Leis de trânsito: mesmo sem poder dirigir, as crianças devem aprender. Faça seu papel!

Roberta Manreza Publicado em 01/06/2015, às 00h00 - Atualizado em 03/09/2015, às 16h12

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1 de junho de 2015


Roberta Manreza*

Eu fico indignada com o tamanho do descaso dos motoristas brasileiros no trânsito. Não estou nem falando de dirigir embriagado, que é crime. Como a pessoa tem coragem de colocar a própria vida e a de outras pessoas em risco? Bom, eu tenho consciênciadomeu papel nas ruas e tomo sempre o maior cuidado. Nunca me envolvi em acidente grave, mas sei das possibilidades. Dirijo com muita atenção, principalmente porque estou sempre com a minha filha. Fico de olho nos outros motoristas e nos pedestres também. Sigo todas as normas de segurança. Hoje, a Juliana, que está com 11 anos, não precisa mais de cadeirinha ou assento, mas já usou bastante. O cinto de segurança é item automático: entrou no carro, colocou.

Já gravamos um programa com o tema “Nossos filhos e o trânsito”, um alerta para os pais para que seus filhos não se tornem vítimas ou causadores de uma tragédia. Os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre os jovens no mundo inteiro.Mais de 44 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil em 2012, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde. A ONU propôs a redução do número de acidentes e mortes no trânsito brasileiro até 2020. O Brasil se comprometeu, mas não vem cumprindo. O número de vítimas está aumentando. E a falta de preocupação das pessoas é impressionante. A forma como elas dirigem, já diz tudo.

Eumorona Grande São Paulo, a vinte quilômetros da capital paulista. Todos os dias, pego a estrada para trabalhar e levar a minha filha à escola. Estrada só no nome mesmo, por causa dos congestionamentos, parece mais uma imensa avenida. E as filas de engarrafamentos de carros e caminhões se repetem durante a semana, sem exceção. Os motoristas ficam irritados, impacientes e acabam se esquecendo das suas responsabilidades na direção. Eu e a minha filha ficamos observando a reação deles e vemos de tudo! O mais surpreendente foi uma mulher fazendo a sobrancelha dirigindo. Isso mesmo! E que habilidade! Com uma mão no volante e a outra segurando a pinça ela ia tirando os pelos. E pasmem, com o carro andando! Ela não parava nem quando acelerava o carro. Como pode? Falar e escrever no celular então, dá para perder a conta. Fora outras inúmeras infrações.

Eu assumo que tenho que me policiar o tempo todo para não cair na tentação de usar o celular no trânsito. Que dá vontade dá. Você fica quase uma hora praticamente parada e com o aparelho pode dar uns telefonemas, adiantar uns itens da sua lista de afazeres do dia, dar uma olhada nos e-mails, mas é proibido! Hoje eu coloco a Juju como minha “secretária” e vou pedindo “faz isso”, “faz aquilo”, “liga para fulano”, “liga para ciclano”. E quando digo para ela escrever uma mensagem, ainda pergunto: “Escreveu direito? Soletra aí para mim!”

Não dá para exigirmos uma postura dos nossos filhos que nós não conseguimos cumprir. É aquela história de dar o exemplo. Não estou dizendo que é fácil, é muito difícil, mas estamos sempre tentando. Se eu fico irritada e impaciente no trânsito? Sim! Inevitável, moro em uma cidade grande e sei dos contras de quem vive em São Paulo. O trânsito caótico e enlouquecedor é um deles. Reclamo, reclamo, reclamo e a Juju sempre me acalma. E quer saber? São duas horas dentro do carro, quase todos os dias, com a minha filha ao meu lado e agradeço essa oportunidade. Sou uma privilegiada, tenho um meio de locomoção próprio e ainda consigo conciliar a minha agenda para levar e buscar a Juliana na escola. É um momento só nosso, que conversamos ebatemos papo sobre tudo. E de quebra, ainda ensino para a minha futura motorista as regras de trânsito. Uma cidadã consciente que eu tenho certeza que ela será um dia. Em breve.

*Roberta Manreza é mãe, jornalista,  apresentadora do Programa Papo de Mãe e colunista do Portal Papo de Mãe.

DICA: Assista ao Papo de Mãe  NOSSOS FILHOS E O TRÂNSITO: 




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