São três mil duzentas e vinte seis crianças com a síndrome no Brasil
Drª Pompéia Villachan Lyra Publicado em 14/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h28
A Psicóloga, Professora e Pesquisadora do Departamento de Educação e do Programa de Pós Graduação em Culturas e Identidades (PPGECI) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em Parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, Drª Pompéia Villachan Lyra acompanhada pela Pedagoga e Mestranda (PPGECI) Mirella Almeida Farias participou de uma reunião técnica na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) no qual foram apresentados os dados iniciais da pesquisa, Impacto Psicossocial da CZVS em cuidadores(as) do Nordeste Brasileiro – Uma parceria Brasil-UNL, que recebe o apoio da FMCSV e em parceria com a Universidade de Nebraska (UNL).
Necessidades e adaptação psicossocial dos cuidadores de crianças com a Síndrome Congênita do Vírus da Zika no Nordeste Brasileiro
Equipe do Brasil
Coordenação: Pompéia Villachan-Lyra (UFRPE)
Emmanuelle Chaves (UFRPE)
Carolina Marques
Mirella Almeida
Nathaly Ferreira
Thais Naiani
Equipe da UNL
Natalie Williams
Chistine Marvin
Cody Hollist
Malinda Powell
A infecção pelo vírus da Zika durante períodos específicos da gravidez está associada à ocorrência da Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ), um padrão de anomalias congênitas que inclui microcefalia e outras anormalidades cerebrais e deficiências sensoriais graves (FRANÇA et al, 2016). Apesar da atenção global ao surto do vírus Zika no Brasil desde fevereiro de 2016, quando a ONU declarou emergência internacional na saúde pública em resposta à proliferação do vírus Zika, pouca atenção tem sido dada aos fatores psicossociais familiares relevantes para o cuidado de uma criança com a SCZ. Este estudo tem por objetivos avaliar o sofrimento psíquico em cuidadores de crianças com SCZ em Recife/PE e identificar correlatos psicossociais e contextuais do sofrimento psicológico do cuidador. Esse estudo foi realizado em duas etapas. Na etapa 1 (estudo quantitativo), utilizamos questionários visando avaliar a ansiedade e depressão (usando as Escalas Beck de Ansiedade e Depressão; Beck, Steer e Brown, 1996; Beck, Epstein, Brown e Steer, 1988), bem como fatores que influenciam esses sintomas, incluindo estresse parental (Parenting Stress Index-Short Form; Abidin, 2012), estratégias de enfrentamento (Family Crisis Oriented Personal Scales; McCubbin, Olson, & Larsen, 2000) e recursos da família (Family Resource Scale-Revised; Van Horn, Bellis, & Snyder, 2001). Na etapa 2 foram realizadas entrevistas com 10 responsáveis pelos bebês com a SCVZ. A amostra do estudo 1 foi composta por 52 cuidadores de bebês com a SCZ que tinham, em média 31,3 anos (DP = 9,1) e todos relataram uma renda familiar total entre 1 e 3 salários mínimos. Nenhum dos participantes da nossa amostra relatou sintomas graves de ansiedade (pontuação total BAI≥ 26), mas 4 participantes relataram sintomas clinicamente significativos de depressão (escore total do BDI ≥ 29).
Os maiores níveis de ansiedade foram significativamente associados a menores necessidades físicas / abrigo, menor apoio familiar e menor mobilização da família para obter ajuda. Níveis mais altos de depressão foram significativamente associados com maior estresse parental, menos apoio familiar e mais uso de cuidados infantis. A análise das entrevistas realizadas para a fase 2 está em curso. Embora ainda preliminares, entendemos que esses resultados podem contribuir para o desenvolvimento, implementação e avaliação de uma intervenção direcionada para melhorar a capacidade de cuidadores de crianças pequenas com CZVS (incluindo seus pais, especialistas em intervenção precoce e educadores da primeira infância) com vistas a maximizar o potencial de desenvolvimento dessas crianças que, em sua maioria, encontra-se em contexto de vunerabilidade.
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