Suicídio: precisamos falar sobre este assunto

pmadmin Publicado em 10/09/2013, às 00h00 - Atualizado em 13/10/2014, às 11h27

10 de setembro de 2013


Por Leticia BragagliaHoje é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A data, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde, coincidiu tristemente com a notícia de que o ex-baixista do grupo Charlie Brown Jr, Champignon, foi encontrado morto no começo desta semana em São Paulo, depois de dar um tiro na cabeça.
O fato, que chocou os fãs do músico, ganhou as manchetes e provocou o inevitável questionamento: por que falar sobre o assunto ainda é um tabu tão grande, não só na imprensa mas em toda a sociedade? Por que só abrimos espaço para a abordagem do tema quando uma celebridade está envolvida?A verdade é que este é um assunto extremamente delicado e doloroso, que foge à lógica de preservação da vida, instintiva e inerente ao ser humano. Daí vem o silêncio. As redações alegam que reportagens com enfoque descuidado podem estimular novos suicídios e romantizar o ato.  Já nas famílias que perdem alguém desta forma, a dor é tão grande que, muitas vezes, acaba soterrando qualquer tentativa de lidar com a perda.É imprescindível ressaltar, no entanto, que este é sim um assunto de saúde pública, e falar sobre suicídio é importante, já que algumas informações podem efetivamente salvar vidas. Um simples dado mostra isso: o suicídio é prevenível em 90% dos casos, segundo a OMS. A Organização fez um amplo estudo e analisou o histórico de 15.629 suicídios em diversas partes do mundo. De cada 10 casos analisados, 9 estavam relacionados a alguma patologia de ordem mental diagnosticável e tratável, como transtornos de humor (depressão), transtornos relacionados ao uso de substâncias, transtornos de personalidade, esquizofrenia etc. Ou seja, através desse levantamento, foi possível estabelecer “inequivocamente, um elo entre dois grupos de fenômenos: comportamento suicida e doença mental”.

Outras informações impressionantes:

– a cada ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas morrem em todo mundo por suicídios;
– um crescimento de 60% nos últimos 45 anos;
– para cada caso consumado de suicídio há 20 tentativas;
– embora tradicionalmente o número de suicídios seja maior entre idosos, verifica-se o aumento da incidência de óbitos por esta causa entre os mais jovens.

CVV

Nesse contexto, merece atenção o trabalho realizado há 51 anos pelo CVV.O Centro de Valorização da Vida realiza um serviço de apoio emocional e prevenção do suicído reconhecido como de utilidade pública pelo próprio Ministério da Saúde. Fundado em 1962, OCVV está presente hoje em 18 estados (mais o Distrito federal), onde mobiliza um exército de 2.200 voluntários que se disponibilizam para ouvir com atenção quem liga procurando ajuda: alguém que deseja conversar, desabafar, compartilhar o que quer que seja. Há também aqueles que pensam em se matar. O voluntário guarda sigila da conversa e não julga aquele que faz contato.Pela experiência dos voluntários, a escuta atenciosa já salvou muitas vidas. 

A experiência do CVV –elogiada por técnicos do Ministério da Saúde como a melhor iniciativa não governamental de prevenção ao suicídio no país – revela os efeitos colaterais de uma sociedade cada vez mais apressada e impaciente, onde a simples oferta de uma escuta amorosa, em boa parte dos casos, faz toda a diferença.O atendimento se dá pelo telefone 141 (24 horas por dia), ou pessoalmente nos 72 postos existentes no país, ou ainda pela internet através do site da instituição ( http://www.cvv.org.br/), via chat, VoIP (Skype) e e-mail.

Toda essa estrutura é mantida pelos próprios voluntários, que recebem aproximadamente 1 milhão de ligações por ano.

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Em tempo: Reveja o Papo de Mãe sobre como lidar com as perdas.

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