Entrevistando mais de 2.000 jovens em todo o país, foram identificadas seis formas diferentes dos jovens brasileiros refletirem sobre seus projetos de vida: frágeis; idealizados; centrados na família e no trabalho; centrados no trabalho; altruístas; e no consumo e estabilidade financeira.
Ulisses F. Araújo, Valeria Arantes e Viviane Pinheiro* Publicado em 21/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h00
Uma pessoa sem projeto de vida é como um navio sem leme, já dizia no século XIX o ensaísta e historiador escocês Thomas Carlyle. Essa ideia inspirou muitos cientistas sociais, filósofos e psicólogos no século XX a buscar respostas e ações que deem sentido à nossa existência.
Dois livros publicados no Brasil, ambos pela Summus Editorial, tratam dessa temática de forma didática, pensando em como famílias, escolas, professores e a sociedade em geral precisam estar atentos a esta questão: “O que o jovem quer da vida?” escrito pelo professor William Damon, da Universidade de Stanford; “Projetos de vida”, escrito pelos professores Ulisses Araújo, Valeria Arantes e Viviane Pinheiro, da Universidade de São Paulo. Essas obras ajudam a compreender os valores da juventude contemporânea numa perspectiva que estuda as fortalezas e virtudes humanas e não apenas as debilidades e patologias, com foco em uma dimensão propositiva de como se pode promover a construção de projetos de vida éticos por parte dos jovens, ajudando-os no desenvolvimento de um sentido de bem-estar duradouro por toda a vida, articulado com o encorajamento para que realizem suas mais altas aspirações pessoais e profissionais.
Entrevistando mais de 2.000 jovens em todo o país, foram identificadas seis formas diferentes dos jovens brasileiros refletirem sobre seus projetos de vida: frágeis; idealizados; centrados na família e no trabalho; centrados no trabalho; altruístas; e no consumo e estabilidade financeira. Em outra perspectiva, analisando os sentimentos dos jovens participantes, a felicidade e o bem-estar foram mencionados pela maioria dos participantes em conexão com seus projetos de vida, enquanto a realização pessoal e profissional foi mencionada em menor grau.
As pesquisas e as discussões realizadas pelos referidos autores mostram que famílias e professores precisam apoiar e propiciar aos jovens a oportunidade de conviver com quatro elementos na busca pela construção de seus projetos de vida:
O princípio que norteia as reflexões apresentadas pelos autores é que aqueles jovens que se envolvem na busca pelo projeto de vida com sentido ético adquirem conhecimentos, capacidades, habilidades e experiências que, aos poucos, contribuem para sua formação moral, fortalecendo o autoconhecimento, a autoconfiança e a construção de valores. Além disso, ao se engajarem em projetos dessa natureza, os jovens aprendem a enfrentar situações de adversidade, de fracasso e de derrota, desenvolvendo estratégias para lidar com os conflitos vivenciados. Afinal, essas não seriam as habilidades e competências que queremos que nossos filhos desenvolvam?
*Ulisses F. Araújo, Valeria Arantes e Viviane Pinheiro são professores da Universidade de São Paulo
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