Precisamos atualizar nosso software mental”, diz neurocientista Sidarta Ribeiro

Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, estamos num desafio da espécie que nos obriga a rever a relação com a natureza, os padrões de consumo e o nosso tamanho no mundo.

Roberta Manreza Publicado em 03/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h08

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3 de setembro de 2020


Por TV Cultura
Texto de Renata Malheiros

Getty Images

Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, estamos num desafio da espécie que nos obriga a rever a relação com a natureza, os padrões de consumo e o nosso tamanho no mundo

Novo normal? Dá para chamar esse momento estranho assim? Definitivamente, não. Não tem nada de habitual no que estamos vivendo desde meados de março. Mas por outro lado essa parada obrigatória mundial vem sendo “construída” pela humanidade durante um longo processo. “Estamos num desafio da espécie humana, a ciência já está falando disso há séculos”, disse o neurocientista Sidarta Ribeiro, durante o Encontros Digitais Cultura, mediado por Mariana Kotscho e Roberta Manreza. “A pandemia colocou tudo em xeque. Se não tem saúde para um, não tem para ninguém. A gente estava caminhando muito mal na relação com o meio ambiente e no que diz respeito à desigualdade social. Precisamos fazer um upgrade, uma atualização do nosso software mental”, reforçou Sidarta, que durante a live compartilhou vários pensamentos com a cantora Mônica Salmaso.

A artista produz sem parar durante a pandemia e sua arte tem dado amparo a muitos artistas e fãs Brasil afora. “Brinco que 2020 tem sido o ano que não aconteceu. Por outro lado, como sou formiga, não paro de trabalhar. Tive um primeiro momento de onda criativa e ação. Depois veio o momento do “e aí”, das reservas finitas, de esticar a corda e repensar a vida. Nunca tinha vivido uma vulnerabilidade desse jeito. De repente senti isso e me deparei que tem muita gente que nasce e vive assim”, revelou Mônica, que disse ainda que o momento ajudou a ter ainda mais empatia, de rever os padrões tidos antes como “normais”.

Sidarta completou o que Mônica disse falando sobre as chamadas “três chaves”, ou grupos de pessoas com olhares diferentes para a pandemia: o primeiro é aquele que quer que tudo volte a ser como era antes; o outro é aquele que aproveita a crise para reformar, criar mecanismos que levem ao bem-estar social, a rever o padrão de consumo, a nossa relação com a natureza; e por último vêm os abutres, os que aproveitam a situação para se dar bem e ponto.

“A pandemia separou ainda mais as pessoas, as classes sociais. Os pobres ficaram ainda mais pobres. Vamos falar sério sobre amor, respeito, sobre compartilhar”, finalizou Sidarta. “Sigo acreditando na capacidade de mudar os padrões. Quem não tem conforto pode se fazer ouvir nesse momento em que as coisas estão mais à flor da pele, esse momento de mais sensibilidade”, finalizou também Mônica, se referindo à desigualdade social e ao racismo, tão presentes ainda no Brasil.

A entrevista completa está disponível no canal do YouTube da TV Cultura: