Lindo relato!!! História de um parto.

pmadmin Publicado em 29/09/2009, às 00h00 - Atualizado em 19/11/2020, às 08h24

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29 de setembro de 2009


Por Gabriela, mãe da Manu.Hoje recebemos um lindo relato de um parto. Gostaríamos de compartilhar com vocês. É da Gabriela, mamãe da Manu. Segue o relato:

“Dia 24/02/2009… despedida no trabalho, finalmente vou entrar de licença e descansar 2 semanas antes da minha bebê chegar (engano meu). Foi ótimo, eu estava super feliz, tinha ganhado um super chá de bebê dos amigos de trabalho e almoçamos juntos no meu ultimo dia, e eu só pensava em terminar de arrumar o quartinho dela naquela semana! Dia 27/02… Meu amor foi trabalhar naquele dia, ele resolveu limpar a mesa dele, e eu resolvi pôr as coisas no lugar em casa, passei a tarde toda arrumando roupinhas que havia lavado nos dias anteriores, arrumei a mala da maternidade, e resolvi empurrar alguns moveis de modo que o berço ficasse ao lado da nossa cama… empurra daqui, empurra dali, levanta daqui, monta e desmonta dali… eu e minha mãe aprontamos, mas pelo menos estava quase tudo pronto… era 1 da manhã quando o Rô me ligou dizendo que estava saindo do trabalho, ele ia pra casa dele e nos víamos no dia seguinte, fiquei triste em não dormir com ele aquela noite e resolvi ir dormir também… estava exausta… 28/02 – 3 horas da manhã, acordei sentindo algo estranho na calcinha, pensei que não deveria ser nada, e o sono era tanto que voltei a dormir… 6:30 da manhã acordei com uma pontadinha de cólica, mudei de posição e dormi novamente… 7hs da manhã cólica de novo? Parecia estar tudo bem, mas não conseguia mais dormir, cochilo… cólica… cochilo… cólica… Estava ficando estranho… 8:30 resolvi levantar e ir ao banheiro. Chuuuááááááááááááá………. A sensação foi mesmo aquela que todas descrevem… xixi nas calças?? Olhei pra baixo e meu short estava todo molhado, minhas pernas escorriam um líquido opaco, fiquei parada por uns 15 segundos sem piscar, respirar, me mexer… pensei “é hoje o dia mais importante da minha vida”, fiquei tentando lembrar que dia do mês era… 28… adoro número par. Olhei na janela e tinha sol na persiana já… o dia seria lindo, fiquei muito feliz!!! Fui até a porta do banheiro, mamãe estava lá… andei de um lado pro outro pensando em como eu diria sem assustar… olhei pra sala Juju e Jack dormindo abraçadinhos… lembrei o dia que fiquei mocinha, fiquei na porta do banheiro esperando minha mãe sair pra contar.. e isso estava acontecendo de novo!!!Por nenhum segundo ousei tirar a mão da barriga, até aquele momento só eu e a Manu sabíamos o que vinha pra acontecer naquele dia… Mamãe abriu a porta e eu já fui dizendo “chegou a hora…”… “a Manu vai nascer”…. e ela “Han? Hein?” entrei sentei no vaso… e mais um pouco de liquido… ela olhou minha roupa e não caia a ficha, ela dizia que aquilo não era bolsa rompida… mas eu mesmo que inexperiente tinha certeza do que estava pra acontecer!!! Minha irmã já levantou e veio ver o que estava acontecendo, enquanto eu pegava a toalha pra entrar no banho, o Jack ligou pro Rodrigo, eis a conversa:
– Pirica?? Acordaaaa!!
– Ah Jack… quer ir no Horto hj??? To cansadão…
– Meu, acordaaaaa que sua filha vai nascer!!!!!!!!!!!!!!
– Ah pára de zuar!!
– É sério!!! Estourou a bolsa da Gabi!!!
– Ih f@$#%!!!! To indo pra aí!!!

