Roberta Manreza Publicado em 19/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h03
Por Camila Cury*, Psicóloga
Um dos perigos do momento são “jogos” em forma de desafios criados com o intuito de ameaçar e coagir crianças e jovens, podendo chegar a situações extremas, que colocam vidas em perigo. Desta vez, tratando-se de uma espécie de personagem, chamada Momo, uma boneca com aparência sombria que é adicionada aos contatos do WhatsApp e envia mensagens de conteúdo violento, agressivo, ameaçador e, novamente, propondo desafios absurdos que envolvem risco de morte. O conteúdo destas mensagens pode, também, coagir os jovens a enviar informações sigilosas sobre a família, contribuindo para a possibilidade de fraudes e ameaças.
Entre os principais riscos destacam-se o roubo de informações pessoais, incitação ao suicídio ou à violência, assédio, extorsão, e o desenvolvimento ou agravamento de transtornos físicos e psicológicos como ansiedade, depressão e insônia, dentre outros.
Normalmente os convites vêm através dos grupos das redes sociais, contatos do WhatsApp, ou mesmo através da troca de informação entre colegas que já tiveram contato com os desafios.
Algumas crianças e jovens podem entrar no desafio por achar divertido ou não saberem exatamente o risco oferecido. Contudo, pode ser que eles estejam vivendo momentos difíceis e procurando por algo que possa envolvê-los, como um projeto a qual possam se dedicar, ou mesmo um grupo do qual possam fazer parte. No caso do jovem, quando este não consegue encontrar um sentido para a sua vida, cumprir os desafios pode ser confundido com uma forma de mostrar o seu valor, capacidades e conquistas. Além disso, os criminosos aproveitam a associação entre a conta do WhatsApp com o Facebook para coletar informações sobre a vítima, e dessa forma ameaçam sua vida e a de seus parentes e amigos, fazendo chantagem para que cumpram os desafios.
Como denunciar?
Caso chegue a seu conhecimento a participação de qualquer criança ou jovem nestas espécies de jogos, é importante agir imediatamente para protegê-lo. Denunciar é essencial, pois você estará contribuindo para a proteção de centenas de pessoas. A denúncia deve ser feita aos administradores da própria rede social onde estiver acontecendo a propagação do jogo, além de informar as autoridades locais ou mesmo a delegacia de crimes sociais. Páginas do Facebook podem ser printadas ou fotografadas e conversas do WhatsApp salvas ou exportadas. Estes dados ajudarão as autoridades e responsáveis a chegar aos possíveis suspeitos e tomar as providências cabíveis.
A proibição do uso da internet aos filhos não é a melhor solução, mas sim a orientação e supervisão do uso. Oriente sobre os riscos que existem e como se proteger: nunca oferecer informações pessoais, comunicar aos responsáveis sempre que notar algum contato ou conversa suspeita, entender que não se pode confiar em todo mundo, ser estimulado a utilizar os recursos da internet de forma saudável. Esteja atento à criança ou jovem enquanto estiver no celular, supervisionando o uso.
Crescer e se desenvolver em um mundo complexo e arriscado não é fácil, e a tecnologia não é a vilã; é apenas uma forma de propagação de problemas que sempre existiram, mas que apresentam uma nova roupagem para nossa época atual.
Devemos estar alertas, estar atentos, mas mais do que isso, estar presentes.
*Camila Cury é Psicóloga e Diretora Geral da Escola da Inteligência, Programa Educacional idealizado pelo renomado psiquiatra, escritor e pesquisador, Augusto Cury, que tem como objetivo desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar.
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