Live #ChameAPenha: os desafios do combate à violência contra a mulher

Em homenagem aos 15 anos da lei Maria da Penha, o instituto AzMina lança assistente virtual para o combate à violência doméstica

Maria Cunha* Publicado em 06/08/2021, às 18h05

Penha, a nova assistente virtual, é fruto do projeto da área de enfrentamento à violência contra mulher da revista AzMina - Divulgação: Instituto AzMina

Em março de 2021, o Instituto AzMina lançou uma nova versão do aplicativo PenhaS, que reúne informação, acolhimento, fortalecimento de redes de apoio e pedido de ajuda para mulheres em situação de violência doméstica, tudo em um só lugar.

Agora, desenvolvida pelo AzMina em parceria com o Twitter, a assistente virtual Penha vai ajudar, de forma rápida e fácil, a identificar sinais de relações abusivas e a orientar sobre direitos e caminhos para interromper uma situação de violência de forma segura, sempre prezando pela privacidade e de maneira acolhedora.  

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Live: o debate ‘Conecta Penha: #ChameAPenha’

Na última quinta-feira, dia 5 de agosto, trazendo diversas informações sobre a violência contra a mulher, o debate ‘Conecta Penha: #ChameAPenha’ ocorreu no perfil do Instituto AzMina no Twitter (@revistaazmina) e teve aparticipação de Amelinha Teles, uma das fundadoras do projeto Promotoras Legais Populares (PLPs); Luiza Helena Trajano (@luizatrajano), presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil; Regina Célia A. S. Barbosa, cofundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha; Marília Moreira (@malimoreiras), coordenadora do PenhaS; e Natália Neris (@NerisNati), coordenadora de Políticas Públicas do Twitter no Brasil. A moderação da conversa ficou a cargo de Mariana Kotscho (@marianakotscho), jornalista à frente do Portal Papo de Mãe.

A tecnologia e a informação à serviço do enfrentamento da violência contra a mulher

De acordo com Marília Moreira, coordenadora do PenhaS, a Penha, a nova assistente virtual, é fruto do projeto da área de enfrentamento à violência contra mulher da revista AzMina

“A gente começou a pensar ela entre outubro e novembro do ano passado e conhecemos a carinha dela essa semana. Ela já está no ar orientando mulheres que queiram se informar sobre relacionamento abusivo, seja porque você se reconhece em uma situação de abuso, está em dúvida ou quer ajudar uma amiga”.

Para receber um atendimento, basta enviar uma Mensagem Direta (DM) para o perfil @revistaazmina no Twitter, plataforma que é parceira dessa nova tecnologia.

Além disso, a Penha preza pela segurança e privacidade das mulheres que, segundo Marília Moreira, muitas vezes, têm vergonha de conversar sobre o assunto até com uma amiga ou familiar.

“A Penha vai dar também orientação sobre os serviços perto da sua casa, você pode colocar o seu CEP e ela informa quais são os endereços de delegacias, de serviços de acolhimento, das áreas de saúde e jurídica. É uma assistente virtual completa”.

Marília ainda comenta que a concepção do projeto surgiu com base nos atendimentos que o Instituto AzMina vem realizando há cinco anos.

A parceria com o Twitter

Natália Neris, coordenadora de Políticas Públicas do Twitter no Brasil, conta que o projeto foi visto como algo estratégico, já que o Twitter é uma plataforma pública e aberta, com postagens em tempo real. Com isso, é importante que ações relacionadas aos direitos humanos estejam acontecendo nela.

“A gente tem observado que nesse contexto de pandemia, principalmente, houve um aumento nos índices de violência doméstica e, ao mesmo tempo, uma maior dependência de serviços on-line. Então, disponibilizar um recurso, uma ferramenta, que as mulheres possam acessar estando nas suas casas, nesse contexto específico de violência doméstica, nos pareceu muito importante”.

