Sangue do cordão umbilical: vale a pena armazenar?

Roberta Manreza Publicado em 17/03/2015, às 00h00 - Atualizado às 14h35

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17 de março de 2015


Por Bruna Ramos  Fonte: Portal EBC

O sangue do cordão umbilical é rico em células-tronco. Se armazenado, na hora do nascimento do bebê, pode ser utilizado para tratar doenças hematológicas, como por exemplo cânceres das células sanguíneas e outras disfunções do sistema de produção ou funcionamento das células do sangue quando há a necessidade de transplante.

Creative Commons – CC BY 3.0 – Apesar das expectativas, são raros os relatos de utilização do sangue do cordão umbilical

Apesar de haver grandes expectativas quanto à utilização deste material, o diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Alfredo Mendrone, afirma que a única indicação precisa, absoluta e definida na literatura para a célula-tronco é no transplante de medula óssea. “Todas as outras utilizações, em regeneração de tecidos e em terapia celular, ainda são experimentais”, explica.

De acordo com nota da ABHH, “no Brasil, os bancos privados de sangue de cordão têm alimentado um comércio baseado em propaganda enganosa, uma vez que vendem a ideia de que com esse ato é possível garantir qualidade de vida e salvamento em casos de doenças no futuro.” Para a Cryopraxis, primeiro banco de sangue de cordão umbilical privado do país, porém, este conceito é uma generalização. “A Cryopraxis informa aos clientes sobre os usos reais e as pesquisas em andamento. Hoje em dia, tantos os clientes, como os médicos, estão melhor informados sobre as utilizações, pesquisas e possibilidades de utilizações futuras”, defende a Gerente de Produção, Janaína Machado.  Na prática, são raros os relatos da realização de transplantes de sangue de cordão autólogo (células-tronco do sangue de cordão do próprio indivíduo transfundido para ele mesmo) em nível mundial.

No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), das mais de 90 mil bolsas de sangue de cordão umbilical e placentário armazenadas nos bancos privados, apenas duas foram empregadas para uso terapêutico, ao longo do ano de 2013. Se for considerado o retrospecto de dez anos de armazenamento privado no Brasil, foram utilizadas para terapia 13 unidades, destas, apenas 5 para uso do próprio bebê.

Uma alternativa à utilização de bancos privados é o armazenamento do sangue do cordão umbilical em bancos públicos. Nestes bancos, as células-tronco armazenadas são provenientes de doações voluntárias, que são realizadas de forma sigilosa e com o consentimento materno. Nos bancos públicos, as células poderão ser utilizadas por qualquer pessoa desde que haja compatibilidade. Em comparação aos bancos privados, a Rede BrasilCord de bancos públicos distribuiu para transplante 29 bolsas, apenas nos anos de 2012 e 2013.

“Cada indivíduo tem a opção de armazenar para o próprio filho ou doar para um banco público. Os serviços não são concorrentes. Nas utilizações apresentadas no relatório (da Anvisa), o que seria dos pacientes se os pais dos mesmos realmente tivessem acolhido a informação que este material não serve para nada, que é uma panaceia, que a possibilidade de uso é mínima? Para estas pessoas a possibilidade de uso foi de 100%”, contemporiza Janaína.

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