Tempo seco em São Paulo: otorrinolaringologista dá dicas de como aliviar os sintomas

Médico explica o porquê de o tempo seco impactar tanto a saúde e dá recomendações para diminuir os efeitos em crianças e adultos

Sabrina Legramandi* Publicado em 27/08/2021, às 12h34

Diversos municípios de São Paulo entraram em estado de alerta por conta da baixa umidade relativa do ar -

Se você mora no estado de São Paulo, basta olhar pela janela e a sensação de tempo seco já se mostra evidente. Com uma seca e um calor que vem batendo recordes em pleno inverno – nesta quinta-feira (26), a capital teve previsão máxima de 34 °C, e  diversos municípios do estado registraram índices menores do que 20% de umidade relativa do ar nos últimos dias.

Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ideal é que a medição fique entre 50% e 60%, o que faz com que muitas cidades já estejam em estado de emergência. O impacto dessa seca na saúde é sentido pela maioria das pessoas e os sintomas podem gerar um grande desconforto e, até mesmo, provocar crises de asma.

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Enquanto a chuva não vem, o otorrinolaringologista Jamal Azzam explica os motivos de o tempo seco fazer tão mal à saúde e dá dicas sobre o que deve ser feito para aliviar os sintomas e evitar crises de asma.

Por que a umidade relativa do ar baixa faz mal à saúde?

Jamal Azzam afirma que corpo humano é composto por cerca de 70% de água. Por esse motivo, todas as estruturas precisam de um equilíbrio hídrico para funcionarem corretamente.

Além disso, o médico explica que a respiração normal troca umidade entre o corpo e o ambiente externo, o que faz com que a “secura” do ar entre pelas vias respiratórias.

Quando o ar é muito seco e entra no nariz e nos pulmões, o próprio ambiente 'rouba' a umidade do corpo humano, causando um engrossamento das secreções.” (Jamal Azzam)

Essa “troca”, segundo Azzam, favorece crises de processos alérgicos e inflamatórios e a entrada de vírus, bactérias e fungos. Em casos mais graves, o ressecamento também pode gerar sangramento nasal e causar a predisposição a crises de asma, bronquite ou pneumonia.

Quais são os sintomas do tempo seco? E quando procurar atendimento médico?

Jamal afirma que os sintomas mais comuns da baixa umidade do ar podem ser:

O ideal, segundo o otorrinolaringologista, é buscar atendimento médico caso as medidas de cuidado e de hidratação não funcionem por mais de uma semana.

Por faixa etária, quais são as medidas de cuidado para minimizar os efeitos do tempo seco?

Azamm orienta que, para crianças pequenas, o recomendado é oferecer líquidos o tempo todo. “As crianças pequenas têm maior dificuldade na manutenção da sua hidratação corporal: mesmo sem sede, é necessário oferecer líquidos”, explica.

Além disso, hidratar as vias respiratórias com soro fisiológico, utilizando seringas ou conta-gotas, e fazer inalações também com soro podem amenizar os sintomas nas crianças.

As mesmas recomendações podem ser igualmente aplicadas a adultos e idosos. Para o médico, a prioridade deve ser uma hidratação oral abundante e constante. O indicado é separar uma garrafa para que se possa medir o quanto de água foi ingerido durante o dia.

A cor da urina pode ser um indicativo de que é necessário tomar mais água: se estiver amarelada, é sinal de que o corpo está desidratado. O otorrinolaringologista afirma que, com uma umidade do ar tão baixa, o ideal é hidratar o corpo antes de sentir sede.

Geralmente, a hidratação do corpo é feita de modo reativo, ou seja, a pessoa tem sede e vai lá e toma água. Em momentos de clima seco, é importante fazer o contrário: tomar a água voluntariamente antes de ter sede.” (Jamal Azamm)

Manter umidificadores, toalhas molhadas e bacias de água nos ambientes da casa, de acordo com Jamal, também é essencial. Para a limpagem nasal, é recomendado usar frascos de alto volume e baixa pressão.

Outra orientação importante é evitar atividades físicas em ambientes externos, especialmente entre o horário das 10 até 16 horas. “Esse é o período de maior ressecamento do ar e maior concentração dos poluentes, o que pode predispor as pessoas a mais infecções respiratórias”, finaliza Azamm.

*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe

Assista ao programa do Papo de Mãe sobre doenças respiratórias:

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