Na casa de Liliane, fotos da menina estão espalhadas pelo quarto. Ela não se cansa de assistir aos vídeos gravados no ano passado pouco antes de sair de Portugal. É tudo o que ela tem da filha que ficou no país. No Brasil, a internet tem sido uma forma de manter a relação entre mãe e filha, mas Liliane diz que desde que voltou, em setembro de 2014, cada vez menos ela consegue ver e falar com a criança. Segundo ela, já chegou a ficar até dois meses sem notícias da filha.
“É muito difícil ficar longe dela. Ela era muito agarrada comigo. Era muito triste também quando eu estava lá e tinha que vir embora e ela não podia vir comigo. Eu a via quase todos os dias nas primeiras semanas, quando eu cheguei (de volta ao Brasil). Depois passei a ver duas, três vezes por semana, às vezes as ligações não duravam 5 minutos, até que ele (o pai) deixou de responder as mensagens, já não dizia se a menina estava mal ou estava bem”, disse a costureira Liliane Fraga.
decisão da justiça (Foto: Reprodução EPTV)
Romance sem fronteiras
Liliane conheceu o ex-marido Carlos Alberto pela internet em 2009. Depois de alguns meses de namoro, a costureira decidiu se mudar para Portugal, e lá, o casal morou junto por um ano até se casarem. Em 2013, nasceu a menina Larissa. Após a licença maternidade, Liliane voltou a trabalhar, e segundo ela, foi aí que os problemas começaram. Por ciúmes, o casal começou a brigar e até boletins de ocorrência foram registrados.
Os desentendimentos chegaram ao conhecimento da Comissão de Proteção à Criança, que é o órgão equivalente ao Conselho Tutelar no Brasil, que disse que um dos dois teria que sair de casa, e com isso, deram temporariamente a guarda da criança aos pais de Carlos.
“Eles alegaram que eu tinha menos condições do que ele, que eu trabalhava muito, que eu não tinha ninguém lá comigo caso acontecesse alguma coisa com a criança”, disse a costureira.
Sem alternativa e desempregada, Liliane voltou para a casa dos pais em Candeias. Para a avó, que só conhece Larissa pela internet, eles estão de mãos atadas.
“Eu me coloco no lugar dela como mãe. Eu tenho filho em Belo Horizonte e eu ligo para ele até duas vezes no dia. Agora imagina ela, que não pode ver a filha, é muito cruel”, disse a avó da criança, Vanilda Lopes de Almeida Fraga.
Briga pela guarda
No Brasil, Liliane já pediu a ajuda do Itamaraty, que disse que não pode interferir nas leis e decisões de outro país. Apesar disso, o órgão ofereceu, através do Consulado Brasileiro em Portugal, uma pessoa que mantivesse o contato com a advogada dela. Mas Liliane tem pressa, já que a guarda dos avós paternos vence no final deste mês e ela precisa voltar para lá para tentar recuperar o direito de criar a filha.
Enquanto não tem condições de ir até Portugal, Liliane diz que deseja apenas estabelecer um dia e um horário semanal para conversar com a filha pela internet. Segundo ela, o último contato com Larissa foi no dia 7 de março durante apenas 15 minutos.
“Eu sei que todos os dias, apesar de saber que ele vai lá todos os dias (na casa dos avós paternos), pode ser complicado. Mas pelo menos aos fins de semana. Eu já propus que não seja um horário que ela esteja jantando ou algo assim”, completou Liliane.
A palavra do pai
Por telefone, Carlos Alberto da Cunha Mendes diz que não impede a mãe de ver a filha e que só está seguindo a decisão da Justiça. Ele ainda acusa a ex-mulher de ter abandonado a filha.
“Ela tem os nossos contatos, ela ligava para os nossos celulares, ligava para saber onde está a menina. Sobre essa situação, está em tribunal, está na Justiça aqui em Portugal. Ela se ausentou do país, ela deixou a menina, uma menor de idade”, disse o pai.
No Brasil, Liliane só pede ajuda para não perder a menina. “Eu só quero que o pai me dê alguma notícia, que fale alguma coisa, que me deixe vê-la. Eu sempre estou vendo as fotos dela, faço montagem de fotos, eu penso nela quando eu me deito e quando eu me levanto”, disse a costureira.
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Nota da Redação Papo de Mãe: No início deste ano, Liliane nos enviou esta mensagem: “Boa tarde, por favor, peço que assistam ao vídeo que tenho em minha página. Preciso muito de ajuda. Obrigada! Liliane Fraga, Candeias (MG)”. Continuamos na torcida para que tudo se resolva da melhor forma possível. Quem de alguma forma puder ajudar, fica aí o apelo. Para maiores informações: https://www.facebook.com/todospelalarissa