10 de março de 2010
Olá, pessoal!Depois de um breve intervalo para comemorar o Dia Internacional da Mulher, estamos de volta com mais
papo sobre SONO. A nossa repórter Rosangela Santos conversou com a neuropediatra
Márcia Pratella Hallinan, especialista em distúrbios do sono, que falou com excusividade para o Papo de Mãe. Confiram a entrevista! Um grande beijo e até mais!
RS: Qual a diferença entre terror noturno e pesadelo?MH: O terror noturno acontece no momento da mudança de um tipo de sono para outro. Então, quando a criança passa de um tipo de sono para o outro ela tem essa manifestação que, muitas vezes, é muito exuberante. Isso faz a gente pensar que a criança está se defendendo, que ela está tendo um sonho ruim. Mas, na verdade, ela não tem nenhuma consciência do que está acontecendo. Se ela acordar logo depois da crise, ou no dia seguinte, e for perguntado o que aconteceu, ela não vai saber responder. Já o pesadelo acontece no momento do sono em que a gente tem sonhos mesmo. Quando a gente tem aqueles sonhos vívidos, que parecem um filme. Então, a criança acorda muito assustada e, às vezes, vai até o quarto dos pais. Mas ela vai falar “eu tive um sonho mau, eu sonhei com uma coisa que me deixou muito assustada”. Então, a diferença fundamental é essa. No pesadelo, ela vai contar o que sentiu, o que houve. No outro caso (terror noturno), é mais a manifestação, mas a criança realmente não tem noção do que aconteceu.
RS: O que fazer durante uma crise de terror noturno?MH: Esperar. Só esperar. Veja se ela está respirando bem e espere. A crise vai durar de três a cinco minutos na maioria das vezes. Não se deve chamar ou tentar acordar porque ela não vai entender nada.
RS: Comer muito antes de dormir faz mal ou é crendice?Não é crendice. Na verdade, isso se aplica mais aos pesadelos mesmo porque a gente sabe que, quando estamos em processo digestivo, todo nosso sangue – grande parte dele – vai trabalhar para, justamente, digerir aquilo que a gente comeu, absorver as vitaminas, etc. Aí sobra menos para o cérebro… Então, não é recomendável, nem pro adulto nem pra criança, comer muito próximo do horário de dormir. O ideal é que isso seja feito pelo menos duas horas antes do horário de dormir, justamente para a gente ter uma entrada no sono mais tranquila, mais adequada…
RS: Distúrbios do sono são mais comuns em crianças?MH: Com certeza eles são muito mais prevalentes na criança. Nos bebês, 40% deles vão ter uma ou outra crise. Na criança em idade escolar, 30 %. Adolescentes, 15%. E adultos 1%. Tudo isso quando se fala em distúrbios não respiratórios, pois com distúrbios respiratórios é diferente.
RS: E quais são as recomendações para evitar este tipo de problema?MH: O pesadelo, por exemplo, acontece ao longo da vida. Mas ele também é muito mais favorecido por situações estressantes. Então, na criança, a gente sempre recomenda não deixar assistir filmes ou desenhos muito violentos, ou até mesmo telejornais.
RS: O local do sono influencia? MH: Também influencia. Claro que a gente sempre orienta que seja um local agradável, ventilado. A recomendação atual é que se coloque uma luz fraquinha azul no quarto da criança. O comprimento de onda da luz azul favorece a entrada no sono e a manutenção das ondas elétricas do cérebro mais uniformes. Isso faz com que o sono fique, digamos, mais tranquilo. Então, desde pequenininho, a gente já orienta os pais a colocar uma luzinha azul bem fraquinha.