Paula Zogbi, analista de investimentos, dá as dicas para os melhores investimentos para menores de idade
Paula Zogbi* Publicado em 25/01/2022, às 11h44
Você sabia que crianças e adolescentes podem investir e planejar seu futuro financeiro antes dos 18 anos? Menor de idade pode investir sim.
Claro que com supervisão dos responsáveis. Mas é muito positivo começar a investir desde cedo. No mundo dos investimentos, quanto antes você começar, melhor. E se tiver a oportunidade de começar ainda menor de idade, melhor ainda.
Isso porque o tempo é um ótimo aliado à rentabilidade, graças aos juros sobre juros (ou juros compostos), ou seja, a incidência de juros sobre o valor investido e também sobre a rentabilidade já conquistada.
Mas, então, por que a maioria das crianças e adolescentes não investem? É simples. Porque os adultos também não guardam e investem dinheiro.
Segundo uma pesquisa feita pela gestora de recursos americana BlackRock, 37% dos brasileiros afirmam não investir por falta de conhecimento sobre o assunto, e 20% por medo de perder tudo – o que também pode ser falta de conhecimento sobre o assunto, já que existem investimentos mais seguros do que guardar o dinheiro embaixo do colchão.
Falta educação financeira para os brasileiros. Ela não faz parte da grade curricular nas escolas e não é um assunto difundido culturalmente. O resultado é uma população com pouco contato com o mercado financeiro e com medo de investir. E pior: com altos níveis de endividamento.
Mas investir não é nenhum bicho de sete cabeças. E pode ser sim para todo mundo, inclusive para crianças.
Essa é uma ótima fase para desenvolver esse pensamento, já que os pequenos vão aprender a controlar seus recursos ainda nessa idade – quando geralmente nossa capacidade de aprendizado é mais rápida. Assim, ele vai se familiarizar com o tema desde pequeno e, na fase adulta, o assunto não vai ser um tabu, vai ser algo natural.
Então, introduzir assuntos sobre economizar e investir é muito importante para a educação das crianças.
Não importa a idade da criança, guardar dinheiro é sempre um bom começo para o futuro.
Também é bom saber que você não precisa dispor de grandes quantias financeiras, você pode começar a investir com valores a partir de R$ 100,00. Esse é um grande engano sobre investimentos: que só quem tem muito dinheiro pode investir. Errado. O segredo de investir não é o quanto você tem para investir, e sim o quanto você consegue poupar para investir da sua renda.
Por isso, é tão importante que você tome essa iniciativa o quanto antes.
Crianças de qualquer idade podem investir.
Em setembro de 2020, havia mais de 12 mil pessoas com até 15 anos investindo na B3. Então: sim, os menores de idade podem investir em ações, claro, com a devida instrução e supervisão dos pais.
Vale lembrar que esses investimentos são de renda variável. Ou seja, o risco de investir é alto. Portanto, é preciso que a criança tenha supervisão e conhecimento sobre os investimentos.
Outro ponto importante, sempre, é a diversificação: não aplicar todo o dinheiro em um mesmo ativo. Assim, você dilui os riscos em mais de um ativo.
A educação financeira para crianças é um dos caminhos para um país com a população menos endividada e mais desenvolvido economicamente.
Caso você seja responsável por uma criança (ou seja uma), separamos algumas dicas para ajudar nesse começo de trajetória no mundo dos investimentos.
Poupar é bom, mas é bom por quê? Porque você pode realizar os seus sonhos mais rápido. Sem metas, economizar e investir pode ficar meio confuso, principalmente nessa idade.
Então, a primeira dica é pensar em tudo o que você quer realizar neste ano. Comprar um videogame, computador novo, smartphone?
Descubra quanto precisa guardar e aplicar no mês para realizar esses objetivos.
Imagine uma criança de 10 anos. Se ela poupar e investir R$ 500 por mês, rendendo 0,5% ao mês, quando ela completar 18 anos, terá R$ 48.000 acumulados mais a rentabilidade de R$ 13.413,44.
