Isolamento pode evidenciar problemas de audição e fala das crianças

Roberta Manreza Publicado em 21/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h59

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21 de setembro de 2020


Por Cristiane Mayra Adami e Leila dos Reis Ortiz Tamiso, otorrinolaringologistas

Saiba como identificar os sinais e entenda qual o momento certo para buscar ajuda

O isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 em todo o Brasil fez com que as crianças experimentassem um novo tipo de aprendizado: as aulas online. Em diversas capitais, as autoridades articulam o retorno dos pequenos às escolas, mas a educação remota através da internet, aliada às dificuldades inerentes à quarentena, fez com que muitos pais notassem atrasos no desenvolvimento da fala e da audição dos filhos.

De acordo com as otorrinolaringologistas Cristiane Mayra Adami e Leila dos Reis Ortiz Tamiso, do Hospital Paulista*, aumentou o número de queixas em seus consultórios de problemas relacionados a dificuldades de fala, audição e compreensão das crianças. Os atrasos foram percebidos pelos pais durante o isolamento.

“Esse atraso, especialmente na fala, tem ocorrido com crianças entre um e dois anos. O problema pode ter sido agravado por dois fatores: uso de máscara entre as outras pessoas e tempo em que ficam nas telas dos celulares e tablets assistindo desenhos, por exemplo”, explica Cristiane.

O uso da máscara é essencial para diminuir o índice de contaminação do novo Coronavírus, mas traz um contraponto em relação à comunicação das crianças. Quando interagem com pessoas com máscaras, os pequenos não conseguem “ver” a fala do interlocutor, apenas ouvi-la. Isso pode parecer irrelevante aos adultos, mas é muito importante para o desenvolvimento da compreensão das crianças.

Por sua vez, o excesso de tempo nas telas é gerado por uma dificuldade natural dos pais que também estão em isolamento e trabalhando no modelo home office. Para conciliar o trabalho com a educação e os cuidados com os filhos, os pais acabam permitindo um maior uso de aparelhos como celular, televisão e tablet. Associados, esses dois fatores contribuem sensivelmente aos atrasos no desenvolvimento das crianças menores.

Aulas online e fones de ouvido

Outro fator de preocupação dos pais durante o isolamento tem sido o uso exagerado de fones de ouvidos pelos filhos, principalmente a partir dos pré-adolescentes. Nesse caso, as médicas chamam a atenção para a possível piora do quadro clínico de crianças e adolescentes que já têm alguma dificuldade de audição. Isso pode ocorrer, inclusive, por conta das aulas ministradas online.

“Se a criança já tem alguma dificuldade de audição, as falas dos professores e dos colegas durante as aulas online não serão tão nítidas. Ou seja, se ela já apresenta um problema auditivo, somado ao volume do fone de ouvido e ao barulho externo na residência, a leitura labial é prejudicada pelo formato de aulas online. Tudo isso dificulta a aprendizagem”, avalia Leila.

“Além disso, há um cansaço gerado pelo volume dos fones de ouvido. Os fones são cômodos durante um tempo, mas, passadas algumas horas, fica insuportável. É um aparelho que causa um dano, um desconforto se usado durante muito tempo”, completa.

Quando procurar um médico?

Para identificar possíveis atrasos no desenvolvimento da fala e da audição, as otorrinolaringologistas afirmam que os pais devem ficar atentos a alguns marcos temporais.

“A partir de um ano, as crianças precisam verbalizar algumas palavras. ‘Mamãe’, ‘papai’, ‘água’, por exemplo. A partir de dois anos, elas verbalizam frases. ‘Mamãe, quero água’, ‘papai, quero aquilo’. Ainda que o acompanhamento médico deva ser frequente, é importante que os pais busquem auxílio de um otorrinolaringologista se observarem cenários distintos do que descrevi”, afirma Leila.

Outra ocorrência comum em crianças é a dislalia, uma disfunção na qual se troca uma letra pela outra. Geralmente, o “r” é trocado pelo “l”. Nesse caso, até quando os pais devem esperar?

“Normalmente, até quatro anos. Depois disso, é preciso haver uma autocorreção. Se não ocorrer, é necessário procurar um otorrinolaringologia especializado no desenvolvimento da fala e da audição”, conclui a especialista.

*Sobre o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

Fundado em 1974, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, durante sua trajetória, ampliou sua competência para outros segmentos, com destaque para Fonoaudiologia, Alergia Respiratória e Imunologia, Distúrbios do Sono, procedimentos para Cirurgia Cérvico-Facial, bem como Buco Maxilo Facial.

Em localização privilegiada, a 300 metros da estação Hospital São Paulo (linha 5-Lilás) e a 800 metros da estação Santa Cruz (linha 1-Azul/linha 5-Lilás), possui 42 leitos, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 10 salas cirúrgicas, realizando em média, mensalmente, 500 cirurgias, 7.500 consultas no ambulatório e pronto-socorro e, aproximadamente, 1.500 exames especializados.

Referência em seu segmento e com alta resolutividade, apresenta índice de infecção hospitalar próximo a zero. Dispõe de profissionais de alta capacidade e professores-doutores, sendo catalisador de médicos diferenciados e oferecendo excelentes condições de suporte especializado 24 horas por dia.

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