E eu as gargalhadas no quarto!! Tomei o banho mais gostoso da minha vida… vendo o sol na janela do banheiro, acariciando minha barriga, aproveitando cada minutinho daquele dia, que seria o último com a Manu dentro de mim. Me arrumei e não esqueci de pegar meu Kit manicure… O Rô chegou e fomos pro carro… antes, despedi da minha irmã, que prometeu (e cumpriu) terminar de arrumar o quarto. Fiz a unha rapidinho no carro, eu não poderia estar mal arrumada bem aquele dia… Reparei cada detalhe da 23 de maio, estava olhando o mundo com outros olhos, mas que felicidade… vi o Rodrigo fumar seu último cigarro…. da vida!!! Chegamos à Maternidade e eu nem sabia como falar, e o que dizer à recepcionista… então eu disse “moça vai nascer!!!” rs… Aquele dia todos bebês resolveram nascer juntos, a maternidade estava um alvoroço, meu vestido já estava ensopado (de nada adiantou aquele banho), ficamos na recepção e aproveitamos pra ligar pras pessoas mais chegadas… A enfermeira-obstetriz (grávida) me chamou. Enquanto isso o Rô foi resolver as papeladas…
Coloquei o avental e a sapatilha, ela pôs o soro em mim, fez o toque (como doeu) e 3 dedos de dilatação apenas… Fiquei lá por 40 minutos acompanhando os batimentos cardíacos da Manu no Cardiotoco. A médica ligou pro meu médico que estava viajando pelo carnaval ainda, e o substituto dele fez questão de vir para fazer meu parto… Fiquei mais aliviada, pois eu já sabia q o Dr. Milton não teria chegado ainda de viagem… Nesses 40 minutos, comecei a sentir as contrações mais doloridinhas… antes de sair outro toque: 4 dedos,. oba!!!  Chegou uma enfermeira com uma cadeira de rodas… me ajudou a levantar devagar e disse que ia me levar para tomar antibiótico (pois eu estava com o strepto positivo). Sentei na cadeira de rodas (achei o máximo, nunca tinha andado em uma) e fui… No corredor, todo mundo me olhava com um sorrisinho… e eu, mesmo com dor, mantinha o sorrisão!!! Outra sala… 2 grávidas… as duas estavam tomando antibiótico também. Ficamos conversando, foi tempo da minha mãe dar uma relaxada… As dores foram aumentando, aumentaaaando e o que era pra ser 1 hora de antibiótico ficou por 45 minutos. A enfermeira vira a minha cara de dor e resolveu parar por ali… Pôs-me na maca e levou pra uma oooutra salinha… o pré-parto… O Rô essa hora já estava conosco, mas lá só podia 1 acompanhante. Ele fez questão de ficar e a mamãe foi atender às ligações e receber os ansiosos. Já havia chegado umas 10 pessoas entre amigos e família … Então, a enfermeira ligou Cardiotoco novamente e eu tentava me distrair, vendo o coração da Manu bater a 160 a cada contração… eu apertava os olhos, apertava a mão do Rodrigo, e só pedia silêncio… Ele bem que tentou me distrair, mas eu nem queria saber, queria silêncio, ele ficou um pouco preocupado, pediu pra sair e disse que chamaria minha mãe… Muitas contrações… meu Deus… eu já não sabia se chorava, respirava… não dava conta das dores…  Quando vinha a contração, eu prendia a respiração, onde o certo é respirar fundo, sentava, contorcia… mas pensava “uma a menos… logo minha filha estará aqui comigo”.. passava… minha mãe só fazia carinho na minha mão, nenhuma palavra… as dores vinham e eu fazia 1000 caretas… nenhum gritinho… Abriu a porta e entrou um japinha, pequeno e magro, com um leve sorriso… se apresentou: Dr. Mário Toda Jr (eu ainda não sabia, mas ele seria um anjo…). Pôs a mão no meu ombro, outra contração daquelas… ele só dizia “relaxa, relaxa… Deus está aqui, tudo é obra de Deus”… passava…  Fez o toque: 5 dedos… doía, mas era uma alegria ver que estava progredindo. Ele saiu… dor, dor, dor… sentei, levantei, queria ficar de pé, agachava, segurava, agarrava… não sei quanto tempo demorou, mas ele voltou, fez o toque: 5 e meio. Ele disse que estava progredindo bem e daria com certeza o Parto Normal, olhou pra mim e perguntou “Você quer???” e eu “Quero!!!” Contração… ele pôs a mão no meu ombro e só fazia dizer “pense leve, tente relaxar, pense em coisas boas que a dor ameniza…”. Era difícil… sei que dá certo… mas naquele momento estava impossível!!! Eu só me contorcia!!! Ele saiu e voltou, mais rápido que da outra vez. Disse que eu já ia subir, estava tudo pronto… Entrou a enfermeira, sentei na cadeira de rodas de novo e, no meio do caminho, me despedi. O Rô estava com cara de preocupado, queria ele e minha mãe ali comigo, mas tive que ir sozinha. A enfermeira disse “daqui a pouco você estará com seu marido novamente”…  Contração das punks.. ela disse “aproveita que essa é a última”… Entrei na sala de parto, e que sala! Todos se apresentaram. Ao lado da cama tinha um rádio, tocou MPB o tempo todo. Puseram-me na maca, mexe daqui, mexe dali… pressão, coração, toque… 6 dedos… contraçãoooo… “você disse que era a últimaaa”… A anestesista estava com tudo pronto e eu não via a hora de enfiarem o agulhão na minha espinha, implorava por aquilo… sentada na maca senti a agulha geladinha e… “PÁRA!!!” … contração… contorção… contorção… passou.. e