Reserva ovariana é o termo técnico utilizado para estimar a quantidade de óvulos que uma mulher possui. Hoje em dia, com a tendência de postergar a maternidade por fatores como busca da realização profisisonal e relacionamentos que se estabelecem mais tarde, há que se pensar em como está a reserva ovariana.
17 de abril de 2018
Por Carolina Mocarzel*, ginecologista e obstetra
Reserva ovariana é o termo técnico utilizado para estimar a quantidade de óvulos que uma mulher possui. Hoje em dia, com a tendência de postergar a maternidade por fatores como busca da realização profisisonal e relacionamentos que se estabelecem mais tarde, há que se pensar em como está a reserva ovariana.
Do ponto de vista reprodutivo a mulher tem uma grande desvantagem em relação aos homens. Mulheres já nascem com os óvulos que usarão a vida toda e, a partir dos 35 anos, tanto a qualidade quanto a quantidade vão sendo prejudicadas. Sim, mulheres têm menos óvulos e óvulos com mais chances de alterações genéticas a medida que se aproximam dos 40 anos. Já os homens, produzem espermatozoides a cada 3 meses (muito embora já esteja em evidência o conceito de idade paterna avançada, logo, espermatozoides também ficam “ruins” ao longo do envelhecimento masculino).
Como então avaliar a reserva ovariana? A realização de um exame de sangue (em qualquer dia do ciclo menstrual) dosando um hormônio chamado anti mulleriano é uma das opções. Ele é um bom preditor dessa reserva. Sua análise não informa que uma mulher não irá engravidar ou que não ovula. Essa informação reflete se há muitos ou poucos óvulos.
Qual a utilidade dessa informação? Um resultado de baixa reserva pode motivar uma mulher a congelar óvulos, caso o planejamento de uma gestação não seja possível ou pode estimular que as tentativas se iniciem logo minimizando os riscos e dificuldades no futuro ou, no caso de um tratamento de reprodução assistida, pode predizer qual será a resposta do estímulo. Um resultado normal de alguma maneira tranquiliza a paciente (lembrando que boa reserva nao significa boa qualidade).
Todo assunto que gira em torno de forçar, programar em excesso ou manipular o tempo de uma gestação sempre gera polêmicas. Conversar com uma mulher de 38 anos, linda, saudável e bem sucedida que ainda não tem filhos sobre reserva ovariana nem sempre é tema fácil. Como entender que podemos retardar o envelhecimento da pele, dos músculos e do coração com hábitos de vida saudáveis (e alguns ótimos tratamentos estéticos) e mesmo com todos esses esforços dexplicar que o ovário não acompanha o mesmo ritmo? A resposta é: com leveza e transparência pois o tempo é crucial na programação da maternidade. Se uma mulher sonha com esse processo, deve receber informações corretas e no tempo certo.
*Dra. Carolina Mocarzel é médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com título de especialista em ginecologia e obstetrícia e em medicina fetal pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Possui Pós-graduação em Medicina Fetal pelo Instituto Fernandes Figueira, é mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutoranda pela mesma instituição.
Dra. Carolina Mocarzel possui capítulos de livros e trabalhos publicados em congressos envolvendo temas como obesidade, gravidez de risco, gestações gemelares, entre outros. Atualmente é chefe da unidade Materno Fetal do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, professora da disciplina de Obstetrícia da Faculdade de Medicina Estácio de Sá e responsável por uma clínica privada de assistência a mulher com foco em ginecologia e obstetrícia.