A coordenadora de Políticas Públicas do Twitter no Brasil ainda reforça que o aplicativo surgiu na semana em que a Lei Maria da Penha completa 15 anos e que vários atores, como o próprio Twitter, o Instituto AzMina e o Instituto Maria da Penha precisam estar unidos nessa luta que é diária. É importante lembrar que o Brasi ocupa a quinta posição no índice de violência mundial.

O Instituto Maria da Penha

A cofundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia A. S. Barbosa, reforça a importância de uma assistente virtual como a Penha e garante que o Instituto apoia a iniciativa.

O Instituto Maria da Penha existe desde 2009 é, como o próprio nome diz, fundado e presidido por Maria da Penha, que também deu nome à Lei.

Entre as iniciativas do Instituto, está a formação de voluntários com expertise na área de enfrentamento à violência contra a mulher e meninas.

“É importante destacar que, cada vez mais, é necessário habilitarmos pessoas que queiram ajudar, acompanhar, monitorar, acolher e atender as mulheres em situação de violência, mas é necessário ter essa formação específica para quem quer fazer esse tipo de trabalho e acompanhar essa jornada como nós” (Regina Célia A. S. Barbosa)

Outro ponto que cofundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha ressalta é que existem vários tipos de violência e que não há necessidade de agressões físicas, pois a violência psicológica e moral também é destrutiva.

“Muitas vezes, ali começa o seu momento de morte. Morte dos sonhos, dos seus desejos, da esperança. Ela não tem mais perspectiva de vida”.

O Magazine Luiza no combate à violência

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, conta que quando começou a se envolver com assuntos relacionados à violência contra a mulher, percebeu a importância de uma plataforma como o Twitter se envolver em ações de enfrentamento e combate.

“A violência contra a mulher acontece em qualquer classe social, com qualquer mulher, a violência não é um não é só da classe mais simples e acontece muito. O esforço da Maria da Penha para o surgimento da Lei é uma das coisas mais importantes que aconteceram, precisamos dar valor e sermos gratas a esse esforço”.

O Magazine Luiza é atuante no combate à violência doméstica e contra a mulher, e já lançou diversas campanhas, como ‘Em briga de marido e mulher se mete a colher, SIM’, a criação de um fundo de combate à violência contra à mulher e um botão de denúncia no aplicativo da loja que permite reportar um caso de violência doméstica.

As Promotoras Legais Populares

Uma das fundadoras do projeto Promotoras Legais Populares (PLPs), Amelinha Teles já luta há mais de 40 anos contra a violência doméstica e às mulheres. Ela conta que, primeiro, acreditava que o correto era enfrentar a impunidade nos casos, mas que a perspectiva mudou e foi percebido que a violência contra as mulheres era uma questão de saúde pública. Hoje, a visão de Amelinha é que a violência doméstica se trata de uma violação dos direitos humanos.

O projeto das Promotoras Legais Populares se trata de um curso que objetiva a formação de mulheres para a ampliação e fortalecimento do conhecimento de seus direitos e dos caminhos de acesso à justiça e combate à discriminação e opressão, atuando como uma ponte entre o Estado e a população.

“Junto com a Maria da Penha, a gente conquistou a melhor Lei que o país tem, tanto no campo da prevenção, quanto no campo da cura, atendimento e acolhimento. Ela chama toda a sociedade pra enfrentar essa situação crônica no Brasil. Mas, nossa bandeira é uma vida sem violência”. (Amelinha Teles)

IMPORTANTE: Se você está sofrendo violência ou conhece alguém que esteja, não hesite, disque 180

Em homenagem aos 15 anos da lei Maria da Penha, o instituto AzMina lança assistente virtual para o combate à violência doméstica em parceria com o @TwitterBrasil. Basta mandar uma DM para @revistaazmina#ChameAPenhahttps://t.co/v91DUEk4oC

— Revista AzMina (@revistaazmina) August 6, 2021

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

Assista ao Papo de Mãe sobre violência doméstica

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