tomei a picada mais prazerosa da minha vida…  Deitei de lado na maca, ficamos esperando o efeito… e dor, dor, dor… e cólica… estava fazendo efeito!!!!! Mas estava chegando um certo medinho!! O Dr. Mario parou do meu lado e ficamos falando da minha diabetes… olhei a porta e vi que “o canal” de onde a Manu sairia era bem virado pra janelinha… Ok… fazer o quê… De repente, aparece alguém na janelinha, lindo, todo paramentado e aquele medinho foi embora… era meu amor… chegou já falando que tava cheio de gente lá fora, pela última vez passou a mão no barrigão, me beijou no rosto e na testa, disse que me amava… me senti segura. Passou quase uma hora… fiquei conversando com o Dr. Sobre vários assuntos, o Rô já tinha filmado e fotografado a sala de parto inteirinha!!  14:45 – O coraçãozinho da Manu estava firme e forte, o meu também! Resolveram me deitar para treinarmos a força e os movimentos… Deitei, pernas pro alto… amarraram-nas… o Dr. começou a levantar a cama de forma com que eu ficasse quase em posição de cócoras, para que as coisas acontecessem a favor da gravidade. Ensinaram o Rô… além de filmar, fotografar e manter a família informada pelo celular, ele teria que, a cada força, empurrar minha nuca até que o queixo encostasse no meu tórax e soltar devagar!!! De repente, estava sentindo aquela dor novamente, e muitoooo forte… a ação da anestesia estava passando… implorei por nova dose… e fui atendida… ela prometeu pouca coisa, eu agradecia qualquer coisa… Quando fez efeito eu não sentia mais dor nenhuma, nem colicazinhas… fiquei preocupada, mas a anestesista disse que ela me avisaria quando viesse a contração, daí eu teria que fazer força!! E põe força aí… 15:30 – Estávamos treinando a força, fui elogiada, pois estava fazendo tudo direitinho. O Dr. disse que em meia hora, no máximo, nasceria. Entre os treinos, debruçadas e empurrões na barriga, ela já estava lá em baixo… O Rô levou uma advertência, estava empurrando demais minha cabeça… rs… Olhei no relógio, “então as 16:00 hs ela nasce”. O Dr. pediu que começássemos a fazer prá valer… e 3 respirações, respira fundo e empurra… vai… De novo… 3 respirações, respira fundo e empurra… foooorçaaaa… Era difícil, eu não sentia nada!!! E meu maridão ali, a cada força sentia a mão dele na minha nuca querendo transmitir pra mim a sua própria força… Quando eu relaxava, ele acariciava meus cabelos… e assim foi por repetidas vezes… O Dr. explicou que estava complicado, pois a Manu só nasceria quando virasse com o rostinho pra baixo, e ela estava de lado. Ele chamou o Rô… “venha ver sua filha”.. de onde eu tava segui ele com os olhos, vi ele abaixar, e levantar sorrindo “ela é loira amor!!!”… eu só sorri… queria mesmo poder ter visto também!!! Recuperada… vamos de novo… 3 respirações… respira fundo… forçaaaa… Repeti incontáveis vezes… Ele disse que ela quase virou por diversas vezes, mas a cada relaxada minha, ela voltava pra trás. Estava exausta… relaxei o corpo… O Dr. olhou pra mim, olhou pra auxiliar e disse algo que não entendi, mas sabia o que ele queria dizer. “Fórceps…” Era tudo que eu não queria… eu ia conseguir!!! Então, sem ele mandar comecei… Respirei 3x… Respirei fundo sem soltar… e fiz muita, muita, muita força… Enquanto fazia força, via pelos óculos os olhos do Dr. Mário e reconhecia assim tudo o que ele estava pensando… Estava vidrado, sem piscar, e eu não estava mais agüentando… Ia desistir daquela força e relaxar, mas ele disse “se continuar nessa força ela vai vir”, mas eu estava sem ar… Ameacei parar, mas peguei mais um pouco de ar, sem parar de fazer força… 16:23 – Senti minha filha sair de dentro de mim… quase tentei me levantar, mas ele a levantou primeiro… Ouvia entre choro o Dr. Mário dizendo “parabéns Gabriela, você foi muito bem… Parabéns, és uma guerreira!!” Ao fundo o som de Djavan (te devoro), junto com um choro forte e alto … Que choro de menina, que linda… chorei junto… ele pôs ela em cima de mim, o choro calou na mesma hora… Acariciei a cabecinha dela, que momento, que mágico… era tudo como eu esperava!!! O Rô veio do meu lado na mesma hora, fizemos carinho nela e ela voltou a chorar… nos abraçamos, nos beijamos e declaramos nosso amor!!  A levaram pra fazer todos os procedimentos e o Rô foi atrás, conforme eu já havia pedido. Fiquei lá da maca admirando a família linda que Deus me deu!!! Em menos de 5 minutos trouxeram ela pros meus braços novamente… e ali mesmo alimentei minha filha… As auxiliares elogiaram diversas vezes, ela sugava perfeitamente, mamou por uns 30 minutos… Dei todo amor que podia a ela naquele momento, foi nosso primeiro encontro, aquele que mãe nenhuma nunca é capaz de esquecer!!!” (por Gabriela  – mamãe da Manu)……Emocionante, não??? Gabriela, toda a equipe do Papo de Mãe agradece a você por compartilhar conosco esta experiência linda e inesquecível. Muito obrigada!!! Felicidades para sua linda família!!!


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