Introdução alimentar sem desespero

Roberta Manreza Publicado em 13/07/2019, às 00h00

-
13 de julho de 2019


Por Dr. Jorge Guberman, pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena

Para pediatra, é importante que pais tenham paciência no processo e que encorajam os filhos a experimentarem a maior quantidade possível de alimentos

A introdução alimentar é uma das fases mais temidas pelos pais, que geralmente têm que aprender a lidar com a frustração diária de ver as crianças não comerem de tudo e, ainda, fazerem a famosa birra. A introdução alimentar é comum  a partir dos seis meses de idade e atende a orientação de sociedades pediátricas e diversos especialistas.  “Mas é importante observar o tempo de desenvolvimento de cada criança, que pode variar”, afirma o pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena, Dr. Jorge Huberman. Antes disso, a amamentação exclusiva é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e também da Sociedade Brasileira de Pediatria.

São indicadas, inicialmente, as papinhas de frutas ou a papa principal (até pouco tempo atrás conhecida como papa salgada). Não existe uma regra, mas, geralmente, os pequenos preferem alimentos mais adocicados. Por isso, é comum que pais comecem pela banana e pela pera, além de legumes como a mandioquinha e a abóbora. Os temperos naturais, como a cebola, a salsinha e o orégano podem ser incluídos na preparação da papinha. “Já o sal é indicado apenas acima dos dois anos de idade, mas sem exceder a medida de dois gramas por dia”, recomenda Dr. Jorge Huberman. “O importante é não limitar as opções e apresentar todos os sabores às crianças para que elas possam aprender a diferenciar os alimentos e a aperfeiçoar aos poucos o paladar”, evidencia o pediatra.

Métodos de introdução alimentar

A OMS recomenda que os pais adotem um estilo de alimentação responsivo, na qual atendam a alguns princípios, como auxiliar diretamente o bebê, assistir crianças mais velhas a se alimentarem sozinhas, fazer a refeição devagar e com paciência, sempre as encorajando a comer, mas sem forçar a ação. Essas dicas vão de encontro ao que os especialistas chamam de introdução alimentar participativa. Dr. Huberman lembra que se a criança recusar muitos alimentos, é importante tentar outras combinações com texturas e sabores que possam chamar a atenção delas. “É preciso tentar encorajá-las de muitas formas”, explica o pediatra. “Também é importante evitar as distrações na hora das refeições e aproveitar o momento para fazer dele um ato de carinho, de atenção e de conversa olho no olho”, reforça o especialista. Huberman.

O BLW, do inglês baby-led weaning, é um método que tem causado certa polêmica entre os pais e especialistas, no qual os alimentos são deixados cortados e ao alcance da criança, para que ela se sirva como quiser. “Essa é uma prática interessante, uma vez que as crianças são naturalmente curiosas e gostam de mexer nos alimentos, passando a conhecer sua textura, cor e cheiro melhor”, explica Dr. Huberman. Outro método é a já citada, das papinhas amassadas. “O ideal é mesclá-las, para que o bebê tenha contato com diferentes consistências”, afirma o pediatra. “Assim, eles tendem a experimentar mais os alimentos, chupando-os, e aprendem a mastigar com a gengiva, facilitando também o direcionamento dos dentes ao nascerem”, ressalta.

*Dr. Jorge Huberman, pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena e do Hospital Albert Einstein. 




alimentaçãointrodução de alimentos