RELATO DE UMA PERDA + DICA DE LEITURA

pmadmin Publicado em 17/05/2011, às 00h00 - Atualizado às 14h37

17 de maio de 2011


Olá! Esta semana estamos falando sobre um tema bem delicado: PERDAS. No programa, pudemos conferir algumas dicas sobre como abordar este tema com crianças e adolescentes. E como sempre, nossos telespectadores também têm a sua vez! Hoje, quem nos escreve é a  Ana Cristina, de São Pedro da Aldeia/RJ. Neste relato, ela nos conta como foi para seu filho perder a bisavó tão amada. Este relato serve de alerta aos pais, que na correria do cotidiano, muitas vezes, podem não se dar conta de que deteminados comportamentos dos filhos podem estar ligados a algum tipo de perda, seja ela qual for. “Eu moro em uma cidade pequena chamada São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, RJ, com mais qualidade de vida que nos grandes centros urbanos. Desde que meu primeiro filho nasceu, ficávamos diariamente na casa da minha avó, que era em frente a minha casa, pois ela morava sozinha e gostávamos de lhe fazer companhia. Mesmo quando voltei a trabalhar, minha empregada levava o Pietro lá todo dia para visitá-la e depois dar uma volta no quarteirão. Era uma rotina. Minha avó era apaixonada pelo meu filho e adorava mimá-lo. Fazia comidinhas especiais para ele, ficava na cadeira de balanço com ele no colo ou, às vezes, simplesmente ficava junto. Eventualmente, meu pai vinha e passava longas temporadas na casa dela, o que aumentava a convivência com o neto, já que ele morava longe.
Lembrança da “bivó”

Quando Pietro tinha quase 2 anos e meio, minha avó ficou muito doente, e num intervalo de pouco mais de 1 semana faleceu. Ela morava sozinha, apenas com o cachorro, Spike, que meu filho adorava. Quando ela morreu, a casa ficou fechada, ninguém tinha mais vontade de ficar lá. O cachorro foi morar com meu pai, que também não veio mais. Como a minha avó não estava mais lá, as voltas do Pietro no quarteirão também não aconteceram mais e ele nunca mais viu sua “Bivó”.

 Como eu fiquei muito triste, não tinha percebido as mudanças na nossa rotina. Estava curtindo minha dor sozinha e não percebi que ele tinha sido o mais afetado. Fui chamada na escola, pois meu filho estava apresentando um comportamento muito agressivo. A coordenadora pedagógica me perguntou o que houve, pois Pietro era muito calmo e participativo, e num passe de mágica ficou agressivo, falando palavras ofensivas (compatíveis com a idade dele: boba, feia, cocô, etc…) e esse comportamento não era normal. Insistiu várias vezes em saber o que tinha mudado na rotina dele e eu dizia “nada”. Ela insistia “você está trabalhando mais, o pai, mudou de empregada…” e eu insistia que nada havia mudado. De repente não pude me conter e me debulhei em lágrimas. Fazia 1 mês que minha avó tinha morrido e eu não percebi como meu filho sofreu… Me senti péssima, como não vi os sinais de sofrimento dele? Com apenas 2 anos e 6 meses, perdeu da noite para o dia a querida “Bivó”, a casa que ele adorava ir, o cachorro, a presença do avô e os passeios no quarteirão…Hoje em dia, quando ele lembra da Bivó ele pergunta “por que ela foi morar com Papai do Céu?”. Além de tudo, acha que todo mundo que tem cabelo branco vai morrer logo. Tenho que conversar mais com ele sobre isso…” (Por Ana Cristina)***

Clique aqui e confira também o relato da Edjane, de Aracajú/SE, do Blog Conversinha de Mãe.

DICA DE LEITURAMenina NinaDuas razões para não chorarNesta obra, o cartunista Ziraldo trata a morte de um jeito simples, como criança entende. Além de fazer uma homenagem à mulher com quem passou mais de 40 anos, ele  tenta confortar os netos, os filhos e a si mesmo. O livro no qual Ziraldo conversa com a neta sobre a morte da avó também virou peça de teatro. Confira também a matéria da Revista Crescer sobre o tema clicando aqui.


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