Que tipo de repelente usar contra Dengue?

Roberta Manreza Publicado em 13/03/2015, às 00h00 - Atualizado às 17h59

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13 de março de 2015


Marcelo Reibscheid, pediatra*

Muitas pacientes me pediram para escrever algumas palavras sobre a DENGUE. Sinceramente, me vi na obrigação de escrever após um absurdo ocorrido nas redes sociais e em grupos de trocas de mensagens com a viralização de um áudio sobre a “nova dengue”, “mutações da dengue”, “dengue nova”. Ouvi o áudio algumas vezes e, cada vez que ouvia,  ficava mais impressionado com os absurdos falados. Me parecia mais que estavam descrevendo o Wolverine do que o mosquito Aedes Aegypti.

Bom, vamos aos fatos. Nada mudou em relação aos anos passados, tudo continua igual, tanto as taxas de transmissão, quanto os cuidados que todos devemos ter para a não proliferação do mosquito. Fiquei muito aliviado quando o Secretário de Saúde de São Paulo, Dr. David Uip, veio em rede pública e desmentiu esse áudio. Não vou ficar aqui escrevendo sobre a doença. Quem tiver interesse, veja um artigo no meu site que poderá ajudar vocês a entenderem um pouco sobre a doença.

O que quero e me pediram para falar é sobre os REPELENTES, pois, como sempre, neste desespero, e nessas informações desenfreadas, só se ouve uma coisa nas farmácias: “ESGOTADO”. Isto porque vem se falando muito por não especialistas que só existe UMA marca de repelente que atuaria contra o Aedes. Afinal, isto é verdade? NÃO. Para vocês entenderem vou falar um pouco dos tipos de repelentes:

A grande maioria dos repelentes de insetos contém DEET, designação dada ao composto N-Diethyl-meta-toluamida, um ativo eficaz na repelência de insetos. A grande dúvida em relação a eles seria a partir de qual idade podemos utilizar?

Basicamente, estas são as normas para seu uso, segundo o FDA e a ANVISA:

– Os repelentes com percentual de DEET de até 10% podem ser utilizados em crianças a partir de 2 anos de idade.
– Para repelentes com percentuais de DEET acima de 11%, a aplicação em crianças abaixo de 12 anos não deve ser feita.

Os repelentes mais famosos com DEET são: OFF e Autan.

Alguns estudos mais atuais já liberaram este tipo de repelente a partir de 2 meses. Eu, particularmente, no consultório, peço que não seja usado este tipo de produto antes de SEIS MESES DE IDADE.

O outro grupo de repelentes são aqueles que possuem Icaridina ou Picaridina. Alguns estudos demonstram maior eficiência deste para o mosquito da dengue, mas nada que impeça os demais de serem usados. Sua prescrição segue as mesmas linha dos DEET no aspecto idade. O repelente aqui no Brasil que possui esta substância é o Exposis.

Podemos chamar também de repelentes os chamados naturais à base de substâncias naturais, como por exemplo a citronela. Sinceramente, acho que estes se classificam mais como loções anti-mosquito do que os repelentes clássicos, e não vejo nenhuma utilidade neste tipo de situação.

Em crianças menores de 6 meses podemos usar mosquiteiros, ventiladores no ambiente, e também velas de essências especiais, mas sempre lembrando que nunca terão a eficiência dos repelentes.

Devemos lembrar sempre que a utilização deste tipo de produto deve ser feita por adulto, tomando-se muito cuidado com olhos e mucosas, e que o ideal é que não seja utilizado mais do que TRÊS vezes ao dia!

Portanto, sem desespero se você não encontrou aquela marca que sua amiga falou. Todos os repelentes de boa marca podem fazer esta prevenção. Sempre lembro que tão importante quanto o repelente, são os cuidados para não ajudarmos a disseminar o mosquito da dengue e, obviamente, se soubermos de alguma região de risco, não devemos nem passar perto dessas áreas.

*Dr. Marcelo Reibscheid é pediatra (Hospital São Luiz/SP  e Clínica Infantil Reibscheid), pai de 2 filhos e colaborador do Portal Papo de Mãe. Site:  www.pediatriaemfoco.com.br




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