Com a pandemia, fonoaudióloga relata que casos de crianças de até 2 anos com problemas no desenvolvimento da fala aumentaram em seu consultório
Sabrina Legramandi* Publicado em 05/10/2021, às 16h20
A “chupeta moderna”. É assim que a fonoaudióloga Graziela Catapano descreve o uso das telas pelas crianças, principalmente em tempos em que os pais que puderam trabalhar de casa e encontraram nos celulares e nos tablets uma maneira de deixar as crianças entretidas.
Porém, o excesso dessa prática pode trazer graves consequências tanto para adultos quanto para as crianças. No caso dos menores, essa “postura passiva” pode influenciar, até mesmo, no desenvolvimento da fala.
“Mesmo que a criança passe o dia assistindo a programas educativos, a via de mão única que envolve apenas ouvir e não falar prejudica esse desenvolvimento”, explica Catapano. Segundo a fonoaudióloga, para que a criança exercite essa atividade, ela deve interagir e conversar durante brincadeiras com pessoas reais.
Durante a pandemia, essa realidade se tornou ainda pior. “Uma criança que tem por volta de dois anos estaria começando a ir para a escola, a fazer passeios, indo a clubes ou praças, viajando, mas todos esses estímulos não ocorreram no período da pandemia”, afirma a fonoaudióloga.
Para Graziela Catapano, a resposta é relativamente simples: estimular a interação e proibir o excesso de celulares e tablets. O recomendado é que crianças menores de dois anos não utilizem as telas e aquelas que têm de dois a cinco anos usem apenas durante uma hora por dia, sob supervisão de um adulto.
“Os pais devem estimular as crianças a falarem e a se comunicarem através da fala”, afirma. Para isso, Graziela sugere algumas atividades: ir a um parquinho ou a uma praça, fazer uma brincadeira ou um joguinho, contar uma história antes de dormir, levar a criança no supermercado e ensiná-la a fazer uma comidinha são opções.
As crianças gostam de interagir com os pais. Se você tiver uma criança pequena e você se oferecer para brincar com ela, na mesma hora ela vai largar as telas, porque, para ela, é muito mais legal brincar.” (Graziela Catapano)
Graziela explica ser essencial que os cuidadores estimulem a comunicação através de palavras e não de gestos. Caso a criança tenha mais de dois anos e não se comunique, isso deve acender um sinal de que é necessário atendimento profissional.
Se a criança tem mais de dois anos e não fala nada – nem ‘mamãe’ e nem ‘papai’ – o ideal é procurar uma fonoaudióloga para fazer uma avaliação.” (Graziela Catapano)
Dessa maneira, a profissional poderá verificar se esse atraso está sendo causado por falta de estímulos, pelo excesso de telas ou se há outro comprometimento mais “orgânico”, como explica a fonoaudióloga.
*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe
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