Para Freitas, o cenário atual está longe de acabar. “O período chuvoso termina em abril e os reservatórios continuam muito baixos. Se medidas não forem tomadas e seguidas de maneira mais dura, a gente estará em cinco anos discutindo a dessalinização de água e começando a discutir mudanças de atividades econômicas para outras regiões do Brasil. Por enquanto, há uma certa dificuldade do Poder Público de declarar a gravidade do problema”, disse.
Na avaliação de Freitas, a interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul, anunciada em janeiro, e a utilização do Aquífero Guarani ainda precisam ser mais bem estudados. “É preciso levar em consideração [que o Rio Paraíba do Sul] já abastece 14 milhões de pessoas e que o consumo está aumentando. Quanto ao Aquífero Guarani, não se tem informações de tempo de recarga, de qualidade da água”, destacou.
Segundo Maurício Broinizi, houve falha de planejamento para enfrentar a crise. “Em 2003 […] a própria Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] previa que a região da Grande São Paulo poderia teria problema de abastecimento até 2010. E de lá para cá praticamente nada foi feito para reforçar o abastecimento, reeducar a população”, disse.
Broinizi ressaltou que é preciso promover campanhas de orientação mais incisivas, e com mais informações, para que a população saiba procurar alternativas, como a captação da água da chuva e o reuso de água. “A era da abundância e do desperdício de água acabou. Vamos ter que economizar muito, talvez entrar em racionamento pesado para que a água se sustente nos próximos anos.”
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