A médica Ligia Santos explica as questões que envolvem obesidade e infertilidade e as implicações de uma gestação após a cirurgia bariátrica
Mariana Kotscho* Publicado em 24/08/2021, às 10h14
A gestação após cirurgia bariátrica pode acontecer e é cada vez mais comum, já que esta cirurgia tem sido mais realizada - as técnicas estão melhores, a cirurgia mais acessível e a população mais obesa. Inclusive, como a obesidade pode ser um fator de infertilidade, quando a mulher perde peso, as chances de engravidar aumentam. E a obesidade é considerada uma doença, já que acarreta diversas doenças (pressão alta, diabetes, etc.).
A ginecologista e obstetra Ligia Santos comenta que a obesidade é uma epidemia mundial. No Brasil estima-se que 20% da população adulta é obesa e até 60% é obesa ou está acima do peso.
Em relação à infertilidade da mulher obesa, a Dra.Ligia explica que ela terá alterações hormonais por causa da gordura e é comum que elas sequer menstruem ou não ovulem por conta da alteração hormonal. A obesidade também gera um estado de inflamação crônica nessas pacientes, aumentando o risco de gestações que não evoluem.
Como nem sempre perder peso é fácil, em alguns casos a cirurgia bariátrica é indicada e será a cura de diversos problemas de saúde, inclusive da infertilidade.
Quando a mulher quer engravidar após uma cirurgia bariátrica, o ideal é que ela espere pelo menos 15 meses. Nos primeiros meses ela deverá ter uma perda de peso intensa e talvez não tenha nutrientes suficientes para passar para o feto. "É preciso estabilizar o peso primeiro e também a saúde", alerta Dra. Ligia.
Há 3 tipos de cirurgias bariátricas: restritiva, disabsortiva ou mista. Mas independentemente de qual a mulher realizar, o ideal é esperar no mínimo 15 meses para engravidar, sendo o ideal até 18 meses.
O pré-natal desta mulher que fez cirurgia bariátrica antes de engravidar precisa garantir uma nutrição adequada, ela vai precisar de suplementos como ácido fólico, vitaminas do complexo B, ferro em quantidades maiores do que num pré-natal normal. Em alguns casos precisa de medicação endovenosa. "É considerada uma gravidez de risco pois existe uma cirurgia anterior, é preciso acompanhar o desenvolvimento fetal", alerta a Dra. Ligia Santos.
Ainda segundo a médica, o parto poderá ser normal ou cesárea. É uma escolha na hora: "Não é porque fez bariátrica que precisa fazer cesárea".
Após o parto é indicado que ela espere para engravidar novamente e deve escolher um método anticoncepcional adequado. O único método não indicado para essas mulheres é a pílula anticoncepcional por conta do processo de absorção. O ideal é decidir em conjunto com ginecologista.
*Ligia Santos é ginecologista e obstetra
*Mariana Kotscho é jornalista
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