Mulheres, salvem seus úteros!

Ginecologista esclarece dúvidas sobre remoção de útero. Estima-se que, no Brasil, entre 200 e 300 mil mulheres perdem seus úteros por ano, com a taxa de mortalidade chegando a três óbitos a cada mil cirurgias realizadas.

Roberta Manreza Publicado em 07/03/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h38

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7 de março de 2018


Por Dr. Claudio Basbaum, obstetra e ginecologista

Ginecologista esclarece dúvidas sobre remoção de útero

Estima-se que, no Brasil, entre 200 e 300 mil mulheres perdem seus úteros por ano, com a taxa de mortalidade chegando a três óbitos a cada mil cirurgias realizadas. 60 a 70 % destas cirurgias são feitas por conta de miomas grandes que geram diversas complicações e sangramentos.

Os números são alarmantes e merecem atenção, pois cerca de 50% das mulheres têm ou terão miomas em algum estágio da vida. Em mais de um terço dos casos a cirurgia é realizada em mulheres ainda jovens, em plena fasereprodutiva (até os 38 anos).  

Segundo estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS), a histerectomia ─ operação realizada para a remoção do útero ─ é a segunda cirurgia mais frequente entre as mulheres em idade reprodutiva, perdendo apenas paraascesarianas.  

O ginecologista Claudio Basbaum , fundador da Pró-Matrix Unidade de Orientação, Prevenção e Tratamento da Mulher, é o idealizador e criador da campanha Mulheres, salvem seus úteros!‘.Nas duas décadas desde sua criação,omédicoalertae informa as mulheres para que não submetam-se a cirurgias ginecológicas desnecessárias e em casos que possam ser tratadosclinicamente.A remoção do útero é uma cirurgia grande e que oferece riscos como toda operação. Por isso, a realização dela merece discussão entre médico e paciente.

“É indispensável que o ginecologista avalie criteriosamente o caso,analise os ricos e benefícios, ofereça opçõesde tratamento menos agressivos ou mini-invasivos etire antecipadamente todas as dúvidas da paciente”, defende o especialista.

A histerectomia  deve ser indicada de forma absoluta,  apenas para estes casos:

1.      câncer de corpo uterino

2.      câncer de colo uterino invasivo

3.      úteros muitos volumosos e/ou deformados por múltiplos miomas

4.      hiperplasia endometrial complexa com atipias

5.      câncer de ovário

E pode ter indicação discutível nas seguintes condições:

1.      dismenorréia (cólicas menstruais) de forte intensidade

2.      dor pélvica crônica de origem uterina

3.      endometriose/adenomiose

4.      prolapso uterino (queda do útero)

5.      miomas

6.      sangramento uterino anormal sem causa aparente/ não responsivo ao tratamento

Em geral, quando a indicação para a cirurgia é em função de casos benignos e de sangramentos uterinos anormais, aprimeira opção de tratamento devem ser medicamentoscomo anti-inflamatórios não hormonais, hormônios (progestogênios)  que aliviam a dor e o fluxo menstrual e os “anti-hormônios ” como são denominados os análogos do GnRH.

Nos casos de miomas resistentes ao tratamento medicamentoso, pode ser indicada  a retirada dos mesmos (miomectomia), de preferência por via Videolaparoscópica ou Videohisteroscópica –  ou dependendo do caso, promover  a  embolização de miomas uterinos (desvascularização) que reduz significativamente o tamanho dos miomas , as dores e o volume menstrual excessivo. Assim sendo, estaremos   poupando a mulher de uma cirurgia de grande porte.

Ahisterectomia, mesmo quando realizada por médicoscompetentes, pode causar uma efeitos colaterais imediatos como: febre, infecção urinária, doença inflamatória pélvica, infecção da ferida operatória, sangramento, aderências, complicações anestésicas e lesão de órgãos adjacentes. Podem surgir ainda os efeitos tardios, como distúrbios urináriosprolapso de órgãos(queda da bexiga/reto/cúpula vaginal).“A ideia preventiva de saúde é de respeito absoluto à integridade física e psíquica da mulher”, conclui o médico.

Veja algunsMITOS E VERDADES relativos a retirada do útero por doenças benignas:

A principal indicação para histerectomia é a hemorragia -sangramento uterino anormal- causada por mioma? 

VERDADE 

Com a cirurgia, a mulher para de menstruar definitivamente?

VERDADE 

A ausência do útero influencia no desejo sexual feminino?

MITO 


Após a cirurgia não há necessidade de reposição hormonal?

MITO 


Atualmente o procedimento é reversível? 

MITO 


Mulheres histerectomizadas ficam mais sujeitas às tromboses e ao infarto do miocárdio?

VERDADE 

Em alguns casos opta-se também pela remoção dos ovários e das trompas?

VERDADE 


É recomendável o suporte de um psicólogo após o procedimento 

MITO 

*Claudio Basbaum  – www.promatrix.com.br

O Professor Doutor Claudio Basbaum é médico ginecologista e obstetra, com especialização na Universidade de Paris, França.

 • pioneiro e introdutor no Brasil de diversas técnicas avançadas em medicina como a laparoscopia, a videocirurgia (videolaparoscopia e videohisteroscopia)

e a embolização de miomas uterinos, procedimentos mininvasivos de máxima eficácia terapêutica, com um mínimo de trauma e rápida recuperação.

 • defensor de técnicas menos agressivas à mulher e ao bebê (como o parto de cócoras ou “Parto das Índias”),

 • precursor no Brasil do Parto Humanizado, baseado nas idéias de Frederick Leboyer (“Nascimento sem Violência”),

 • pioneiro na divulgação da técnica Shantala de massagem para bebês.

 Membro do Corpo Clínico do Hospital e Maternidade São Luiz / Grupo D’Or, em São Paulo, o ginecologista defende a população feminina de cirurgias mutiladoras desnecessárias desde há 22 anos, quando criou a Pró- Matrix (Unidade de Orientação, Preservação e Tratamento da Mulher) e as campanhas permanentes “Mulheres, Salvem seus Úteros!” e “Direito à Segunda Opinião”.




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