“Minha história de mãe na Terra se entrelaçou com a história de uma pequena luz que veio nos fazer uma visita breve” – Jéssica Henrique – São Paulo / SP

Roberta Manreza Publicado em 11/12/2015, às 00h00 - Atualizado às 09h24

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11 de dezembro de 2015


“Olá. Meu nome é Jéssica, tenho 24 anos e sou casada há 5 anos. Descobri que estava grávida com 8 semanas. Fiquei radiante, afinal era algo que todos queriam, incluindo eu e meu marido. Fiz exames e descobri que Miguel estava a caminho, mas algo me deixou preocupada: eu tinha pouco líquido amniótico. O médico me deu repouso absoluto. Fiz tudinho o que ele me pediu.

Jéssica grávida. Foto: arquivo pessoal.

Aí, com 4 meses, senti o Miguel chutar pela primeira vez. Eu não sabia se chorava ou se ria. Era muita emoção! Até que no dia 25 de novembro tive um sangramento. Fui ao hospital, fizeram exames em mim. Estava tudo bem, apenas um escape de sangue. Dia 26 fui novamente ao hospital com fortes dores e sentia minha barriga pegar fogo. Fizeram os exames que sempre fizeram e foram ouvir o coraçãozinho dele que estava quase parando. O enfermeiro chamou a médica. Ela fez exame de toque em mim e disse que meu útero estava aberto. Eu, sem saber, não falei nada. Me mandaram para casa novamente. Mas pediram para eu retornar na sexta.

Algo não estava certo, eu tinha certeza. Sexta, dia 27, fui bem cedo ao médico. Ela fez o mesmo exame da noite anterior, e disse exatamente assim: “Já esta no canal vaginal”. Eu sentei na maca e perguntei o que significava. Ela seca respondeu: “É UM ABORTO”.

Perdi meu chão. Fiquei arrasada. Queria morrer naquela hora… Mas eu nem sabia que o pior estava por vir. Iriam retirá-lo de dentro de mim. O filho que sempre desejei, que carregava em meu ventre, não iria ficar mais dentro de mim. Eu não tinha consolo… As duas dores eram horríveis, tanto da perda quanto da retirada, ou como eles dizem, a curetagem.

Perdi ele com 5 meses de gestação. Na retirada, eu ouvia o médico contando:”1 pedaço, 2 pedaços… até 6 pedaços…”. Meu filho se despedaçou dentro de mim, meu líquido amniótico esquentou e foi como algo no fogo, se despedaçando…

Minha história de mãe na Terra se entrelaçou com a história de uma pequena luz que veio nos fazer uma visita breve. Miguel não está mais comigo. Na verdade, está sim. Mais vivo do que nunca! Vivo de um jeito perfeito. Sei que ele veio numa missão que era amar e ensinar a amar. E a minha missão como mãe é amá-lo eternamente. Sua passagem deixou tanto amor… tanta saudade… que seria impossível esquecer.

Agradeço imensamente a todos que me apoiaram nessa minha melhor fase. Miguel fez jus ao seu nome e virou um anjo. Te amo e sempre vou te amar. Quanto a dor, vou carregar sempre comigo… até meu último suspiro… mas sei que não posso me entregar. Ele me deixou feliz quando soube de sua breve passagem. E ameniza saber que ele está muito melhor que todos nós.

Miguel Henrique Camasmie, esse seria seu nome… Seria não, é seu nome. Porque ninguém mais o usará ele, somente você, meu príncipe, meu bebê, meu filho… Um dia vamos nos encontrar e vou saber como seriam seus traços, se iria se parecer comigo ou com seu pai. Vou poder enfim te conhecer. Sei que jamais vai me abandonar. Ficará sempre comigo. Agora eu tenho um anjo, meu anjo, meu eterno anjinho♡.”

Jéssica e o marido. Foto: arquivo pessoal.

PAPO DE MÃE:  Querida Jéssica, receba nosso carinho e nossos sentimentos. Fazemos votos que esta dor amenize com o tempo e que você encontre forças para engravidar novamente e receber um lindo e saudável bebê. Assim como você, são muitas as mulheres que passam por abortos espontâneos. Foi por isso que o Papo de Mãe gravou um programa sobre este tema. Recomendamos a todas as mamães que passaram e estejam passando por esta situação. Fique com nossa torcida, mantenha contato, muita fé e força porque temos certeza que o Papai do Céu está cuidando de você, do seu marido e do seu anjo Miguel. Um beijo no seu coração! Obrigada por compartilhar sua história conosco! 

Segue o Papo de Mãe sobre Aborto: 




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