Em entrevista ao Papo de Mãe, a pediatra Paula Borelli Barros explica o que é a sarna humana, sua transmissão, sintomas e como tratar a doença
Maria Cunha* Publicado em 01/07/2021, às 15h58
A escabiose, também conhecida como sarna humana, é uma doença infecciosa causada pelo ácaro Sarcoptes Scabiei, que atinge a pele e leva ao aparecimento de sintomas como coceira intensa e vermelhidão.
A pediatra Dra. Paula Borelli Barros conversou com o Papo de Mãe e explicou que a sarna humana pode infectar qualquer idade, desde bebês até idosos.
De acordo com a pediatra, o contágio da sarna humana não é via animal. “Isso é muito importante, porque as pessoas acham que pegam sarna de cachorro e a gente não pega”, explica a Dra. Paula.
A transmissão acontece de pessoa para pessoa, seja por meio de contato com alguém com a doença, roupas infectadas, objetos, tecidos, uma poltrona ou um banco estofado de tecido que você ficou sentado por muito tempo e que estava contaminado.
A sarna é altamente transmissível, então se eu ficar em contato com essa criança no meu colo, eu vou pegar, eu vou passar, ela mesma vai passar pros irmãos e vai contaminar uma casa inteira. Se você pensar na população de baixa renda que mora em ambientes pequenos e divide tudo, fica mais complicado, o controle é mais difícil.
A médica relata que quando alguém tem contato com o ácaro, em questão de horas, já está doente."Ele perfura a sua pele e se reproduz nela. O macho morre e a fêmea vai fazendo túneis por ela. Ela começa a depositar ovos nos túneis, são as larvas. Essas larvas vão se rompendo, em média, durante 21 dias, depois começam a explodir. Então, esses bichinhos vão para a superfície da sua pele, se reproduzem, mais túneis e mais ovos".
A pediatra conta que um dos principais sintomas da sarna é uma coceira enlouquecedora,como ela mesma afirma. “Você coça demais, é incontrolável”.
Além disso, ela explica quais são os principais lugares que tem comprometimento, os lugares “quentes”: virilha, abdômen, região de axila, entre os dedos das mãos e dos pés.
A Dra. Paula Borelli Barros ainda pontua que a coceira dá uma piorada muito importante de noite. “É horrível, a criança não dorme e se coça a noite inteira e o adulto também”.
Outro caso muito comum é as mães que estão com sarna contaminarem seus bebês.
“No consultório, já chegou para mim alguém se coçando, aí você vai olhar e ela está coçando na região em que o bebê encosta, na região lateral do corpo, que é onde o bebê está em contato com essa mãe, então é muito comum a mãe e o bebê pegarem”.
A Dra. Paula completa ao dizer que o diagnóstico é clínico, não são feitos exames. A médica explica que uma forma de confirmar a doença é visualizando os túneis, que são possíveis de enxergar facilmente.
É muito característico a coceira, o tipo de lesão, a localização. Ambientes fechados, agora a gente teve um surto lá na região da Praia Grande, onde estava frio, as pessoas mais simples moram em ambientes fechados, usam a mesma cama, o mesmo lençol, a mesma toalha, então você tem uma transmissão mais acelerada.
Quando demora muito o diagnóstico, a médica explica que além dessa criança desenvolver irritabilidade, alteração do sono e até diminuição de apetite, pelo nervoso, as lesões podem infectar.
“Então, vai fazer uma infecção com bactéria, secundária, em cima dessa pele, de tanto que se coçou, faz feridas horríveis e você pode ter uma complicação, até uma infecção mais grave, tem que internar para tratar com antibiótico por conta da falta de diagnóstico”.
Entretanto, a Dra. Paula Borelli Barros relata que a sarna, na pediatria, é uma doença comum, vista e diagnosticada com muita facilidade.
A pediatra conta que existem medicações tópicas utilizadas para tratar a sarna, como a permetrina. Já em crianças pequenas, com menos de 15 kg, geralmente ela recomenda a utilização de uma solução manipulada.
“Eu tenho algumas fórmulas para mandar fazer que eu ponho até um pouco de hidratante, porque a pele resseca e piora a coceira. Então, a gente passa o produto, a criança dorme e, no outro dia, ela toma banho e tira, vai usando”, explica a Dra. Paula Borelli Barros.
Um ponto importante é que não se usa mais sabonete para sarna. A médica lembra que, no passado, isso era um hábito, mas piora muito a pele.
“As pessoas usavam muito sabonete de enxofre e é comum ir em uma farmácia de bairro é isso ser orientado, mas é só pior para criança, porque resseca mais a pele e a coceira piora muito”.
A Dra. Paula Borelli Barros ainda cita a ivermectina, medicamento que, para sarna, é extremamente eficiente. “O uso é de forma semanal, uma vez por semana, três semanas, costuma ser o suficiente”.
Por fim, a médica explica que alguns dos cuidados necessários envolvem, principalmente, higiene, então se há uma criança com sarna em casa, é preciso trocar a toalha de banho, os lençóis e as roupas diariamente.
“Trocar tudo, lavar com água quente, passar vinagre e passar ferro quente depois de seca”, conclui a pediatra Dra. Paula Borelli Barros.
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe
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