Número de acidentes com eletricidade deram um salto em 2014

Roberta Manreza Publicado em 23/02/2015, às 00h00 - Atualizado às 17h03

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23 de fevereiro de 2015


Dados da Abracopel apontam para quase 2 acidentes por dia

ABRACOPEL

A Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, única entidade nacional que levanta dados estatísticos sobre acidentes com eletricidade desde 2007, acabou de divulgar os dados relativos ao ano de 2014.

Segundo a entidade, 2014 apresentou um aumento de 17,7% no número total de acidentes envolvendo eletricidade em relação ao ano de 2013. Só nos casos de fatalidade em relação ao choque elétrico, o índice subiu mais de 6% ou seja, em 2013 ocorreram 592 casos de acidentes fatais com eletricidade, este ano o número subiu para 627 mortes. Os homens ainda são maioria esmagadora com 560 casos contra 67 de acidentes fatais vitimando mulheres.

Os acidentes envolvendo eletricidade que, segundo levantamento da entidade somam os choques elétricos aos incêndios por curtos-circuitos e também acidentes envolvendo descargas atmosféricas (raios) foram de 1.222 em 2015 (em 2014, este total foi de 1038 acidentes). O total de acidentes com choques elétricos foi de 822, sendo 627 fatais. No caso dos curtos-circuitos, o total foi de 311 casos, sendo que 295 evoluíram para incêndio resultando em 20 mortes (todas elas em residências). As descargas atmosféricas foram responsáveis por 89 acidentes, sendo que 46 pessoas perderam a vida.

Abaixo um gráfico que mostra os acidentes fatais por choque elétrico mês a mês, sendo fevereiro o mês com maior número de casos e agosto, o menor.

O gráfico abaixo mostra a porcentagem de mortes por choque elétrico entre as regiões do país. Novamente o Nordeste se destaca com quase a metade da totalidade de casos.

Outro dado importante levantado pela Abracopel é o que se refere aos locais em que as pessoas sofrem tais acidentes. Se observarmos no gráfico abaixo, o local que se destaca é o ambiente residencial com 180 mortes.

Se somarmos todos os ambientes habitáveis como casas, apartamentos, sítios, chácaras ou fazendas, além de ambientes externos de prédios residenciais, o número chega a 214, número muito superior aos acidentes em rede aérea.

Por falar em rede aérea, podemos verificar no gráfico abaixo que dos acidentes com rede aérea temos um número significativo de profissionais da construção civil como pedreiros, pintores e ajudantes (34), seguido de eletricistas autônomos (20). Mostrando que as redes aéreas oferecem riscos, mas as pessoas a desrespeitam e se aproximam sem critérios.

Ainda dentro dos dados levantados com acidentes em ambientes residenciais, nos deparamos com dois dados assustadores. O primeiro é no uso de extensões, benjamins e tomadas que dão conta de que 89 pessoas perderam a vida desta maneira e a outra é com relação aos acidentes fatais por condutores (fios) partidos dentro de ambientes residenciais, como podemos ver na tabela abaixo:

A faixa etária que mais vitima as pessoas continua entre os 21 e 40 anos, com 325 mortes. Porém, um número que chama a atenção é o de crianças que perderam suas vidas por acidentes com choques elétricos: entre 0 e 5 anos foram 20 mortes; se formos até os 10 anos, esse número sobe para 34; e se seguirmos até os 15 anos, chegamos a 69 mortes. Evoluindo ainda mais para os adolescentes entre 16 e 20 anos somados às crianças, temos um total de 107 crianças, adolescentes e jovens que perderam a vida em 2014 devido à falta de atenção ou desinformação sobre os perigos da eletricidade.

Os acidentes envolvendo sobrecargas de energia que evoluem para curtos-circuitos e então para incêndios subiram muito em 2014, e a região Sudeste se destaca neste quadro com 39% das ocorrências.

Do total de 295 incêndios originados por curtos-circuitos, 136 ocorreram em ambientes residenciais (casas, apartamentos, sítios, fazendas), sendo que 118 ocorreram em residências unifamiliares (casas). Nestes acidentes em residências, 20 pessoas perderam suas vidas.

Todos estes dados mostram, claramente, a falta de importância que se dá no Brasil quanto aos acidentes envolvendo eletricidade. Não existe investimento neste setor, não vemos campanhas educativas envolvendo crianças e adultos no sentido de uma conscientização para o uso seguro da eletricidade. Enfim, a cultura sobre a segurança com eletricidade no Brasil ainda engatinha.

Dica: Assista ao Papo de Mãe sobre  Perigos da Eletricidade:




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