R$ 61.413,44 para quem recém está começando a vida não é nada mau, não é mesmo?
Mas como essa criança vai ganhar R$ 500 por mês? É aí que os pais entram. Se eles derem uma mesada mensal e ensinarem as crianças a poupar, elas terão um futuro financeiro brilhante.
Se estamos buscando aplicações seguras e com certa previsibilidade, os investimentos de renda fixa são mais indicados para este plano.
Como pais, sabemos que imprevistos acontecem, e falando de criança, ocorre o tempo todo! São remédios, hospitais, médicos especialistas caros, dentistas, matrículas de escolas, troca de coleção de roupas (porque eles crescem numa velocidade assustadora!). E por aí vai…
Por isso, é importante que tenhamos dinheiro disponível para emergências. Por isso, é interessante também escolher investimentos com alta liquidez, ou seja, que é possível resgatar com facilidade!
Então vamos começar com alguns produtos recomendados para os pequenos:
O Tesouro Direto, além de ser o produto mais conservador e acessível do mercado, sendo possível realizar aplicações a partir de R$ 32,00, é também indicado para investimentos de longo prazo e para resgates antecipados.
Já na renda fixa de emissão privada, existem títulos com rentabilidades ainda mais atrativas. Aqueles que têm emissão bancária (CDB, LCI, LCA) possuem garantia do FGC e os de emissão de outros tipos de instituições, como Debêntures, CRI e CRA costumam render ainda mais, mas com risco maior.
Conheça um pouco mais dos tipos disponíveis:
São títulos que protegem da variação da inflação, remunerando com uma taxa acima do IPCA ano a ano, desde que você mantenha o dinheiro investido até o vencimento. São ótimos para investimentos a longo prazo (2024, 2035, 2050), ou seja, é indicado para planos como faculdade, carro, maioridade, etc.
Indicados para investimentos de médio/longo prazo, esse investimento vale a pena quando as taxas de remuneração estão atrativas e se a perspectiva é de queda na taxa de juros. Com eles, você consegue ter total previsibilidade do quanto vai receber.
Essa é a categoria mais indicada para quem deseja ter liquidez diária. Por sofrer menos com a marcação a mercado, você pode resgatar a qualquer momento sem perder a rentabilidade, pois a Selic não tem rentabilidade negativa.
Só que, quando temos o tempo a nosso favor, é justamente o melhor cenário para buscar rentabilidade correndo mais riscos. Os fundos de investimentos são ótimas alternativas de diversificação, e possuem modalidades de que investem em produtos seguros e com boas rentabilidades, como fundos de renda fixa e uma parte dos multimercados, e outras com maior risco e maiores possibilidades de retornos, como multimercados mais arrojados e fundos de ações.
Os valores de aplicações também são acessíveis, com cotas a partir de R$ 100,00 para multimercados diversificados, como os Fundos DNA.
Os fundos de investimento possuem diversos benefícios, onde alguns podem contar com resgate em D+0, ou seja, você resgata hoje e hoje mesmo o valor estará em sua conta.
É importante analisar antes do investimento o prazo de resgate.
Para muitos, toda a juventude não tem muito propósito a não ser aproveitar ao máximo o presente. Mas a verdade é que a tranquilidade de ter um futuro financeiro saudável não tem preço.
Quanto antes vocês começarem a aplicar, melhor. Os juros compostos ganham muita força com o tempo, e você pode se beneficiar ainda mais da diversificação entre investimentos com mais risco e maior possibilidade de retornos.
*Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico Investimentos
“Mostrar que o mundo dos investimentos pode ser leve e descomplicado”, essa é a missão que Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos (XP Inc.), leva para vida. Formada pela USP, Paula é uma das principais criadoras de conteúdo da Rico. Comunicadora nata, ela trabalhou por 5 anos no InfoMoney. É especialista em investimentos, bolsa de valores, renda fixa e variável e analista CNPI pela Apimec. Entusiasta da entrada cada vez maior de mulheres no mundo das finanças, produz, junto com o time Rico, boletins diários com análises e insights de mercado.
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