Roberta Manreza Publicado em 17/08/2015, às 00h00 - Atualizado às 08h09
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul
Uma oportunidade para trabalhar com intervenção precoce melhorando o desempenho neurocognitivo das crianças. É assim que médicos avaliam a importância dos primeiros mil dias de vida do bebê e o esforço permanente tem sido de conscientização para o tema.
– Essas manifestações, tanto dos genes como do ambiente, já começa no período intrauterino. Então, o cuidado e padrão que se tem de uma gestação é fundamental. Além disso, fatores como a qualidade do aleitamento materno, o vínculo, a estruturação familiar em nível socioeconômico, o tempo que a mãe ou cuidador principal tem para a criança fazem diferença no futuro dela – afirmou a assessora da presidência da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Rita de Cássia Ferreira da Silva.
Casos comuns na sociedade, como a criança que morde os coleguinhas, podem ser um reflexo de uma parte genética oriunda de pais agressivos, sem paciência para conversar e acompanhá-los nas brincadeiras. A partir daí, as crianças buscam na agressividade uma compensação. Quando se intervém nesses casos já não se trata de uma intervenção preventiva. É importante dentro dos mil dias, ou seja, até o final do segundo ano de vida trabalhar na prevenção de forma distinta conforme o período.
– No primeiro ano é o afeto, vinculo e apego. A criança transmite sinais daquilo que ela quer e a família tem que saber reconhecer os sinais e entendê-los. Já as habilidades para resolver problemas e a sociabilização são percebidas no segundo ano de vida. O pediatra precisa saber orientar os pais dessa criança para que não se perca essa janela de oportunidade que é quando se tem a maior plasticidade neural – completou Rita.
Em palestra recente realizada no Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, o médicoPHD do Canadá Research Chair, Michel Boivin, abordou o tema destacando a necessidade investir no acompanhamento cada vez maior das primeiras fases da vida.
O médico ressalta que não é possível olhar para um fator isoladamente. É preciso analisar um conjunto de elementos que influenciam sejam genéticos ou comportamentais. No Brasil, fatores ambientais podem ter forte influência, como os casos de meninas que se tornam mães ainda na adolescência ou pré-adolescência.
– Existem problemas que são fortemente relacionados a nutrição, quando o corpo não está preparado para ser mãe e quanto a isso não há como reverter. O que essas famílias e mães precisam é suporte. A mãe jovem precisa ser orientada e o pai também. Amor e carinho são fundamentais, mas é preciso conscientizar e informar as mães sobre os procedimentos necessários para correta alimentação e cuidados com o bebê, por exemplo. Não gostaria de generalizar dizendo que mães muito jovens, não podem ser boas mães. Porém, às vezes, a criança não é estimulada de forma correta porque a mãe não sabe os meios certos para isso – afirmou o médico canadense.
Um dos aspectos mais importantes é incentivar a leitura desde cedo. Mesmo que a criança não entenda a leitura é importante que os pais invistam um tempo para isso. Estudos mostram que ao fazer isso, a criança fica melhor preparada para a escola e criará uma conexão entre o aprendizado e leitura.
Redação: Marcelo Matusiak
PlayPress Assessoria de Imprensa