Roberta Manreza Publicado em 23/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h04
Por Renato Kfouri, vice-presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo
O ato de levar uma criança para vacinar traz resultados não só para ela, mas para toda a sociedade. “A proteção se divide em dois pontos: a individual, que garante que a pessoa não terá a doença, e a indireta, quando a maioria da população é vacinada e aqueles que não foram se beneficiam da proteção alcançada com os que foram vacinados. Ou seja, os benefícios se estendem aos não vacinados”, avalia Renato Kfouri, vice-presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Além dos pais, a proteção das crianças também é um dever do Estado. Para tanto, o Ministério da Saúde tem orientações para que toda a sociedade fique em dia com a vacinação dos pequenos, além de promover campanhas anuais com o oferecimento de doses gratuitamente contra doenças que podem causar danos irreversíveis à saúde ou até levar ao óbito.
A vacina é o meio mais eficaz de proteção contra certas doenças infecciosas e agem estimulando o sistema imunológico a produzir anticorpos para combater essas enfermidades. Muitos males que são cobertos por esse sistema de imunização estão erradicados no Brasil, mas isso não significa que é possível deixar de vacinar as crianças.
“Proteger é um ato de cidadania, é responsabilidade social, além de ser um controle da saúde pública e, com isso, diminuir os gastos do Estado na área”, defende Renato Kfouri. Mas vem aumentando o número de grupos de pais que são contra a vacinação, seja por medo, falta de informação ou preceitos religiosos, com pouca ou nenhuma base científica, o que acarreta na diminuição de crianças imunizadas no País.
Para o médico, a principal razão para esses movimentos anti-vacinação é o sucesso das próprias vacinas. “Desaparecem doenças como rubéola, sarampo, caxumba, pólio, por exemplo, então a percepção de risco desaparece. Os pais não se dão conta da ação continuada da vacina. Se reduzir a imunização, surtos e epidemias das doenças podem voltar, pois são criados ambientes propícios para o ressurgimento delas e os riscos de elas voltarem são reais”, explica.
“É preciso estimular e orientar a população, oferecer horários alternativos nos postos de saúde para que todos possam ter opções”, reforça Renato Kfouri, lembrando que os pais que deixam de vacinar os filhos não sofrem punições porque a lei não os obriga. Os postos de saúde abrem no horário comercial e, infelizmente, alguns sofrem com o desabastecimento de doses.
Segundo o médico, todas as vacinas disponibilizadas gratuitamente são imprescindíveis e os riscos com efeitos colaterais são pequenos comparados aos benefícios. Ele alerta também para os mitos, que atuam na contramão das campanhas de vacinação. “As reações, os efeitos colaterais, associados às razões filosóficas e religiosas e questões éticas, são alguns destaques contra a imunização. Quando alguém toma a vacina e logo depois tem um problema de saúde, fica difícil não associar o surgimento da doença com a vacinação”, declara. “Os benefícios suplantam os riscos, pois as reações às vacinas são eventos transitórios e, por isso, é tão importante a informação para os pais”, alerta Kfouri.