Escritora funda startup que está transformando a educação no Brasil e difundindo a importância da diversidade
Fernanda Fernandes* Publicado em 27/10/2021, às 17h35
Educadora, escritora, fundadora da Piraporiando e nomeada pela Forbes como uma das 12 pessoas negras que estão melhorando a educação no Brasil, Janine Rodrigues, aborda com orgulho e afeto pautas relevantes, como: diversidade, antirracismo e combate ao bullying. Com o objetivo de que todas as crianças tenham a oportunidade de aprender assuntos importantes se divertindo e de uma forma leve.
Em entrevista ao Papo de Mãe, Janine relata que por fazer parte de uma família afro-indígena, ouvir histórias e lendas sempre fez parte de sua rotina, e acredita que foi isso que influenciou sua paixão pela escrita.
Essa oportunidade aproximou ainda mais a escritora da literatura e da educação, decidindo então se dedicar a esse trabalho e fundar a startup Piraporiando.
A Piraporiando é uma Edtech-Edutainment que se baseia principalmente em tecnologia social para difundir a importância da diversidade na educação. Tendo como pilares a educação antirracista, antibullyng, antipreconceito e a promoção de equidade de gênero.
Em 2018, a empresa recebeu o Prêmio Criança da Fundação Abrinq, que homenageia iniciativas que contribuem para assegurar os direitos das crianças e dos adolescentes. E no ano seguinte, também foi eleita uma das edtechs de maior impacto no cenário da educação pela pesquisa Liga Insights.
A Piraporiando conta diferentes tipos de conteúdo e experiências educacionais, entre elas: livros, peças teatrais, jogos, cursos online, palestras, projetos personalizados e consultoria.
As ações realizadas já impactaram mais de 122 mil pessoas e cada vez mais o projeto vem se desenvolvendo. Hoje, a empresa já publicou seis livros de temática inclusiva e eles estão em 12 países da Europa e América Latina.
Janine comenta que fica muito feliz de ver as suas histórias viajando o mundo.
É muito gratificante. Para uma pessoa que é apaixonada por diversidade, é muito gostoso receber por exemplo, os olhares, os depoimentos de famílias e educadores que estão fora do Brasil”, afirma.
Ao observar a equipe da Piraporiando, é possível perceber a prevalência de mulheres negras. Janine revela que ao escolher o seu time ocorreu um posicionamento político nessa decisão, um posicionamento consciente e intencional.
A escritora afirma que durante muitos anos criaram uma narrativa de que as mulheres se rivalizam, que não se relacionam, que não constroem coisas juntas. Porém para ela é justamente o contrário, quanto mais as mulheres se juntam e trabalham juntas, os resultados e construções são muito melhores.
Janine conta que não quer ter uma equipe apenas com mulheres negras, ela quer e já está contratando pessoas de outras etnias e de outros gêneros. Mas, quis construir uma base inicial com mulheres negras, pois o encontro entre elas diversas vezes foi roubado, e essa escolha representa muito para ela.
Hoje ter a oportunidade de por escolha trazer para perto de mim essas mulheres negras, é um dos maiores prazeres que eu tenho na vida", comenta Janine.
A Piraporiando quer se expandir cada vez mais para outras mídias, para assim impactar novas pessoas. "Eu gosto muito de diversificar também os meios pelos quais a gente atua”, afirma a educadora.
Ano que vem, ocorrerá a estreia da primeira série de animação da Piraporiando, que também contará com um conteúdo educativo, para as escolas trabalharem esses temas no dia a dia. Pro próximo ano eles também contam com a publicação de um novo livro.
Além disso, já estão lançando um novo jogo, que será tanto para a escola quanto para empresas, e voltado para crianças, jovens e adultos.
*Fernanda Fernandes é repórter do Papo de Mãe
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