E, num piscar de olhos, eles crescem. É o que nos dizem quando nossos filhos são pequenos e, depois, descobrimos que é fato.
Fernanda de Luca* Publicado em 18/04/2022, às 10h24
"A importância de aproveitar cada fase e entender que as conexões se transformam, mas não desaparecem."(Fernanda de Luca, colunista)
Era uma Reunião de Pais na escola infantil do meu filho, na época com 4 anos, e a professora veio me falar sobre um comentário feito por ele. A “tia” disse que estavam numa integração onde a pergunta a ser respondida pelas crianças era: “Qual o melhor lugar que você gosta de estar?”. Segundo ela, as respostas foram as mais variadas: no parque, na escola, na piscina, na Disney, jogando videogame e tantos outros exemplos espontâneos e infantis. Chegou a vez do Igor, meu filho, e ele deu sua resposta: “No abraço da minha mãe!”. Dá pra imaginar a minha reação? Sorriso que não cabia na boca, coração saltando do peito e olhos embaçados por lágrimas. Que felicidade, que vontade de esmagar aquele meu pitico numa sequência de abraços. O abraço que eu adoro quando ele, a Georgia ou a Isadora estão dentro, ou os 3 juntos que, claro, já não cabem mais num único entrelaçar de braços.
Anos depois, em 2015, no programa Papo de Mãe sobre desenvolvimento na Primeira Infância contei tal fato durante uma reportagem e, mais uma vez, me emocionei. Na volta do VT que ensinava uma técnica aconchegante do “Banho de Balde” em bebês, o pediatra Leonardo Posternak, um dos excelentes especialistas convidados, fez um comentário divertido e verdadeiro, que hoje compreendo na prática. O doutor me vendo no canto do estúdio, de onde também como Coordenadora de Produção ajudava nas gravações, olhou em minha direção, fora do alcance das câmeras, e disse: “E agora você divide o abraço dele com quem? Ele só te abraça ou gosta de outros abraços?”.
Meu pequeno que estava adolescente quando aconteceu tal gravação e, agora, é um jovem adulto já vivenciou muitas novas sensações de abraços, com certeza! Faz parte da vida, claro! Provavelmente o meu abraço não é mais o lugar preferido do Igor, mas já foi! E foi no momento que precisava ser, quando a criança mais necessita de proteção e carinho para se desenvolver emocionalmente e crescer confiante.
Nós mães, quase sempre, usamos a frase feita que criamos nossos filhos para o mundo! Inevitável, eu sei. No entanto, da teoria para a prática, e quando esse mundo bate à nossa porta e informa: “Tudo bem? Vim buscar seu filho!”. Aí que a gente descobre que não é tão fácil assim. Desapegar, repartir e deixar partir é um processo com ganhos, perdas e lembranças de quando os abraços eram só nossos.
Se sinto saudades? Muita! Se sinto orgulho dos adultos em que meus filhos estão se transformando? Muito mais!! O mundo precisa ser abraçado por filhos criados com mais amor, menos preconceito e melhores do que nós. Uma herança evolutiva em prol do bem comum. Então, que cresçam e apareçam rápido demais, sem esquecer do nosso abraço!
*Fernanda de Luca tem 54 anos, é jornalista praticante há 32 anos e contando, mãe do Igor (21), Georgia e Isadora (gêmeas diferentes, 16) e casada com o Grego. Foi repórter do Papo de Mãe na TV Brasil.
Meus filhos, minhas regras mutantes!
Quando a exaustão não pode prejudicar o diálogo nas famílias
O impacto da saúde mental das mães
Dor de crescimento. Isso existe?
Quando a criança precisa receber hormônio do crescimento?