Meu filho não aprende. Por quê?

Roberta Manreza Publicado em 26/11/2014, às 00h00 - Atualizado às 11h05

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26 de novembro de 2014


Luciana Leitão*

Este é um dos grandes dilemas enfrentados por diversos pais que, ao longo do ano letivo, veem seus filhos tirarem notas baixas cada vez mais baixas, apresentarem dificuldades para acompanhar a turma e ficarem cada vez mais desmotivados, sem conseguir reagir. Junto com as inúmeras dúvidas que rondam suas cabeças, surge a culpa e o eterno questionamento: “Onde foi que eu errei?”.

Antes de rotular essas crianças como incapazes, preguiçosas, desobedientes, bagunceiras, distraídas, imaturas – infelizmente bastante comum nos dias de hoje – é preciso olhá-las com cuidado, com carinho; afinal, por mais que seja difícil as pessoas perceberem, são elas as que mais sofrem com tudo isso.

Para entender o que pode estar acontecendo, é preciso, antes de mais nada, saber como se dá aprendizagem. Segundo Jean Piaget, um dos nomes mais influentes no campo da educação, quase sinônimo de pedagogia, existem seis diferentes tipos de modalidades de aprendizagem: Assimilação, Acomodação, Hipoacomodação, Hiperassimilação, Hipoacomodação e Hiperacomodação.

Estas modalidades, muito estudada pelo Psicopedagogo, nada mais são do que o modo como se dá o processo de construção do conhecimento, no interior do sujeito que aprende. Trata-se de um processo dinâmico, particular e pessoal, que avalia o objeto do conhecimento em construção. A partir do momento em que se identifica que tipo de modalidade a criança possui, é possível saber  em que estágio de desenvolvimento cognitivo ela se encontra e se está de acordo com o esperado para sua idade ou não. As modalidades tem a ver com as relações vinculares que o sujeito mantém durante toda sua história de vida.


Mas quais podem ser as causas da dificuldade de aprendizagem?

Diversos fatores podem estar interferindo e resultando no baixo rendimento escolar. As causas podem ser de âmbito cognitivo, emocional, social, orgânico e cultural. Às vezes, é decorrente da falta de oportunidade ou estímulo, de um ensino deficiente, da não adequação à metodologia da escola, ou até mesmo do comprometimento visual, auditivo e de comunicação que a criança apresenta; além de traumas, desnutrição, etc.

Aos pais e educadores cabe prestar atenção a alguns sinais apresentados por elas, afinal, os sintomas são importantes sinalizadores de que é preciso pedir ajuda. Por outro lado, as dificuldades podem ser decorrentes de doenças, transtornos ou síndromes, casos que merecem um diagnóstico mais específico por parte de uma equipe multidisciplinar. Entre os mais comuns estão: Déficit de Atenção, Hiperatividade, Discalculia, Dislexia, Disortigrafia, Autismo, Psicose, Transtornos de personalidade e de comportamento.  Os sintomas que a criança apresenta são sinalizadores de que é preciso buscar ajuda.

Vale ressaltar que aprender é um processo natural, espontâneo e prazeroso, que tem início desde o nascimento do homem e o acompanha durante a vida inteira. É preciso gostar de aprender, estar motivado e estimulado a buscar conhecer o novo, a adquirir novos conhecimentos, a aguçar a curiosidade. Entender quando e onde se perdeu esse prazer é o primeiro passo para conseguir resgatá-lo. Para isso, é fundamental que os pais aceitem os filhos como eles são, mesmo que, no final das contas, não sejam ‘perfeitos’ como se esperava.

O fato é que cada pessoa tem sua maneira de aprender, seu ritmo, seu tempo, seu perfil cognitivo, seu estilo próprio, e também suas limitações. Respeitar isso é fundamental para minimizar o impacto que as preocupações e a inseguranças quanto ao futuro do filho geram na dinâmica familiar e, principalmente, diminuir o sofrimento da criança por não conseguir aprender como os colegas da turma. Junto com a família e com a escola, o Psicopedagogo deve encontrar respostas a essa pergunta e provocar no aluno o desejo e o prazer em aprender! A melhora no rendimento escolar é apenas consequência de um trabalho sério e bem feito! Que façamos nossa parte!!!!

*Luciana Leitão é psicopedagoga especialista em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tendo ministrado palestras sobre o assunto e participado de encontros no Instituto CEFAC – SP e do Grupo de Apoio a Pais e Familiares de Portadores de TDAH, promovido pela Associação Paulista de Medicina. Além da área clínica, tem experiência como tutora escolar. Seu trabalho multidisciplinar e personalizado visa ajudar o aluno a resgatar sua autoestima e o prazer de aprender. Site: http://lucianaleitao.com.br

DICA: Assista ao Papo de Mãe sobre Dificuldades de Aprendizagem:




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