domingo. E ela faz questão de variar. É um que não come isso, outro que não come aquilo, tem o que está de regime, e por aí vai. Isso quando não é aniversário de alguém. Quando é aniversário de um de nós, o aniversariante escolhe o cardápio.
Dá trabalho, dá trabalho eu sei, mas a minha mãe diz que tem um prazer enorme em preparar os nossos encontros, todos os domingos, e faz isso com muito carinho para receber a família na casa dela. E a gente dá valor a toda dedicação e iniciativa dela. Sabemos que desta forma, pelo menos uma vez por semana, estamos juntos novamente, toda a família reunida.
A sobremesa nos dias atuais mudou um pouco. O chocolate não tem mais. A “gaveta mágica” da minha avó ficou na lembrança – uma gostosa e doce lembrança. Mas tem sorvete, sorvete específico para cada neto. Cada neto gosta de um diferente e cada um tem o seu garantido no freezer da vovó.
A atração fica por conta da peça de teatro que os netos preparam ao longo do dia e se apresentam no final. Todos a postos e o lençol no varal faz a vez da cortina do espetáculo e o show começa. Igualzinho na casa da minha avó, só que agora, eu que era a atriz principal, virei espectadora. Por enquanto, no futuro, assumirei com certeza os almoços de domingo, dia de reunir a família!
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*Roberta Manreza é mãe, jornalista, apresentadora do Programa Papo de Mãe e colunista do Portal Papo de Mãe.