Como identifiquei meu primeiro filho superdotado…

pmadmin Publicado em 05/12/2011, às 00h00 - Atualizado em 07/06/2016, às 10h36

-
5 de dezembro de 2011


Por Cláudia Hakim

Como toda mãe de primeira viagem, achava a minha filha absolutamente normal e inteligente. Aliado ao fato de que sou uma mãe judia, considere tudo isto em dobro! rs.

Debora nasceu muito grande e pesada, se comparada ao meu tamanho (sou pequena e magra), o que foi a primeira coisa que nela me chamou muito a atenção. Como bebê, ela teve um desenvolvimento absolutamente normal (tirando o fato de que sempre esteve acima de seu peso e tamanho). Mexeu, sentou e andou nas idades normais (o que em geral não acontece com os superdotados, que, por vezes, se antecipam até nestas fases primárias).

Debora começou a falar cedo (por volta de um ano de idade), mas nada que causasse espanto para quem com ela convivia. Ela se concentrava muito nos brinquedos de sua preferência, mas isto, para mim, também era absolutamente normal.

Logo que começou a falar (com um ano), seu vocabulário começou a se mostrar amplo, mas também, nada fora do normal. Como sou advogada e costumo falar corretamente, achei que isto a estivesse influenciando (como de fato estava). Já com um ano e meio, ela sabia o nome de todas as cores, muitos números, nomes e decorava facilmente personagens de seus jogos. Nada de anormal.

Aos dois anos, ela mostrou interesse pelas letrinhas de um de seus livrinhos, então eu comecei a introduzir o alfabeto para ela. Ela mostrou interesse e facilidade em aprender o alfabeto. Com três anos, aprendeu a ler o seu nome, o dos pais, dos avós e de todos os amiguinhos de sua classe, o que eu também achava normal. Com quatro anos, Debora já estava totalmente alfabetizada e escrevia, sem cometer erros de grafia. Foi aí, que a história começou a nos chamar a atenção.

Na época, a psicóloga da escola, nos chamou e nos disse que estava muito preocupada, pois a minha filha aparentava ter PULADO ETAPAS de seu aprendizado. Que ela se comportava como uma criança mais velha e achava que tudo o que ela sabia era fruto de nossos incessantes estímulos. O conselho dela era que parássemos de estimulá-la para que ela tivesse um desenvolvimento normal.

Ficamos assustados, e seguimos o conselho à risca. Todo e qualquer interesse dela por aprendizagem, alfabetização e números era, por nós, ignorado..rs. E não pensem que ela deixou de se desenvolver por conta disto! O desenvolvimento dela continuou em ritmo acelerado (ela tem picos de desenvolvimento intelectual, como pude perceber depois…), mesmo sem a nossa ajuda!

Hoje em dia, eu sei que as crianças, ao começarem a alfabetização, cometem muito erros de ortografia, esperados até para a fase em que estão. Meus filhos, assim que se alfabetizaram (ambos com quatro anos já estavam alfabetizados), começaram a escrever sem erros de grafia.

No ano seguinte, quando ela começou o infantil 4 de sua escola (no ano em que faria 5), as coordenadoras da escola me chamaram a atenção para o fato de que ela estava muito avançada em relação aos seus pares e marcaram uma reunião para conversarmos sobre isto. Neste dia em que marcaram a reunião eu fiquei pensando: “Por que marcar uma reunião para conversar sobre as facilidades da minha filha? Será que ela não está bem ?”. A resposta da coordenadora foi que: “Ela estava muito bem demais !!!”.

Ouvindo isto, entrei na internet e fiz um monte de pesquisas sobre as características da minha filha e todas, todas elas, sem exceção, enquadravam a minha filha como uma criança superdotada. Levei um susto! Não imaginava que a superdotação fosse uma questão tão simples (ao mesmo tempo em que hoje sei que também é muito complexa), tão presente em nosso cotidiano (1 a 5% de nossa população são considerados como superdotados ou talentosos) e tão próxima de nossa realidade!

Quando comentei com o meu marido de que possivelmente minha filha fosse superdotada, ele riu da minha cara. (primeira fase da negação..rs..). Quando comentei que a escola poderia propor uma aceleração de série (pois eu li que era uma das alternativas e propostas pedagógicas para a educação do superdotado era a aceleração de série), ele, novamente, riu da minha cara (segunda fase da negação) e disse que eu estava louca…rs.. Que a filha dele NUNCA IRIA PULAR DE SÉRIE !!!

Pois, quando fomos à reunião, para falar sobre as habilidades da minha filha, tudo aquilo que eu já imaginava começou a se concretizar na nossa frente. As coordenadoras a consideravam muito além de seus pares, com muito potencial de aprendizagem, que enquanto os pares estavam começando a aprender o alfabeto, ela já escrevia sem erros de grafia, e que a sugestão seria acelerá-la, desde que ela fizesse uma avaliação com uma psicopedagoga para avaliar o seu potencial cognitivo, comportamental e o seu estado emocional, frente à sua superdotação e uma possível aceleração.

E fui em busca desta avaliação. A esta altura, depois de muita reflexão e conversas com pessoas da área, meu marido já considerou a possibilidade dela ser acelerada de série. A avaliação demorou dois meses e meio para ser concretizada e com o laudo super detalhado que a profissional nos apresentou, realizado através de várias sessões, com testes de QI, psicológicos, comportamentais e de execução, veio a confirmação daquilo que já sabíamos. Debora era portadora de altas habilidades, possuidora de um QI (testado através de vários testes) altíssimo e a indicação da profissional era que ela fosse acelerada de série.




Superdotados