Criado na Colômbia em 1979 e adotado pelo Ministério da Saúde como medida de assistência neonatal, o método mãe canguru é capaz de, além de fornecer calor, estimular o sistema respiratório e imunológico dos bebês.
O que é o método mãe canguru
“A técnica foi criada de forma muita simples. Em um hospital estavam faltando leitos e os pediatras perceberam que colocar dois prematuros no mesmo berço aumentava os riscos de infecções cruzadas. Como alternativa, eles começaram a colocá-los no meio dos seios de suas mães. O resultado foi surpreendente”, conta a pediatra Luciana Herrero, especialista internacional em amamentação.
Atualmente utilizada em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal, a técnica de mãe canguru, que acomoda o bebê verticalmente contra o peito da mulher com contato pele a pele, apresenta uma série de benefícios físicos, psicológicos e emocionais.
Estudos indicam que em muitos casos, o método pele a pele apresenta mais resultados do que a própria incubadora porque, além de manter a temperatura ideal, ainda estimula a amamentação e a vinculação afetiva de mãe e bebê.
Benefícios para o bebê
Respiração: além de a posição vertical permitir que as vias áreas fiquem desobstruídas evitando apneia e paradas respiratórias, o método ainda estimula a respiração correta do bebê. “É como se a mãe, ao respirar, ensinasse o bebê a fazer o mesmo”, explica a pediatra.
Refluxo: a posição vertical também contribui na prevenção do refluxo.
Temperatura: o contato pele a pele com a mãe permite que a temperatura do recém-nascido esteja sempre controlada, fator essencial para sua recuperação.
Amamentação: mais tempo perto da mãe também contribui para a amamentação. Além de estar familiarizado com a pele, o bebê tende a mamar mais do que quando está na incubadora. O fato de ingerir mais leite materno do que fórmulas torna a prática ainda mais benéfica.
Sistema imunológico: além dos anticorpos adquiridos através da amamentação, a técnica também contribui para o desenvolvimento do sistema imunológico através do afeto.
Conexões neurológicas: estimulado pelo toque e pela respiração, temperatura e circulação do corpo da mãe, as conexões neurológicas também são afetadas positivamente pela técnica.
Mãe canguru: como fazer
Nos hospitais, as técnicas são adotadas quando o prematuro está com o quadro de saúde estável e pode ficar por alguns minutos longes dos aparelhos respiratórios. “Quando o recém-nascido já consegue ficar sem os aparelhos, a gente já pode deixar ele no colo da mãe.”, reforça Luciana. Com a melhora do quadro, eles podem ficar em alojamento conjunto e continuar com as técnicas.
Mesmo após a alta do bebê prematuro, a técnica pode continuar sendo empregada. “Nos prematuros o método salva vida, mas qualquer mãe com filho pequeno pode se doar para a construção física, psicológica e emocional tão intensa dos primeiros 6 meses de vida”, recomenda a especialista.
Nos hospitais os pais são orientados por pediatras e enfermeiros. Já em casa, o bebe só de fralda é amarrado verticalmente no corpo da mãe, ficando como um canguruzinho em um útero externo.
Ministério da saúde defende o projeto
Adotado como diretriz pelo Ministério da Saúde, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é exemplo. Diversas maternidades estão recebendo capacitações constantes.
No sistema privado, no entanto, o avanço ocorre de maneira mais lenta. “Nos hospitais particulares a implantação do método depende muito do pediatra neonatalogista responsável pela unidade”, comenta a pediatra.
Pai pode fazer mãe canguru?
Para Luciana, o contato do bebê com os outros membros da família é essencial. “O pai pode e deve ficar com o bebê no colo, trocando calor. Além dos benefícios para a criança, eles ainda estarão criando o vínculo entre pai e filho que é tão importante”, finaliza.
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