Roberta Manreza Publicado em 05/09/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h55
Psicopedagoga e médico neuropediatra ensinam o que os pais devem fazer caso os filhos apresentem dificuldades para aprender a ler
Quem é mãe ou pai costuma ter medo de que o filho apresente dificuldades de aprendizado na escola. Ainda que esse medo exista, é necessário que ele não seja maior que a vontade de solucionar o problema. “Infelizmente, muitos pais tendem a não aceitar que o filho tem um problema, e por isso demoram a oferecer a ajuda ideal”, conta a psicopedagoga Luciana Brites, especialista em Educação Especial e fundadora do Instituto NeuroSaber. Segundo o médico neuropediatra Dr. Clay Brites, que também é fundador do instituto, as crianças devem aprender a ler e escrever entre os seis e sete anos. “Após essa faixa etária, quanto mais ela demora para dominar a escrita, mais difícil vai ser o processo”, completa o médico.
Como identificar o problema:
Segundo os especialistas, é importante entender que a alfabetização vai além do conhecimento das letras do alfabeto. “Ela exige que se aprenda a juntar todos os sons representados pelas letras, criar a união dos sons na sequência, formar as palavras e delas tirar um significado”, explica Luciana Brites. “Não basta conhecer as letras, é preciso ter uma elaboração cognitiva para perceber esses sons”, completa.
Segundo Dr. Clay Brites, durante o processo de alfabetização na escola, os pais devem observar se os filhos já conseguem ler e escrever. “Aos nove anos, a criança já deve ter aprendido essa etapa e conseguir realizar a leitura e escrita sem dificuldade, caso contrário, os pais devem buscar ajuda”, alerta, destacando que a decodificação das letras deve ser feita de forma automática.
O que fazer diante da dificuldade
Os especialistas ensinam que, ao perceber um problema de alfabetização, os pais devem se questionar, inicialmente, se a criança está vendo ou escutando bem. “O primeiro passo é fazer exames para verificar se a criança tem alguma perda visual ou auditiva”, ensina a psicopedagoga.
Segundo o neuropediatra, caso o problema da criança não seja para enxergar ou escutar, em seguida devemos pesquisar como foi o processo de aprendizagem. “Ele teve um processo adequado de alfabetização? Como foi o estímulo dessas habilidades de consciência fonológica e discriminação auditiva?”, elenca, explicando que é preciso que a criança aprenda a relacionar as letras com os sons.
Caso o ensino tenha sido realizado com eficiência, é possível pensar na possibilidade de um distúrbio de aprendizagem ou deficiência intelectual.
Como buscar ajuda no tempo certo
Segundo a psicopedagoga, os pais que percebem dificuldades no processo de alfabetização da criança devem procurar por profissionais capacitados, como neuropediatras ou fonoaudiólogos. “São eles que saberão dar o diagnóstico correto e orientar o tratamento necessário”, afirma.
Por fim, os especialistas alertam que é preciso estar atento ao processo de alfabetização para que a criança receba o tratamento e cuidado no tempo certo. “Muitas mães, pais e escolas só encaminham a criança quando ela já chegou aos 12 anos, e com isso já se perdeu muito tempo”, alertam, concluindo que é normal que alguns pais sintam receio, mas não se deve negar a possibilidade de um problema. “É melhor pecar pelo excesso que pela falta”.
Dr. Clay Brites – CRM 16787-PR
Pediatra (RQE: 12.173) e neuropediatra (RQE: 35) formado pela Santa Casa de São Paulo, vice-presidente da Abenepi Capítulo Paraná; Pesquisador do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos da Atenção, além de membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Luciana Brites
Pedagoga especializada em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Unifil Londrina.
A Luciana Brites é especialista em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação Ispe – Gae São Paulo, além de coordenadora do Núcleo Abenepi em Londrina.
Instituto NeuroSaber
Tem como missão, levar conhecimento sobre Aprendizagem, Desenvolvimento e Comportamento da Infância e da Adolescência, tendo como base profunda fundamentação teórica, com uma linguagem simples e um grande diferencial: aplicabilidade prática, para pais, avós, tios, professores e profissionais liberais da área.