21 de julho de 2011
Mudando de escola no meio do ano Por Maria Irene Maluf*
A princípio não sou a favor e nem contra a mudança de escola no meio do ano, pois entendo que existem algumas situações em que permanecer em determinado colégio pode ser prejudicial para o crescimento. O que discordo é com a facilidade, a superficialidade, a frequência, a falta de coerência com que isso vem ocorrendo por motivos irrelevantes.As razões que levam os pais a apoiarem esse desejo imaturo de seus filhos de fugirem desde cedo dos desafios e de buscarem por si a solução das suas dificuldades de relacionamento ou (em muitos casos) de maior exigência pedagógica, me assustam. Afinal, quem escolheu a escola para matricular o filho, devia saber mais do perfil e das exigências peculiares tanto do filho quanto do colégio. Acatar a mudança para resolver dificuldades de relacionamento com colegas e professores, problemas de conduta ou desmotivação frente a exigências cabíveis e normais dos professores é uma atitude que não só fragiliza a criança e o jovem, como demonstra que seus pais também estão inseguros em uma questão onde já não deveria haver dúvida.De toda forma, mudar de escola no meio ano, quase sempre causa angústia na criança, na sua família e até na nova escola que a recebe. Razões não faltam para isso, pois até mesmo se esquecermos de levar em conta os motivos que provocaram tal atitude dos pais, o que se tem pela frente é de fato complicado: famílias procurando se amoldar às novas exigências de horário, de uniforme, etc. Crianças tentando se adaptar e se socializar em classes com antigos e novos coleguinhas que também vieram de situações escolares estressantes e com professores desconhecidos, os quais também estarão vivenciando com certa ansiedade uma classe com alunos que poderão vir a mudar o perfil já conhecido do grupo, entre outras coisas.Se levarmos então em conta os problemas pedagógicos e comportamentais ocorridos no primeiro semestre pela criança que se matriculou em um novo colégio, a situação se complica ainda mais.Alguns itens não podem deixar de serem levados em conta pelas famílias: mesmo trocando de escola é bem possível que não alterem totalmente os problemas dos filhos. Todos devem estar preparados para essa eventualidade e desde o primeiro dia letivo devem buscar soluções e não ficar apenas confiando que a mudança de colégio, de método, de colegas e professores vá trazer de volta aquele aluno nota dez dos primeiros anos de escolaridade, ou de repente tornar uma criança desmotivada em interessada e envolvida nos estudos, ou até mesmo tornar um aluno com dificuldades de aprendizado no primeiro da classe.Mudar de escola só é válido na última hipótese, quando as questões ligadas ao desenvolvimento mental, emocional e à capacidade de aprender da criança se mostram inadequadamente atendidas por aquele método de ensino ou quando aparecerem questões mais sérias ligadas à autoestima, ao bullying e, mesmo assim, só quando forem incontornáveis.Mudar no final de uma série cursada tem outra significação para o aluno e por isso deve ser sempre uma hipótese a ser levada em conta, pois é mais coerente, dá tempo da criança tentar resolver seus primeiros problemas, ensina a lidar com os obstáculos e fortalece a autoestima infantil. E acima de tudo, mostra que os pais estão empenhados em ajudá-la e que confiam na sua capacidade. Isso é que prepara de fato para a vida.
*Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia e Educação Especial, editora da revista Psicopedagogia da ABPp, coordenadora/SP do Curso de Especialização em Neuroaprendizagem do Instituto Saber/FACEPD. Participou como especialista convidada do Programa Papo de Mãe sobre “meu filho não gosta de estudar” exibido em 19.06.2011. Site: http://www.irenemaluf.com.br/. ***DICA DE HOJE