Roberta Manreza Publicado em 15/11/2016, às 00h00 - Atualizado às 11h18
Por Dra. Marilene Lucinda*, membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
O Ministério da Saúde anunciou que a partir de janeiro de 2017 o calendário nacional de vacinação incluirá a proteção de meninos de 12 e 13 anos contra o papilomavírus (HPV). A faixa etária contemplada será gradativamente aumentada até 2020, quando abrangerá os garotos entre nove e 13 anos.
Especialistas alertam para a vacinação masculina como aliada no controle do papilomavírus
Associado ao câncer de colo de útero, o HPV está longe de ser uma ameaça apenas à saúde feminina. Os homens também estão entre as vítimas desse vírus e as consequências são graves: o papiloma pode provocar câncer de pênis, na região anal e de orofaringe. Estimativas sugerem que 30% dos casos de câncer de pênis estão relacionados ao vírus.
O HPV é uma das doenças sexualmente transmissíveis de maior incidência no mundo. Metade da população sexualmente ativa já teve contato com o vírus em algum momento da vida. Não é à toa que a Sociedade Americana de Câncer e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mudaram suas diretrizes recentemente e passaram a indicar a vacinação para ambos os sexos. “A imunização, tanto na mulher quanto no homem, deve ser feita antes do início da atividade sexual”, alerta a Dra. Marilene Lucinda, médica clínica responsável pelo setor de vacinas do grupo Hermes Pardini. “Como a atividade sexual tem sido iniciada cada vez mais cedo, o aconselhável é que a imunização ocorra entre os 9 e 11 anos de idade”.
Segunda a especialista, o combate à doença na população passa pelo controle do vírus entre o público masculino. “É preciso lembrar que o homem é o principal transmissor do HPV para as mulheres. Por isso, a importância de ambos os sexos serem imunizados”, afirma.
Atualmente, a vacina aprovada para aplicação em homens é a Quadrivalente, que protege contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18, que são responsáveis por cerca de 40% dos casos de câncer de pênis e de câncer anal em homens. Oito em cada dez indivíduos sexualmente ativos entrarão em contato com o vírus no decorrer de suas vidas. “A eficácia é a mesma da vacinação feminina, assim como as doses de aplicação para a imunização”, explica a médica. Existem mais de 100 tipos de papilomavírus e a imunização protege contra os mais comuns e mais agressivos, que provocam o câncer.
Mas a médica do grupo Hermes Pardini pondera que a vacina não dispensa o exame preventivo e o sexo seguro, pois não protege contra todos os tipos de HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis. E alerta para a importância da vacinação mesmo que a pessoa já tenha contraído o vírus. Afinal, ela permanece suscetível à infecção por outros sorotipos.
*Dra. Marilene Lucinda, membro da regional de Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e responsável técnica pelo setor de vacinas no Laboratório Hermes Pardini.